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26.07.2025 | 19h00 Tamanho do texto A- A+

"A taxação inviabiliza 100% da exportação da madeira de MT"

Segundo presidente do Cipem, mercado americano é responsável por 11% das exportações do setor

Victor Ostetti/MidiaNews

O presidente do Cipem, Ednei Blasius, que falou sobre a taxação de Donald Trump aos produtos brasileiros

O presidente do Cipem, Ednei Blasius, que falou sobre a taxação de Donald Trump aos produtos brasileiros

GIORDANO TOMASELLI
DA REDAÇÃO

O presidente do Cipem (Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do Estado de Mato Grosso), Ednei Blasius, afirmou que a tarifa de 50% aos produtos brasileiros que são exportados para os Estados Unidos inviabilizará 100% das exportações de madeira de Mato Grosso para o país.

Uma taxação de 50% significa a total inviabilização desse produto, porque nem o cliente final americano e nem nós estávamos preparados

 

Segundo Blasius, o mercado americano é responsável por 11% das exportações do setor, só perdendo para a Índia. Mas os EUA compram produtos de alto padrão, com maior valor agregado, e as exportações vinham em uma crescente ano a ano. 

 

Agora, o clima entre os empresários do setor é de tensão, visto que o prazo para que os dois países entrem em um acordo está terminando e o prejuízo pode ser grande. 

 

“Quando tenho uma taxação de 50% significa a total inviabilização desse produto, porque nem o cliente final americano e nem nós estávamos preparados para absorver. Não temos margem para isso. É uma situação de total inviabilidade para o produto”, afirmou em entrevista ao MidiaNews.  

 

Na entrevista, Blasius falou também sobre como tem enxergado a reação do governo brasileiro ao ‘tarifaço’, extração ilegal de madeira no Estado, sua posição sobre o chamado ‘PL da Devastação’ e o risco de desemprego no setor madeireiro. 

 

 

Confira os principais trechos da entrevista (e a íntegra no vídeo ao final da matéria):

 

MidiaNews - Como o Cipem recebeu o anúncio de que os produtos brasileiros serão tarifados em 50%?

 

Ednei Blasius - O setor não estava preparado para receber uma notícia dessas, ainda mais uma taxação de 50%. Aquela primeira taxação, de 10%, já nos pegou de surpresa, mas de 50% nos pegou totalmente despreparados, deixando-nos muito preocupados. 

 

Hoje, o setor está, extremamente, preocupado, até porque o mercado americano é muito importante dentro dessa cadeia produtiva.  

 

MidiaNews - O senhor deve ter conversado bastante com empresários do setor nas últimas semanas. Qual o clima entre eles?

 

Ednei Blasius - O clima é de muita tensão, porque a cadeia produtiva da madeira tem um ciclo e ela tem toda uma relação de interdependência. 

 

Estamos no mês de julho, que é o mês que você tem o forte da colheita da madeira. Temos as indústrias que fazem o primeiro processo de corte, colhem a madeira do manejo florestal e transformam esse produto numa madeira serrada. E aí vem a segunda indústria, que trabalha com a exportação, pega essa madeira que está bruta, faz um processo de secagem, coloca numa linha de produção e transforma em produto acabado: deck, piso e diversos outros produtos de alto padrão, de alto valor agregado para o mercado americano e para outros mercados. 

 

Então, quando tenho uma taxação de 50% significa a total inviabilização desse produto, porque nem o cliente final americano e nem nós estávamos preparados para absorver e não temos margem para isso. Então é uma situação de total inviabilidade para o produto americano.  

 

 

MidiaNews - O senhor está dizendo que com o tarifaço, 100% dos produtos ficaram inviáveis para exportação aos EUA?

 

Ednei Blasius - Nas condições que temos organizadas de linha de produção, de tipo de produto, de valor de comercialização, de custo operacional, de custo de logística, custo alfandegário, inviabiliza 100% para os Estados Unidos.  

 

Nas condições que temos de linha de produção, de tipo de produto, de valor de comercialização, de custo operacional, de custo de logística, custo alfandegário, inviabiliza 100%

 

O desafio que temos é tentar buscar novos mercados. O fato é que não estamos preparados, neste momento, para realocar esse volume. Aqui em Mato Grosso, o principal mercado comprador de madeira é a Índia, porém ela compra basicamente madeira de reflorestamento, a espécie Teca, e em segundo vem o mercado americano, que tem mais de 11% do nosso mercado. 

 

E detalhe, o mercado americano tem medidas específicas, muito dos produtos que vão para o mercado americano não se encaixam nem no mercado brasileiro e nem no mercado europeu. É uma série de desafios que vamos ter que tentar superar.

 

Temos estoques prontos, produtos nos portos, produtos cortados, já brutos, produtos de madeira sendo secados, linha de produto acabado, então é uma série de produtos e de estoque que você vai organizando ao longo de um ciclo de produção voltado para o mercado americano. 

 

MidiaNews - Acha que essa adaptação levaria mais ou menos quanto tempo?

 

Ednei Blasius - Já vínhamos trabalhando na abertura de novos mercados à frente do Cipem há mais de dois anos, bastante tempo. Abrindo mercado europeu, mercado asiático, do Oriente Médio e o mercado americano também vinha dando sinal de crescimento. 

 

No ano passado, tínhamos exportado apenas 12 milhões de dólares, é um número muito pequeno. Esse ano já estávamos com um número de U$S 8,6 milhões. Tínhamos previsão de chegar a mais de U$S 20 milhões e mesmo assim seria um número muito pequeno dado a capacidade do setor florestal de Mato Grosso. 

 

Temos condições de sermos muito maior do que isso, porque aqui trabalhamos com mais de 40 espécies de madeira. Uma parte dessas madeiras alocamos no mercado nacional, vendemos para mais de 10 estados brasileiros, sendo o Sudeste como o principal comprador, e outra parte é direcionada para exportação. E aí, acessamos um pouco do mercado europeu, que é muito forte, do mercado chinês, que compra muito, mas compra barato e o mercado americano que compra muito produto. 

 

 

MidiaNews – O que dá para fazer em termos de reorganização da produção? 

 

Ednei Blasius - Após a colheita, a madeira é transportada para uma primeira indústria madeireira que faz a separação de espécies para o mercado interno e as que vão ser destinadas para exportação. E aí você faz a primeira serragem nas medidas que você tem contrato de exportação. 

 

Então se eu tenho contrato de exportação americano, eu vou cortar essa madeira bruta para ser finalizada para um produto americano. Diferentemente se eu for trabalhar para um produto europeu. As medidas são diferentes, eu não tenho um padrão, no mercado brasileiro nós trabalhamos com meio metro, já no mercado internacional a madeira medida em pés.

 

É uma série de detalhes que tem que redesenhar. Agora isso tem que servir de lição para nós, para fortalecer e buscar cada vez mais a abertura de novos mercados. Nós temos qualidade, temos diversidade e temos empresas organizadas, temos que investir em boas políticas de abertura de mercado para fortalecer e não ficar somente amarrado em um único mercado.

 

Vai demorar um pouco, não é rápido você reorganizar um layout. Nós temos indústrias aqui que tem até quatro linhas de produção totalmente organizadas e montadas com máquina, pessoas e recursos humanos para fabricar um produto americano, e o mercado americano é o principal comprador de produto de alto valor agregado. É um desafio, a taxação é algo que impacta bastante o nosso setor.  

 

MidiaNews – Mato Grosso tem estoque que será perdido caso comece a taxação em 1º de agosto? 

 

Ednei Blasius - Temos muito estoque. Temos uma vantagem em relação a outros segmentos, como a carne, que é um produto perecível. A madeira, depois que passa no processo e se armazenar dentro do barracão, não perde. 

 

O empresário não tem condição de suportar esse custo. Estamos com mais de 400 contêineres já travados

 

Porém, há uma perda financeira. O empresário não tem condição de suportar esse custo. Estamos com mais de 400 contêineres já travados dentro do levantamento prévio que fizemos da semana passada para cá. É muita madeira. 

 

O empresário exportador já se organiza com estoque de dois anos ou três anos e isso tudo tem um custo. Na maioria das vezes, como as nossas margens estão muito apertadas, o exportador busca um crédito nos bancos, como o ACC [Atividades Acadêmicas Complementares], que é um crédito especial que você pega em dólar para poder custear a exportação. 

 

Se eu não consigo vender esse produto e até me reorganizar para outra linha, para outro mercado, demanda tempo, não é da noite para o dia. Porém, se começo a forçar a venda, o mercado entende que você está tendo um excesso de oferta e vai jogar o preço do produto para baixo.

 

Isso inviabiliza totalmente uma margem de lucro pelo excesso de volume. Os outros mercados hoje neste momento não têm condição de comprar todo esse produto e nem o mercado nacional. Acho que o grande caminho hoje é tentar buscar uma solução [junto aos EUA].

 

Nós temos que ser céleres e tentar resolver isso o mais rápido possível para que não perca espaço para outros países, pois temos concorrentes que também produzem madeira similar a do Mato Grosso e do Brasil. O Peru produz muita madeira e vende para o mercado americano, o continente africano também. Então, temos outros países concorrentes e com muito menos burocracia, fora a taxação.   

 

 

MidiaNews – Sabe quantas pessoas o setor madeireiro emprega hoje no estado? 

 

Ednei Blasius - Hoje, temos aproximadamente 20 mil empregos de carteira assinada dentro das indústrias madeireiras, fora os indiretos. E estamos presentes em mais de 60 municípios. Em alguns deles, a principal fonte de geração de emprego e de receita é o setor florestal, como Colniza, Nova Bandeirantes, Apiacás e Nova Monte Verde.

 

Victor Ostetti/MidiaNews

Ednei Blasius

Ednei Blasius foi reconduzido ao cargo nesta quinta (24) para mais dois anos

 

Então, temos várias regiões com economia muito forte dependente da madeira. O setor em si vai sentir demais, vai ser impactado. 

 

Vamos ver o que vai acontecer nesses próximos capítulos, se o Trump vai manter essa taxação ou não. Temos conversado bastante, também, com as organizações, com as entidades, com a Federação das Indústrias, com o setor organizado para tentar buscar um suporte. A minha preocupação enquanto presidente do Cipem é que essas outras cadeias produtivas, que têm mais estrutura política, comecem a desenvolver acordos paralelos e a gente ficar para trás.

 

Então, estamos correndo atrás, todo dia conversando, dialogando, tentando construir abertura e também se organizando. O setor não está parado.

 

Tem indústrias se planejando, pensando em pegar e levar o produto daqui de Mato Grosso para o Paraguai e exportar pelo Paraguai, porque tem isenção. Isso é péssimo para o Estado, péssimo para economia estadual, péssimo para o setor florestal.

  

MidiaNews – E o risco do desemprego, é muito alto?

 

Ednei Blasius - O risco de desemprego é uma realidade iminente, com certeza. Porque se eu não conseguir gerar receita, faturamento, organização suficiente para poder manter essas indústrias de exportação, vamos ter dificuldade. O coração de qualquer indústria é o faturamento e a geração de receita. Então, só consigo manter uma empresa ativa se tenho receita. 

 

Se chegar no momento que não conseguirmos gerar receita suficiente, com certeza teremos que readequar isso, mas a situação de demissão é o último processo.

 

Estamos fazendo todo o mapeamento, tentando nos reorganizar, trabalhando firme junto com a federação, junto com as entidades, para fortalecer e buscar novos mercados de forma urgente. Agora, se o mercado pressionar demais para baixo, vai inviabilizar.

 

O grande desafio que estamos vivendo é a polarização política. Na verdade, está tendo uma polarização de extrema esquerda com extrema direita. No meio desse cenário econômico, tem um cenário político muito tendencioso e muito perigoso para o Brasil e para o setor econômico e nós, do setor madeireiro, estamos no meio desse processo.

 

 

MidiaNews – Segundo dados, no primeiro semestre de 2025 houve um aumento de 25% nas receitas de exportações do setor madeireiro para os Estados Unidos.  A que se deveu esse aumento?

 

Ednei Blasius - Esse volume foi pelo trabalho que viemos fazendo há bastante tempo. Investimos muito em divulgação, em mídia e marketing, vendendo o produto mato-grossense. Hoje, os mercados conhecem muito bem a qualidade que temos.

 

Investimos no sistema de rastreabilidade de ponta a ponta. Hoje, conseguimos saber a localização exata de uma árvore no dia que ela foi colhida. Toda cadeia é de ponta e isso dá muito segurança para o mercado e para o cliente na hora dele comprar um produto mato-grossense.

 

Ele tem a certeza que está comprando um produto com qualidade, com legalidade, com rastreabilidade, com sustentabilidade, isso já é um diferencial. O mercado europeu se preocupa com toda a questão ambiental e fazemos isso muito bem feito em dia no estado. 

 

E já temos mais de 5 milhões de hectares de áreas manejadas no estado, é muita área conservada, diferentemente dos outros estados como Pará, Rondônia e Amazonas que produzem madeira e têm concessões florestais. 

 

MidiaNews - Observando essa taxação americana por um olhar político, de quem acha que foi a culpa por essa decisão do Trump?  

 

Ednei Blasius - Para mim tem uma série de culpados. Essa polarização de ‘extrema esquerda’ com extrema direita, essa situação do filho do Bolsonaro com o próprio Trump, depois o Lula que é um Governo Federal que não tem diálogo com os outros governos, uma fala ‘desorganizada’ lá no BRICS, uma série de fatores que foram criando esse cenário e acaba que um fica alimentando o outro. 

 

E aí não é esse o caminho que precisamos, porque o governo brasileiro precisa do governo americano e vice-versa. É interessante para a economia americana negociar com a economia brasileira e vice-versa. É uma relação de mão dupla. 

 

É totalmente interessante mantermos a relação comercial, seja na madeira, na carne, no suco de laranja, nas fábricas de móveis lá no sul. Extremismo tem atrapalhado muito. Tinha que parar de discutir polarização para discutir políticas públicas. 

 

E o Lula está aproveitando isso muito bem. Na minha visão, o Governo Federal não está com vontade de solucionar problema, ele está usando essa jogada de taxação do Trump para criar palco político, o Lula está adorando isso. Neste momento, não consigo ver o nosso líder principal, o presidente do Brasil, preocupado em buscar a solução.

 

Estou vendo o Lula aproveitando muito bem essa situação para fazer crescimento político pessoal. Estamos com um rombo fiscal gigantesco a nível de Brasil, um governo federal que tem entre secretarias e ministérios, 39, um custo absurdo e você não vê nenhuma possibilidade de solução neste momento. O Governo Federal hoje está perdido e o Lula está aproveitando esse cenário, toda essa situação de taxação do Trump para poder se favorecer politicamente e estão esquecendo de discutir o Brasil. 

 

 

MidiaNews -  Como empresário, como tem enxergado a reação do governo brasileiro? 

 

Ednei Blasius -  As atitudes do governo Lula deixam claro que ele tá utilizando isso 100% pra benefício político. O Lula não está nem um pouco preocupado em solucionar esse problema.

 

Ele vai tirar o máximo de proveito possível dessa taxação do Trump, de intervenção dos Estados Unidos na economia brasileira, mas cadê os representantes do governo brasileiro indo a fundo para iniciar um processo de discussão, sentando na mesa?

 

Cadê as nossas representantes internacionais? Precisamos que o nosso representante faça a lição de casa e que não fique focado somente na política, mas que realmente pense no Brasil.  É uma cabeça totalmente voltada para esquerda, combatendo a direita e não é esse o caminho. Na verdade, nós temos que aumentar a demanda do Brasil, buscar novos mercados, ou seja, fortalecer a economia.

 

MidiaNews - Acha que sem anistia aos acusados de golpe, não haverá solução para o Brasil?

 

Ednei Blasius - Eu acredito que [a anistia] seria uma solução. A família Bolsonaro tem um bom diálogo, uma amizade muito próxima com o governo Trump. Então, vejo que se hoje tivesse uma anistia e uma revogação [de decisões do STF], com certeza o Trump voltaria atrás.

 

Acredito que uma anistia e uma reorganização disso tudo apaziguaria bastante. Mas não vejo o Governo Federal ou o STF querendo fazer isso, não vejo uma solução tão cedo.

 

Estamos tendo uma mistura de poderes, de ideologias e é um cenário muito estranho a nível de Brasil. Acho que essa situação da anistia seria um dos passos. Não sei se é o único, mas acho que uma possível solução.  

 

MidiaNews - Mato Grosso sempre teve muitos problemas com extração ilegal de madeira, algo que já foi até investigado em inúmeras operações policiais. Esse problema ainda persiste?

 

Ednei Blasius -  Hoje não. Hoje o setor florestal é extremamente organizado, temos um sistema de monitoramento de ponta e em tempo real. Se você corta uma árvore fora do manejo florestal ou uma árvore errada o sistema detecta basicamente em tempo real.

 

Hoje o setor florestal é extremamente organizado, temos um sistema de monitoramento de ponta e em tempo real

 

E hoje toda a madeira tem uma cadeia de ponta, consigo saber a localização, a hora e dia, de quem é que cortou uma madeira no manejo florestal com o celular hoje.

  

É um trabalho que vem sendo feito há muito tempo e por muitas mãos. É o Cipem discutindo isso com a Sema, Sema discutindo junto com o MPE. Hoje somos referência tendo o melhor sistema de rastreabilidade de madeira do mundo. 

 

MidiaNews - Acha que existe preconceito e falta de informações sobre a indústria madeireira por ter sido associada a desmatamento? 

 

Ednei Blasius - Ainda tem um preconceito, mas esse índice abaixou bastante. Foi investido bastante para desmitificar.

 

Antigamente toda vez que aparecia uma notícia de um desmatamento ilegal, aparecia um caminhão de tora. E aí fomos mostrando que não temos nada a ver com desmatamento ilegal, o nosso setor precisa da floresta em pé. A nossa principal fonte de receita é através do manejo florestal sustentável que é feito na área de reserva legal.  

 

Com toda a documentação legal, se você for cultivar, só pode desmatar 20%. Os outros 80%, que é a área de reserva legal, tem que manter em pé e a única atividade que podemos fazer nesses 80% é o plano de manejo de florestal sustentável.

 

 

MidiaNews - Recentemente, o Congresso aprovou um projeto de lei com algumas mudanças na legislação ambiental. A medida foi alvo de críticas, principalmente de ambientalistas, que apelidaram o projeto de ‘PL da Devastação’. Mas muita gente do setor produtivo elogiou e o senhor também. Por que essa nova legislação é importante?

 

Ednei Blasius -  Tínhamos mais de 127 mil normas e regras, era um absurdo. Hoje, um empresário que quer fazer o cadastro ambiental rural no estado demora mais de um ano e não é aprovado. Não é só aqui no estado, é no Brasil inteiro. 

 

Não somos contra o processo de licenciamento, tem que ter todo o controle, agora o que não pode é, através desse excesso de burocracia, travar o desenvolvimento de um setor, de um estado, ou de um país.

 

Esse processo foi muito bem discutido e, logicamente, os ambientalistas vão ser 100% contra. Entendo que o setor produtivo ganhou muito com essa organização e que é um avanço grande dentro do setor, porque vou pegar um processo de licenciamento gigantesco, com inúmeras regras desnecessárias, e colocar com mais clareza e de modo mais simplificado. O Brasil não vai avançar com esse emaranhado de legislislação que trava o setor.

 

MidiaNews – Então, não tem nada de ‘PL da Devastação’?

 

Ednei Blasius - Não tem. Vai ter um processo de licenciamento simplificado, mas é um outro caso autodeclaratório, mas são casos bem específicos.

 

O que não pode é, através desse excesso de burocracia, travar o desenvolvimento de um setor, de um estado, ou de um país

 

Hoje, demora 14 a 15 meses para obter um documento simples. Uma dispensa de outorga, de água, demora seis meses ou mais para conseguir. Então, são situações que realmente a gente precisa mudar dentro do país. Nós entendemos que esse PL vai ajudar muito o Brasil e o setor florestal.

 

MidiaNews -  Se o senhor pudesse fazer um apelo para a classe política em Brasília sobre a taxação, o que falaria?

 

Ednei Blasius - Pediria que analisassem essa situação do Brasil sem ideologia política, de forma apartidária, e realmente se reunissem todos e pensassem num país unido, que buscassem uma solução para colocar o Brasil no eixo da produtividade.

 

Colocar o Brasil para desenvolver a relação comercial com os Estados Unidos. Quem está na base somos nós brasileiros e aqui não tem direita ou esquerda. Aqui temos pessoas que precisam de política pública adequada, organizada, que gere emprego, que gere riqueza para o nosso país e para o nosso estado.

 

MidiaNews - O Cipem andou se queixando sobre a liberação de planos de manejo por parte do Ibama para algumas espécies. O que estava ocorrendo?  

 

Ednei Blasius - O Cipem é o Centro das Indústrias Produtora e Exportadora de Madeira do Estado de Mato Grosso. Então, todo setor florestal é acobertado pelo Cipem e é formado por oito sindicatos patronais. Temos base em todo estado.

 

O Cipem faz esse trabalho de captar as demandas, buscar soluções, buscar desenvolver políticas públicas, criar diálogo com os órgãos estaduais e até mesmo federais para melhorar o setor produtivo com sustentabilidade, com legalidade, com rastreabilidade. E aí nós temos toda uma diretoria organizada que pensa nisso.

 

Todas as demandas que tem no setor florestal é o Cipem quem cuida.Nós temos hoje próximo de 600 indústrias associadas e fazemos parte da Federação das Indústrias. Nós temos 8 votos dentro da Federação das Indústrias e uma forte atuação, não somos a principal economia dentro da Federação, mas a nível de representatividade somos muito fortes. 

 

Veja a íntegra:

 

 

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