Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
GREVE DOS ENFERMEIROS
10.07.2013 | 07h37 Tamanho do texto A- A+

Hospitais atendem apenas casos de urgência e emergência

Cirurgias eletivas e novas internações foram suspensas nas unidades particulares

Mary Juruna/MidiaNews

Presidente do Sindessmat, José Ricardo de Mello: "O direito à vida é maior do que o direito de greve"

Presidente do Sindessmat, José Ricardo de Mello: "O direito à vida é maior do que o direito de greve"

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Os pronto-atendimentos dos hospitais particulares e filantrópicos de Cuiabá irão atender apenas casos de urgência e emergência, a partir das 7h desta quarta-feira (10).

Cirurgias eletivas já foram suspensas nas unidades, que também estão evitando realizar novas internações, por falta de equipe em número suficiente.

Os diretores alegam descumprimento, por parte dos técnicos de enfermagem em greve desde o dia 1º de julho, do percentual mínimo de funcionários em serviço, determinado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT).

Na sexta-feira (5), o tribunal determinou que, durante a greve, apenas 30% dos técnicos deveriam se manter atuando nas áreas abertas (PAs, centros cirúrgicos, enfermarias, apartamentos) e 50% nas áreas fechadas (Unidades de Terapia Intensiva).

"Estamos pedindo à população para não procurar os nossos PAs, pela dificuldade de atendimento por parte dos técnicos de enfermagem"

De acordo com o presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Mato Grosso (Sindessmat), José Ricardo de Mello, da forma como está, é “impossível” os hospitais se manterem de portas abertas.

“Estamos pedindo à população para não procurar os nossos PAs pela dificuldade de atendimento por parte dos técnicos de enfermagem, porque com 30% de pessoal fica difícil manter os hospitais funcionando”, afirmou.

Ao MidiaNews, Mello alegou que a medida foi necessária para evitar a queda nos atendimentos oferecidos aos pacientes.

“Tomamos essa decisão hoje. Estamos adequando os atendimentos para não colocarmos em risco a vida do paciente, porque nós estamos vivendo um caos. O técnico de enfermagem é quem cuida do doente, dá a medicação, que tem a relação direta com o paciente”, disse.

Segundo Mello, por mês, a média de pacientes atendidos nos pronto-atendimentos dos hospitais de Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis – onde a greve foi deflagrada – é de aproximadamente oito mil pessoas por mês.

Já o número de cirurgias eletivas suspensas em uma unidade de saúde do porte do Hospital Santa Rosa, em Cuiabá – do qual ele é diretor – chega a 30 por dia.

“Estamos fazendo, no máximo, 10 cirurgias por dia. Ainda assim, estamos priorizando apenas urgência e emergência, que não podem esperar, não podem ser adiadas. Isso está gerando muito transtorno, mas não temos o que fazer. Da forma como está, inviabiliza o hospital”, disse.

"Isso está gerando muito transtorno, mas não temos o que fazer. Da forma como está, inviabiliza o hospital"

“A população está reclamando, está sentindo, porque há uma diminuição da qualidade no atendimento aos pacientes nos hospitais. E os profissionais que estão trabalhando estão cansando. E o que eu posso fazer por eles?”, completou.

José Ricardo Mello afirmou que o Sindessmat apenas irá orientar os hospitais a retomarem o atendimento normal nas unidades particulares e filantrópicas durante a greve, caso o TRT refaça o cálculo de percentual mínimo de técnicos de enfermagem que devem ser mantidos trabalhando nas unidades.

Para o sindicato, o percentual mínimo para garantir o atendimento e as portas dos hospitais abertas seria de 70%.

“Queremos que seja refeito o número de funcionários compatíveis com a necessidade dos hospitais. Nós temos um risco nas mãos e responsabilidade com as pessoas que estão nas nossas instituições e com as pessoas que estão por vir. E eu tenho que fazer o que for possível, dentro da minha realidade”, disse.

Negociação


O presidente do Sindessmat defende que a entidade não abra mão da realização de uma negociação dentro dos parâmetros que já foram fechados em outros estados do país.

De acordo com Mello, a reivindicação do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem (Sinpen), de que os salários sejam aumentados em cerca de

"Não abro mão da minha opinião de que o direito à vida é maior do que o direito de greve"

20% (o que representara um salário de R$ 1 mil) é muito alta, em relação à média do país.

Por isso, segundo ele, as instituições oferecem um aumento de 7% - passando o salário de R$ 827 para R$ 885,51 –, que é a média do que está sendo oferecida em todo o país.

“Achamos que o nosso piso é um dos maiores do Brasil e a nossa proposta de reajuste é dentro da realidade do que nós podemos pagar. Nós estamos no mês de negociação. Sair da realidade dessa forma, pedindo 20% de aumento, não dá. Detalhe que hospital nenhum recebeu nenhum reajuste dos convênios neste ano. E nós estamos desde março negociando com os convênios. Nem por isso nós paramos de atender”, afirmou.

Ao todo, há três mil estabelecimentos envolvidos na convenção coletiva em andamento, entre laboratórios, clínicas, consultórios médicos e hospitais. Apenas em Cuiabá e Várzea Grande, há 15 hospitais da rede privada que estão sendo diretamente afetados pela greve.

“Não abro mão da minha opinião de que o direito à vida é maior do que o direito de greve”, disse o presidente do Sindessmat.

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13 Comentário(s).

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Gislaine  11.07.13 12h04
Quantos milhões por ano os hospitais particulares faturam? Não houve reajuste este ano dos convênios, porém olhem as tabelas pagas ao hospital. por vezes poucos pacientes pagam o salário de vários meses dos profissionais de enfermagem, que são desprezados pelas outras categorias. Um técnico esta a beira de receber um salário mínimo, e justo? Os donos destas instituições só querem lucro e exploração da mão de obra a preço de banana e ainda tratam a enfermagem como a escoria do hospital. Greve já, que a população entenda que e a única arma que temos para reivindicar melhores salários carga horária adequada e melhores condições de trabalho. Quando os médicos paralisam por melhores honorários e quando os hospitais deixam de atender a população de determinado convênio porque estão pagando pouco as pessoas também são prejudicadas. Estamos de olho!
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josé  10.07.13 17h59
Os hospitais pagam UMA MISÉRIA PARA ENFERMEIROS E TÉCNICOS. A GREVE É JUSTA.
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luiz carlos  10.07.13 15h12
Existem médicos patrões empresários e médicos prestadores de serviços e empregados, que é uma diferença enorme. Uma boa assistência hospitalar requer números suficientes de empregados, com valorização de suas funções, dignidade reconhecida pelos patrões, um salário compatível com suas atividades e um descanso que possa repor as perdas físicas e emocionais que venha ter durante as atividades. Lidar com vidas realmente é importante e preservar vidas muito mais, inclusive dos que atuam em atividade tão sublime como a saúde.
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manoela   10.07.13 13h09
Muito me admira o senhor patrão,falar sobre direito a vida,e a nossa qualidade de vida quem vê por nós? Só através dessa manifestação vamos conseguir alguma coisa. A GREVE CONTINUA, PATRÃO A CULPA É SUA.....
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Samira Nassarden  10.07.13 11h50
"O técnico de enfermagem é quem cuida do doente, dá a medicação, que tem a relação direta com o paciente". Conforme citado na entrevista concedida ao MidiaNews, a enfermagem tem relação direta com o paciente e assume grande responsabilidade no processo de restabelecimento da saúde do mesmo. A greve reflete a desmotivação, a insatisfação do profissional de enfermagem diante de tamanha desvalorização profissional. Se hoje a saúde está um caos, imagina se os profissionais de enfermagem comecem a abandonar a profissão e atuar em outras áreas? E se as faculdades de enfermagem, comecem a ter menas demanda?? Quem assumirá este cuidado? É inquestionável o fato de que, o profissional de enfermagem com uma carga horária de trabalho menor, um salário mais digno terá mais condições de oferecer melhor qualidade da assistência oferecida a população.
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