Cuiabá, Domingo, 15 de Junho de 2025
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Policlínica e UPA atenderão casos de emergência na Copa

Pressão deverá ser maior sobre a rede privada, diz coordenador da Câmara Temática

Tony Ribeiro/MidiaNews

Policlínica do Verdão deverá ser referência de atendimento durante a Copa

Policlínica do Verdão deverá ser referência de atendimento durante a Copa

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Cuiabá deverá ter duas unidades como referências de atendimento imediato na saúde pública para os turistas durante a Copa do Mundo, que será realizada em junho e julho deste ano. Ambas são alvos constantes de reclamações por parte dos usuários: a Policlínica do Verdão e a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Morada do Ouro.

Os locais estão permanentemente lotados de pacientes que buscam atendimento médico com menor complexidade. A exceção fica para os casos de acidentes e disparos de armas de fogo.

A medida está prevista no Plano Operativo montado por uma câmara temática, constituída de representantes de diversos setores, como segurança, saúde pública municipal e estadual e saúde privada, e aprovada pelo Poder Público para ser colocada em prática durante o Mundial.

Uma das maiores preocupações da população quanto à realização da Copa em Cuiabá é em relação ao pleno funcionamento de setores básicos e essenciais, como transporte, segurança e saúde pública, principalmente quando tais áreas já são tão deficitárias para atender bem apenas aos 600 mil habitantes locais.

A área de saúde mesmo é alvo de reclamação constante por parte dos usuários – seja pela demora no atendimento ou pela dificuldade em se conseguir medicamentos, exames e cirurgias –, mas os organizadores do evento garantem que, se tudo ocorrer como o planejado no manual de mais de 100 páginas (em anexo), não há razões para esse setor entrar em colapso.

Tony Ribeiro/MidiaNews

UPA Morada do Ouro: outra referência para a Copa, local enfrenta superlotação diariamente

Segundo o coordenador da Câmara Temática de Saúde durante o evento, o médico Fábio Liberalli, além das duas unidades que serão referência no atendimento ao turista, a atenção secundária também irá contar com o apoio do setor em Várzea Grande, para impedir a sobrecarga na área de saúde da Capital, como já acontece atualmente.

“A UPA de Várzea Grande está prevista para abrir antes da Copa e as policlínicas de Várzea Grande, que hoje não funcionam durante a noite e aos fins de semana, ficarão em funcionamento durante 24h para atender à população local, que hoje precisa vir à Cuiabá em busca de atendimento nesses períodos”, disse.

A atenção secundária também depende do reforço do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), com a disponibilização de mais ambulâncias e montagem de uma sala de crise para monitoramento da situação em toda a Baixada Cuiabana.

Já a atenção terciária oferecida aos turistas (casos de internações, por exemplo) deverá contar com três hospitais como referência – dos quais um ainda não está pronto: o Metropolitano, em Várzea Grande; o Júlio Müller, em Cuiabá; e o São Benedito, também na capital, que está sendo erguido pelo Município na Avenida São Sebastião.

“A saúde pública está preparada. O Hospital Metropolitano, que hoje atende apenas de forma eletiva (pacientes marcados) passará a ser de portas abertas para pronto-atendimento durante o evento e o Hospital São Benedito deverá ser concluído até o final de maio”, afirmou Liberalli.

Tony Ribeiro/MidiaNews

Hospital São Benedito, que deverá entrar em funcionamento durante o Mundial

Ao todo, segundo o coordenador, a Capital irá contar com 214 leitos para o atendimento aos pacientes que dependerem da saúde pública local. Isso, segundo ele, será suficiente para Cuiabá atender aos 120 mil turistas estrangeiros e nacionais que espera durante o evento.

Além disso, o Governo do Estado deve instalar postos médicos avançados de saúde (atenção básica) nos locais onde a aglomeração de pessoas será maior, como no entorno da Arena Pantanal, no Fifa Fan Park, nos Centros Oficiais de Treinamento (COTs) e em pontos estratégicos da cidade, como os municípios de Chapada dos Guimarães, Poconé, Nobres e na região do Manso.

“Isso tudo será suficiente, até porque, durante o evento, estima-se que 95% da demanda seja por serviços de pronto-atendimento e, para isso, estamos com toda a rede pública e privada mapeada”, afirmou.

De acordo com Liberalli, a expectativa é de que haja um aumento de 50% sobre a demanda de saúde já existente na Capital e quem deverá sofrer mais pressão por atendimento não é a rede pública, mas o setor privado.

“Mais de 80% dos turistas estrangeiros e nacionais viajam com convênios [planos de saúde] ou seguro saúde. A rede privada é a que mais será pressionada durante o evento e sabe disso, tanto que tem investido em aumento de leitos e participado de capacitação de plano de crise hospitalar com o Governo Alemão. Eles terão capacidade para atender a demanda”, afirmou.

"Mais de 80% dos turistas estrangeiros e nacionais viajam com convênios [planos de saúde] ou seguro saúde. A rede privada é a que mais será pressionada durante o evento e sabe disso"

“Batata Quente”


Com o “rojão” nas mãos, o setor privado assegura que todo o planejamento está pronto para garantir o atendimento dos turistas - principalmente os estrangeiros, que viajam assegurados por planos internacionais de saúde ou seguro-reembolso (pagam em dinheiro e são ressarcidos pela seguradora).

Segundo a diretora-executiva do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Sindessmat), Patrícia West, os hospitais particulares da Baixada Cuiabana já estão em processo de ampliação independente do fator Copa .

“Já estávamos nesse processo de ampliação de leitos até pelo aumento da demanda local, até porque não recebemos benefícios ou incentivos fiscais do governo por causa da Copa”, disse.

West afirmou que o setor privado montou um plano de atendimento para que turistas e população local não fiquem sem atendimento durante a Copa, modelo esse que, se der certo, poderá ficar como legado após a Copa.

"A responsabilidade pelo atendimento à população em geral é 100% do setor público. A saúde privada é complementar"

“Teremos uma parceria com o Samu para que sejam distribuídos radiocomunicadores aos hospitais particulares. Se o paciente socorrido contar com plano ou convênio saúde, o Samu já vai procurar na rede privada quem poderá realizar o atendimento, uma espécie de regulação do setor privado de saúde. Hoje, isso só existe no setor público”, explicou.

De acordo com West, já houve conversas e acordos diretos fechados entre vários hospitais da Baixada Cuiabana e planos ou seguradoras internacionais de saúde. Esses hospitais, por sua vez, irão disponibilizar ao Samu a relação de convênios atendidos, para que a distribuição do paciente possa ser feita no momento do resgate.

“Apenas aqueles turistas que não contarem com seguro ou plano de saúde serão encaminhados ao setor público. Mas temos de ressaltar que a responsabilidade pelo atendimento à população em geral é 100% do setor público. A saúde privada é complementar”, disse.

Dados atualizados pela última vez em outubro de 2013 apontam que, somente em Cuiabá, a rede particular de saúde disponibiliza 1.155 leitos – entre enfermaria, apartamentos, Unidades e Centros de Terapia Intensiva (UTIs e CTIs), vagas neonatais, infantis e adultas. A expectativa é de que esses números sejam maiores até o Mundial.

Tony Ribeiro/MidiaNews

Hospital Metropolitano: mudança de operação e referência durante a Copa

“Esperamos que eles não sejam utilizados, até porque não teremos todos os leitos vazios apenas para os jogos. Já há pacientes internados. Mas estamos preparados e capacitados para atender a demanda. Há planejamento para isso”, afirmou.

Ocorrências mais esperadas


Tanto West quanto Liberalli são categóricos ao afirmar que os casos mais esperados entre os turistas – principalmente os estrangeiros – são de incidentes causados principalmente pela mudança de clima e de alimentação.

“Os maiores riscos são desidratação, devido ao forte calor na Capital, e a chamada ‘diarreia do viajante’, porque ele [turista] altera toda a sua alimentação”, disse Liberalli.

Segundo o coordenador, a prevenção é o principal mote do Plano Operativo de Saúde para a Copa e é por isso que envolve outros setores, como farmácias – que terá guias para serem distribuídos aos turistas com o mapeamento das redes públicas e privadas de saúde – e taxistas, que serão orientados para onde levar o turista que necessite de atendimento médico.

"Durante o evento, estima-se que 95% da demanda seja por serviços de pronto-atendimento e, para isso, estamos com toda a rede pública e privada mapeada"

“A Vigilância Sanitária também está fazendo um trabalho forte de fiscalização da qualidade dos alimentos dos restaurantes, hotéis e ambulantes para evitar contaminação. E contamos com apoio do aparato público de segurança para diminuir as causas externas de demanda, como acidentes de trânsito e violência com arma de fogo”, explicou.

Liberalli afirmou que o plano é estudado desde 2011 e ainda inclui a prevenção de doenças infectocontagiosas, a diminuição dos casos de dengue no Estado e a entrega aos turistas, a partir do momento em que eles desembarcarem na Capital, de guias completos que estimulam a vida saudável e dão orientações gerais sobre cuidados que devem ser tomados e a legislação brasileira.

“Trata-se de um guia de bolso que vai contar, por exemplo, com quais cuidados eles devem ter com as comidas locais, por exemplo o pequi, e os cuidados que devem tomar com insolação, desidratação. Também haverá as principais leis brasileiras que devem ser respeitadas, como a Lei Seca, a Lei Maria da Penha, a proibição de ingestão de bebida alcoólica acompanhado de crianças”, disse.

Confira em anexo a íntegra do Plano Operativo da Saúde para a Copa do Mundo.



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Caio Oliveira  26.03.14 19h01
TEM QUE PERDER ANTES DA OITAVAS DE FINAL. O POVO BRASILEIRO PRECISA DESALIENAR-SE DO FUTEBOL E CARNAVAL, PRECISA SABER PARTICIPAR E EXIGIR MAIS SAÚDE, EDUCAÇÃO, SEGURANÇA E PRISÃO PARA CORRUPTOS... FUTEBOL NÃO ENCHE BARRIGA DE NINGUÉM, ENQUANTO O TROUXA ESTÁ GASTANDO COM INGRESSO, OS JOGADORES DESFRUTAM DE MULHERES FRUTAS, ATRIZES, MANSÕES E CARRÕES, E OS TROUXAS COMENDO ARROZ COM OVO EM CASA E ANDANDO DE BUSÃO... ENQUANTO OS TROUXAS BRIGAM NAS RUAS, OS JOGADORES BRIGAM PARA SE EXIBIREM MAIS E MAIS SEUS SALÁRIOS MILHIONÁRIOS...
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katherine  25.03.14 16h53
Nao consegue nem atender a demanda da região , quem dirá de turistas que veem p a tal copa . VAMOS PARA AS RUAS REIVINDICAR NOSSOS DIREITOS !
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Paulo Cesar  24.03.14 13h28
Isso é Brasil, um pais de Tolos!!!
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eduardo  23.03.14 23h08
Sinceramente eu não sei de que planeta esses nossos governantes saíram, que bizarrice essa meu DEUS, aonde já se viu colocar postos de atendimento que são emergenciais e diga de passagem sem estrutura nenhuma affffffffffffff, estou indignado com os políticos é não é de hoje......Darei um aviso aos gringos, por favor não venham pois se precisarem de atendimento médico te darão novalgina e mandaram para o hotel......Corram quando ainda não precisam de atendimento......
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Tadeu Mucio da Silva  23.03.14 18h00
Plano operativo com 169 páginas e mais de 100 ações. Vai dar tempo? Em 3 anos dava para fazer... Quantas ações propostas já foram colocadas em pratica? Secretários de saúde de Cuiabá, Várzea Grande e Estado a batata tá assando no colo de vcs.
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