LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO
O deputado federal Pedro Henry (PP) rompeu com o candidato a prefeito de Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá), empresário Francis Maris Cruz, o “Francis da Cometa” (PMDB).
O motivo do rompimento é a recusa do deputado em dividir o palanque com o atual prefeito do município, Tulio Fontes (DEM), que também está no arco de alianças do peemedebista.
Com o racha, Henry acabou desfalcando o palanque do candidato do governador Silval Barbosa (PMDB) e, consequentemente, fortalecendo o adversário, médico Leonardo Albuquerque (PSD).
Principal cacique político da região de Cáceres, Henry deve levar consigo um grande número de candidatos a vereador que estão na base apoio de Francis.
Em entrevista ao
MidiaNews, o deputado informou que sua decisão teve o apoio dos principais líderes do seu partido no município, além do PR, PSDC e PTB.
“Como não construí essa aliança sozinho, não podia romper sem conversar com esses partidos aliados. E eles não só me apoiaram, como também me estimularam a deixar essa aliança”, afirmou. O deputado destacou que a decisão é pessoal, já que não pode mais, legalmente, retirar o PP da coligação.
A situação dos candidatos a vereador do PP e dos partidos que se recusam a coligar com Fontes ainda não está definida – segundo Henry, ainda não foi discutido se eles continuarão com Francis, se adotarão uma postura independente ou apoiarão outro candidato. “No fim de semana, estarei em Cáceres. Vou me reunir com os candidatos e trataremos sobre esse assunto”, afirmou o deputado, que está em Brasília.
“Mas, alguns vereadores já colocaram que passaram quatro anos fazendo oposição ao Túlio Fontes e não acham coerente estar no mesmo arco de alianças que ele”, disse.
Em nota à imprensa, Henry afirmou que o apoio de seu partido a Francis foi condicionado ao “veto, no âmbito municipal, às alianças com o DEM, PDT e PT, por entender o malefício que esses partidos provocaram ao nosso município nos últimos anos”.
O peemedebista chegou a retirar o DEM da sua coligação, para atender a vontade de Henry. No entanto, isso foi feito depois do prazo permitido pela Justiça Eleitoral, de modo que a Justiça manteve a sigla no arco de alianças.
Ainda segundo a nota, a aliança com o DEM de Tulio Fontes acabou “violando covardemente o que havia sido pactuado no período das convenções, não permitindo dessa forma que o meu partido e os demais partidos aliados pudessem reposicionar-se”.
De acordo com o registro na Justiça Eleitoral, a coligação “Cáceres no Rumo do Desenvolvimento”, que tem Francis como cabeça-de-chapa e Eliene Liberato (PSDB) como candidata a vice-prefeita, é composta pelos partidos PP, PTB, PMDB, PSC, PR, DEM, PSDC e PHS.
RivalidadeHá 12 anos, as famílias Henry e Fontes se revezam no comando político de Cáceres.
Em 2009, Túlio Fontes conseguiu assumir a Prefeitura, após a cassação do registro de candidatura de Ricardo Henry (PP), irmão de Pedro, que havia sido reeleito.
Ele foi cassado por ter contratado 380 pessoas sem concurso público, durante o período eleitoral. Com isso, Fontes, que era o segundo no pleito, assumiu a prefeitura.
Leia a íntegra da nota de esclarecimento emitida por Pedro Henry:Pedro Henry, Deputado Federal e Presidente Regional do Partido Progressista, vem a público, esclarecer à Sociedade Cacerense sua preocupação com o futuro político e administrativo do município, principalmente, em decorrência do isolamento político e má gestão impostos nos últimos quatro anos.
Durante todo o período pré-eleitoral me esforcei pessoalmente para que as duas candidaturas a Prefeito de Cáceres tanto do PMDB quanto do PSD pudessem apresentar-se de forma unida e caminhassem em conjunto para um consenso e convergência, pois entendia que o momento político do município assim o exigia.
Lamentavelmente, todos os meus apelos e esforços foram em vão. Diante da falta de consenso durante a realização da Convenção Municipal do nosso Partido em Cáceres, foi encaminhado o apoiamento à candidatura majoritária do candidato do PMDB à Prefeitura Municipal da cidade.
Como condição de apoio foi condicionada, única e exclusivamente, o veto, no âmbito municipal, às alianças com o DEM, PDT e PT, inexistindo qualquer outro condicionamento de apoio, por entender o malefício que esses partidos provocaram ao nosso município nos últimos anos, em decorrência disso justificamos nosso desejo de distanciamento.
Diante de especulações de aliança com o DEM, alardeadas no período que antecede o registro das respectivas Atas das convenções partidárias, contatei pessoalmente por telefone o candidato a prefeito do PMDB que me garantiu que o assunto estava resolvido e que a aliança inexistia.
No final de semana último, fui informado de decisão judicial que mantinha a aliança entre o PMDB e o DEM (atual administração) no município de Cáceres, violando covardemente o que havia sido pactuado no período das convenções, não permitindo dessa forma que o meu partido e os demais partidos aliados pudessem reposicionar-se. Diante dessa quebra contratual, comunico à Sociedade Cacerense a minha decisão de não participar da campanha majoritária do candidato do PMDB, partido ao qual o Partido Progressista está coligado por questões legais. Não me sinto compromissado politicamente a essa candidatura pelo motivo de ruptura unilateral de acordo de veto de aliança praticado pela direção do PMDB de Cáceres.
Reafirmo meu compromisso com a população de Cáceres de continuar lutando para o desenvolvimento do nosso município, através do mandato de Deputado Federal a mim conferido na eleição passada, como sempre fiz em toda minha vida pública, mas me nego a participar de aliança com quem descumpre o que acorda.