LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
O Comitê Organizador Local (COL), responsável pela organização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil juntamente com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) negou, mais uma vez, que tenha algum receio de que a Arena Pantanal não seja concluída até dezembro deste ano e que isso resulte na exclusão de Cuiabá da lista de sedes do Mundial.
As afirmações foram feitas pelo gerente de Comunicação do COL, Nelson Ayres, durante apresentação realizada para a imprensa mato-grossense na sede da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), sobre detalhes da organização e legado proporcionados pelo evento no Brasil.
“Temos engenheiros nossos acompanhando o andamento das obras de todas as arenas. Engenheiros nossos, do COL, não da Secopa. E eles nos dizem que a obra será concluída até dezembro. Não tem essa história de que a Arena não estará pronta para a Copa do Mundo. Se houvesse esse temor, não estaríamos vendendo ingressos”, afirmou.

"Não tem essa história de que a Arena não estará pronta para a Copa do Mundo. Se houvesse esse temor, não estaríamos vendendo ingressos"
De acordo com Ayres, o fato da Fifa cobrar a finalização a obra até o final deste ano não significa que a cidade perderá o status de sede, mas se trata de um respeito ao cronograma criado pela entidade para a realização de eventos-testes no estádio.
“Precisa estar pronto em dezembro não porque você será cortado, mas para a realização do maior número de testes possíveis. Vamos realizar eventos [nas arenas] de fevereiro até maio. Queremos que sejam realizados o máximo de jogos possíveis, para que os estádios sejam testados até quinze dias antes do início da Copa do Mundo, quando a Fifa assume o controle operacional do estádio”, disse.
Segundo o gerente, a recomendação do COL é para que sejam realizados, no início, jogos pequenos, sem uso da capacidade total do estádio, a fim de que pequenos imprevistos possam ser corrigidos antes dos grandes jogos – também de teste – serem promovidos pelo COL e pela Fifa em abril e maio de 2014.
“Recomendamos que o estádio seja inaugurado com um jogo mais simples, de operários, a fim de ver o que precisa ser corrigido, porque algo sempre dá errado”, afirmou.
Investimento e legadoO gerente afirmou que, para a realização da Copa do Mundo no Brasil, a Fifa está injetando mais de US$ 800 milhões de dólares no país e que as novas arenas construídas no Brasil já mostraram que terão uso após a realização do Mundial, baseado nos números alcançados após seu uso na Copa das Confederações.

"As novas arenas tiveram um aumento na média de público após a Copa das Confederações da Fifa, com uma média de público semelhante à do Campeonato Espanhol"
Dados apresentados pelo COL, referentes à outubro deste ano, apontam que já foram realizados 100 jogos nas seis arenas inauguradas, que somaram um público de 2,3 milhões, com média de 23,4 mil torcedores por partida, gerando uma receita de R$ 103.826.350,66.
“As novas arenas tiveram um aumento na média de público após a Copa das Confederações da Fifa, com uma média de público semelhante à do Campeonato Espanhol”, disse Ayres.
Conforme Ayres, após a realização do Mundial de Futebol na Alemanha e na África do Sul, foram percebidos como legados para os países o aumento do orgulho da nacionalidade por parte dos habitantes e da confiança no governo e nos administradores das cidade-sedes.
Além disso, segundo ele, foram potencializados os setores de turismo e de infraestrutura das cidades, que ganharam projetos de mobilidade urbana e hoje recebem mais visitantes do que antes da realização dos Mundiais da Fifa.
“O Brasil ainda não explora a indústria do turismo. Hoje o Brasil recebe 5,5 milhões de turistas ao ano, o que é menos do que a cidade de Nova York recebe. É um número que está abaixo do que a gente pode. A África do Sul, depois da Copa do Mundo, recebe 11 milhões de turistas por ano”, afirmou.
Quebrando recordesAyres afirmou, ainda, que é normal haver ceticismo e desconfiança por parte da população das cidades que serão sedes do evento, antes do início do Mundial.
Ele destacou, porém, que o Brasil está quebrando recordes até o momento – seja na busca por ingressos quanto por busca de credenciamento por parte da imprensa – e que a visão dos habitantes irá mudar quando o campeonato tiver início.
GCP
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Projeto mostra concepção da Arena Pantanal
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Até o momento, já foram registrados no COL dois mil pedidos de credenciamento – o que é mais do que o havia sido esperado pelo comitê. Além disso, enquanto os fan fests de 2010 registraram 6,1 milhões de torcedores, a Fifa espera um número pelo menos 10 vezes superior no Brasil.
“Nós temos 60 milhões de brasileiros que demonstraram interesse em participar do Fifa Fan Fest 2014”, disse.
De acordo com o gerente, o sorteio que acontece em dezembro para definição de onde cada uma das 32 seleções irá jogar acaba por colocar todas as cidades “no ritmo da Copa”.
“O sorteio é um marco para a operação da Copa, com a definição das chaves das 32 seleções, onde elas vão ficar, onde vão jogar, como será feito o deslocamento nas cidades e a mobilidade dos torcedores”, exemplificou.
Estruturas provisóriasAyres explicou, ainda, a razão pela qual tantas estruturas provisórias são montadas pela Fifa para a Copa do Mundo, em especial nas próprias arenas, onde os centros de mídia, destinados aos profissionais da imprensa, terão capacidade para reunir aproximadamente dois mil jornalistas.
“Tratam-se de estruturas provisórias, complementares, porque se trata de uma demandada apenas da Copa do Mundo. Em jogos comuns, não há essa procura. Se fossem construir um centro de mídia desse tamanho como estrutura permanente no estádio, o custo seria ainda maior”, explicou.