LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Na mira de um inquérito civil instaurado pelo Ministério Público Estadual (MPE), o Viaduto da UFMT foi avaliado como dentro das normas de segurança pelos engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-MT).
A obra, que integra o pacote para implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Grande Cuiabá, apresentou problemas na execução de pilares e passou por correção para garantir o nivelamento entre as três faixas do elevado - por onde passarão os veículos (pistas marginais) e o Veículo Leve sobre Trilhos (pista central).
A falha foi de responsabilidade do Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, formado pelas empresas Santa Bárbara, CR Almeida, CAF Brasil Indústria e Comércio, Magna Engenharia Ltda. e Astep Engenharia Ltda.

"Todos os pilares da obra apresentaram problemas"
Por solicitação do promotor de Justiça Clóvis de Almeida Júnior, do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa, membros da equipe multidisciplinar do Crea-MT foram à obra fiscalizar
in loco os problemas apresentados.
Ao
MidiaNews, o engenheiro civil André Luiz Schuring, que participou da vistoria, afirmou que "todos os pilares da obra apresentaram problemas", no entanto, quatro deles tiveram irregularidades “mais proeminentes” e precisariam ser demolidos para garantir a segurança da obra.
“Foi um erro aleatório em que cada pilar apresentava uma não conformidade com o projeto. Esses pilares estavam numa cota diferente do que estava previsto [o que interfere na altura da viga]. Isso ocasionava que a plataforma, a viga por onde o carro ia passar, poderia estar abaixo ou acima, causando um desnível e dificultando essa passagem”, explicou.
O engenheiro ressaltou que houve desnível em boa parte dos pilares, variando de 60 cm a 65 cm – para baixo ou para cima da cota [altura] prevista – e que não se trata de um erro que passaria “batido” pelo consórcio.

"A técnica apresentada ao Crea foi estimada por nós como suficiente para garantir a correção do problemas"
Os problemas apresentados pelos demais pilares, porém, foram resolvidos com pequenos ajustes feitos na base das estruturas.
Schuring ainda salientou que a falha não se encontrava no projeto, mas sim na execução da obra e que já foi corrigida.
“A técnica apresentada ao Crea foi estimada por nós como suficiente para garantir a correção do problemas. Eles demoliram parcialmente os quatro pilares e fizeram uma complementação de ferragem. O problema lá está resolvido”, afirmou.
Segundo o engenheiro, o consórcio apresentou todo o trabalho realizado para suprir os erros encontrados e que o papel do conselho foi verificar o que foi efetivamente feito “para garantir que a obra não irá apresentar problemas futuros”.
“Os pilares que tiveram problemas mais proeminentes atualmente já foram demolidos e refeitos na cota prevista em projeto. Não há risco e nem problema algum mais naquela obra”, disse.
InquéritoO relatório técnico do Crea-MT será enviado ao MPE, para integrar o inquérito civil instaurado para investigar a obra.
Almeida Júnior afirmou que a Secopa foi interpelada e encaminhou a documentação exigida pelo MPE, sobre tudo o que o consórcio estava fazendo na obra, e que aguarda apenas o laudo da equipe de fiscalização para concluir o inquérito.

"Não há risco e nem problema algum mais naquela obra"
“Eu dependo do laudo técnico, feito por peritos em engenharia. O que ele disser, nós vamos colocar nas intervenções. O Crea informando que o que o consórcio fez resolveu o problema, ótimo. Se ele indicar alguma outra medida, nós vamos notificar o consórcio para que ele tome as providências. Se eles acolherem as determinações do MP, está tudo resolvido. Se não, a gente judicializa. Mas, a intenção é resolver tudo de forma administrativa”, disse.
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