Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
ELEIÇÕES EM CÁCERES
Tamanho do texto A- A+

Grupos de Henry e Fontes brigam; PSD pode surpreender

Médico Leonardo Albuquerque desponta como líder das intenções de voto

Divulgação

Adriano, Fontes, Kishi e Leonardo: em Cáceres, disputa é entre dois grupos políticos

Adriano, Fontes, Kishi e Leonardo: em Cáceres, disputa é entre dois grupos políticos

LAÍSE LUCATELLI
DA REDAÇÃO

Em Cáceres (225 km a Oeste de Cuiabá), o quinto maior colégio eleitoral de Mato Grosso, a disputa pode se polarizar entre o atual prefeito, Túlio Fontes (DEM), e a oposição encabeçada pelo cacique Pedro Henry (PP).

Por outro lado, o vice-prefeito, Wilson Kishi (PDT), se prepara para entrar na disputa e se apresenta como a "terceira via". Os tucanos e petebistas também não querem ficar de fora do pleito. De fato, a cidade vivencia uma verdadeira inflação de candidatos.

Túlio Fontes conseguiu assumir a prefeitura, após a cassação do registro de candidatura de Ricardo Henry (PP), que havia sido reeleito. O irmão do deputado federal Pedro Henry foi cassado por ter contratado 380 pessoas sem concurso público, durante o período eleitoral de 2008. Com isso, Fontes, que era o segundo no pleito, assumiu a prefeitura.

O prefeito chega ao final do seu mandato com pouco fôlego político para disputar a reeleição, pois alguns partidos aliados já estão pulando do barco. PDT, PSDB e PTB ensaiam candidatura própria. O PT permanece firme ao lado do prefeito, mas é impedido pela executiva nacional de indicar o vice e formar uma chapa com o candidato do DEM, que é adversário do Governo Dilma Rousseff (PT).

As constantes disputas com os Henry também atrapalham a gestão. Túlio acusa Ricardo Henry de ter entregue obras mal-feitas e deixado a prefeitura endividada. Diz, ainda, que Pedro Henry não se esforça para levar recursos para o município, nem como deputado federal, tampouc como secretário de Saúde, cargo que exerceu até fevereiro deste ano.

Os desafetos vêm se revezando na prefeitura do município há 12 anos. Eleito prefeito em 2000, Túlio Fontes perdeu a reeleição para Ricardo Henry em 2004. Reeleito, Henry foi cassado e Fontes assumiu o comando.

O democrata ficou em segundo lugar em 2008, e continua estacionado nessa posição. As pesquisas de intenção de voto apontam o médico Leonardo Albuquerque (PSD) na liderança, e o atual prefeito vai ter trabalho para conseguir a reeleição.

Oposição

A família Henry e o PMDB do governador Silval Barbosa se organizam para montar um “grupão de oposição”, englobando o PP, PMDB, PSDC e PSD. O bloco trabalha para lançar um único candidato e, assim, fazer frente a Túlio Fontes.

Porém, pelo menos seis postulantes despontam como pré-candidatos nesse arco. No PSD, há consenso em torno da candidatura do médico Leonardo Albuquerque (PSD), embora o partido ainda não tenha oficializado o nome dele.

No PMDB, são cinco pré-candidatos: o reitor da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), professor Adriano Silva, o empresário Francis Maris, o empresário Tato Giraldelli, o “Tato Embalagens”, além do servidor público Renato Fidelis. Até mesmo o secretário-chefe da Casa Civil, José Lacerda, é apontado como possível concorrente.

Embora a preferência da cúpula estadual seja pelo reitor, Adriano já dá sinais de que pode recuar da disputa. Ele teme renunciar ao mandato de reitor e ser rejeitado por isso.

“Houve resistência na Unemat, fizeram um abaixo-assinado pedindo para eu continuar. A comunidade acadêmica teme que minha saída possa desestrutura a universidade, e se mostrou contrária à minha candidatura a prefeito, e isso se refletiu na cidade”, ponderou Adriano, em entrevista ao MidiaNews.

Ele afirmou que continua no páreo pela vaga de candidato a prefeito, mas já admite que pode mudar de ideia. "Se for preciso, eu vou para o sacrifício", assegurou. Para sair candidato, Adriano precisa renunciar ao mandato de reitor até o dia 6 de junho.

Ele apontou, como segunda opção do PMDB para a disputa, Francis Maris, mas afirmou que, se outro partido do arco de alianças apresentar um candidato mais viável, o PMDB abre mão de candidatura própria.

“Estamos abertos para discussão. Queremos um candidato da base do Silval, e se o candidato de outro partido foi mais viável, vamos apoiá-lo. Vamos observar dois critérios: densidade eleitoral e densidade política. O fracionamento de candidaturas apenas viabiliza a reeleição do Túlio”, avaliou Adriano.

Já o PP não tem nome forte para disputar a prefeitura, conforme admitiu Pedro Henry ao MidiaNews. Como Ricardo Henry ficou inelegível após a cassação, o partido se prepara para apoiar o candidato de outra sigla.

“Queremos fazer uma grande frente de oposição à atual administração. Precisa ser um nome de consenso, e uma candidatura forte. Se for assim, entro de cabeça nessa campanha. Se não, me afasto”, observou Henry.

O deputado acredita que o critério a ser adotado pelo candidato é “muita conversa” entre os partidos que formarem o bloco. “Não gosto de pesquisa, gosto de entendimento. Estar no primeiro lugar das pesquisas não é critério para escolher um candidato. Se fosse assim, eu não teria escolhido apoiar Blairo Maggi (PR) ao governo [em 2002], quando ele tinha só 2% das intenções de voto”, declarou o parlamentar, aproveitando para alfinetar o PSD, que encabeça as pesquisas no município.

Novato

O recém-criado PSD ainda não bateu o martelo sobre integrar o bloco de oposição ao lado do PP e PMDB. Com o médico Leonardo Albuquerque liderando as pesquisas realizadas até agora, a sigla novata está numa situação confortável no município.

O deputado estadual Airton Rondina, o “Português”, (PSD), informou ao MidiaNews que o partido já decidiu que terá candidato em Cáceres. “As executivas municipal e estadual já definiram que o primeiro colocado será candidato. Até o dia 10 de maio devemos ter a decisão sobre o nome”, garantiu Português.

O parlamentar, porém, não confirmou que Leonardo foi o escolhido. “Além dele, temos o presidente da Câmara, Antônio Salvador”, apontou. A candidatura do médico, porém, já é dada como certa.

A dificuldade do PSD é que o partido, criado em setembro de 2011, sob a liderança do deputado José Riva em Mato Grosso, não tem tempo de TV para a propaganda eleitoral. Assim, a escolha dos aliados será importante viabilizar a candidatura própria, e massificar a imagem do médico, que nunca teve um cargo eletivo. Para isso, o partido tenta captar o apoio do PP, PMDB e PSB.

Terceira via

O vice-prefeito Wilson Kishi (PDT), atendendo à diretriz da cúpula estadual do PDT de lançar candidato nas cidades-pólo, se prepara para disputar a eleição. Para viabilizar sua candidatura, ele se apoia em nanicos, tenta conseguir o apoio do PR e aposta na desistência de Adriano Silval para cooptar o PMDB.

Correndo por fora, Kishi se apresenta, também, como alternativa à rivalidade entre Henry e Fontes. E se apoia na popularidade do senador Pedro Taques (PDT) para conquistar o apoio da população.

“Tenho uma boa relação com o prefeito. Não houve compromisso eterno, mas também não há briga. Além disso, Túlio chegou ao seu limite de contribuição para o município”, disse Kishi ao MidiaNews, justificando o lançamento de sua candidatura.

“Esse é o segundo mandato dele, e ele está muito isolado. Não consegue o apoio nem do próprio partido dele, o DEM. Depois de eleito, o deputado federal Júlio Campos (DEM) nem mesmo fez uma visita a Cáceres”, disparou o pedetista.

Kishi critica, ainda, a rivalidade política entre as famílias Fontes e Henry. “Temos que acabar com essa imagem pesada da disputa entre eles, que trava os investimentos no município. Cáceres é um polo, tem que ser referência para a região. O Túlio considera que, qualquer ação que ele faça, tem interferência do Pedro Henry”, criticou o vice-prefeito.

Correndo por fora

Para se reerguer após a derrota das eleições de 2010, quando Wilson Santos (PSDB) perdeu a disputa pelo governo do Estado para Silval Barbosa, o PSDB definiu que lançará candidato em alguns polos, Cáceres entre eles.

A definição da candidatura no pólo da região oeste é, também, em função de que a cúpula tucana teria ficado descontente com o tratamento dispensado por Túlio Fontes ao PSDB, que não contemplou o partido com a participação que eles consideravam justa.

Os tucanos que despontam como pré-candidatos ao pleito são o vereador Celso Fanaia e o ex-secretário de Obras José Eduardo Torres.

O PTB é outro partido que ensaia lançar candidato próprio. Fontes tentou assegurar o apoio da sigla, nomeando Duda Barros (PTB) como secretário de governo. Além disso, o apoio da sigla é alvo de assédio do bloco de oposição.

Porém, a cúpula do partido já teria batido o martelo na candidatura própria e decidido lançar o ex-prefeito Aloísio de Barros (PTB) para disputar a sucessão de Túlio Fontes.




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
7 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Catarino Mendes  12.05.12 22h49
Vi uma matéria do Francis da Cometa dizendo que só sai candidato se os demais candidatos assinarem documentos abrindo mão de salários, seja de prefeito, secretários e vereadores. PURA DEMAGOGIA... FALSIDADE... DE QUEM SÓ SABE ADMINISTRAR COM DINHEIRO FÁCIL E SOBRANDO. Aí vem querer pegar uma prefeitura quebrada e quer resolver com salário legal e honesto, pois, é direito legal qualquer pessoa que ocupa cargo de secretário de qualquer esfera da administração pública, seja ela municipal, estadual e federal, de receber o seu salário TRABALHADO. Assim como vereadores eleitos, tbm tem o seu direito de receber subsídios justos e não super elevados salários que hoje recebe os vereadores de Cáceres (quase 5 mil reais). Bem, voltando ao processo eleitoral, não vejo em Francis um bom prefeito. Ele só quer se aparecer.
0
0
Aparecido das Neves  10.05.12 23h01
Está confirmado que o PT de Cáceres deixa de compor com o DEM e prepara candidatura da vereadora Lúcia Gonçalves. Isso não é bom porque facilitará pro atual prefeito. Bem que o PDT e PT poderiam se unir e compor uma grande aliança com PSC/PR/PCdoB/PTdoB/PRTB/PTB. Aí a briga fica boa em Cáceres. Tenho pressentimento que a disputa ficará entre Túlio X Kishi X Dr. Leonardo.
0
0
Luisinho Martins  09.05.12 23h09
Parabéns pela matéria LAÍSE LUCATELLI. Uma análise imparcial do cenário político de Cáceres. Apesar de ser longa, mas não poderia ser diferente, até porque as situações diversar tem que ser expostas ao povo.
0
0
Miguel Dutra  09.05.12 23h04
Tenho acompanhado as movimentações políticas de Cáceres e tenho notado a falta de liderança para impor uma candidatura a altura de representar o povo da princesinha do paraguai. Desses nomes citados nesta matéria, não acredito em Francis que só gosta de se aparecer porque tem muita grana. Muito menos em Adriano Silva que não vai renunciar um mandato de reitor para TENTAR ser prefeito. Aliás, o PMDB, no momento, não tem nenhum nome de peso político. Tenho uma convicção que o Kishi, pela experiência política, poderá ser o único capaz de enfrentar o atual prefeito em igualdade política, até pq em se falando de dinheiro, ahhhh, aí sim o prefeito ganha dos demais, com exceçao do Francis. Tinha me esquecido do Dr. Leonardo, é um bom rapaz e grande profissional médico, porém é uma incongnita a sua candidatura.
0
0
Marta  07.05.12 09h54
Muito espanta-me de ver o governo Silval e o deputado pedro Henry preocupado com as eleições em Cáceres, pois para o FIPe não destinaram nenhum recurso para a maior festa com renome mundial do estado bem se vê a intenção apenas eleitoreira ACORDA POPULAÇÃO C´CACERENSE VAMOS DAR UM BASTA NISSO
0
0