O advogado e procurador aposentado Roberto Tardelli ingressou com uma ação judicial contra o promotor de Justiça Marco Aurélio Castro, coordenador do Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Tardelli atua na defesa do ex-secretário de Estado de Fazenda, Marcel de Cursi, réu em ação penal da Operação Sodoma.
Na ação, ele pede que o chefe do Gaeco dê explicações sobre declarações à imprensa sobre uma possível investigação envolvendo a
origem do dinheiro usado pelos réus da ação para pagar “advogados de renome”.
A representação foi ingressada no dia 29 de janeiro e tramita na presidência do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, uma vez que Marco Aurélio possui prerrogativa de foro pelo cargo que ocupa.
“Ilações pueris”
Roberto Tardelli reclamou que foi pego de surpresa com as matérias publicadas na mídia, feitas com base em declarações do promotor Marco Aurélio, que colocavam em dúvidas a origem do pagamento de honorários, “chegando-se ao absurdo paranoide de inferir que tudo se resolveria nas sórdidas teias da criminalidade”.
“Ou seja, se o réu não tem dinheiro para custear um advogado de renome – renome que custou suor e lágrimas – alguém por ele o teria e a contratação do advogado somente desvelaria uma rede mais profunda de pessoas envolvidas com a macro-criminalidade. Em outra matéria, garantiu-se que se investigaria como e por que meios as contratações teriam ocorrido. No ar, soltam-se ameaças infantis, tudo na tentativa de desmoralizar quem defende e criminalizar quem é defendido por algo que sequer fato típico é, mas que pode ser suficiente para lançar a todos na fogueira das suspeições”, disse o advogado, citando matérias publicadas nos sites MidiaNews e RD News.
Conforme Tardelli, as declarações sobre contratações de advogados de renome nacional, bem como acerca da possibilidade de os honorários serem oriundos de "fontes escusas", não deixaram claro se o chefe do Gaeco estaria ou não se referindo a ele e o fato de ter sido contratado por Marcel de Cursi.
“Tampouco há clareza bastante na afirmativa de investigar a clareza da licitude dos recursos (dinheiro ilícito, na expressão por ele formulada) implica afirmar-se na eventual afirmativa de participação do Requerente em alguma teia criminosa (expressão também cunhada pelo Ilustre demandado)”, disse.
Tardelli ainda afirmou que irá “repelir todo e qualquer ataque” que coloque em dúvida sua “honestidade reconhecida”.
“Ilações inconsequentes ou irresponsáveis hão de ser esclarecidas, expostas, traduzidas, para que não se promova o pior debate, o da maledicência barata, para que não se permita que a brutalidade e a insídia se sobreponham à inteligência e à dialética superior do debate, para que não se consagre a ameaça velada e ilegal como forma de atuação de instituição que deve prezar pela estrita observância da ética e da legalidade, que não se transforme o púlpito em uma arena de invectivas”, afirmou.
Outro lado
O promotor Marco Aurélio Castro não atendeu às ligações feitas ao seu telefone celular.
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1 Comentário(s).
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Carlos Nunes 02.02.16 18h12 | ||||
Outro dia o Marcelo Resende, em seu programa diário na Record, disse que era necessário saber DA ONDE VINHA O DINHEIRO pago aos advogados por certos clientes, aí citou o caso dos traficantes que tem advogados caríssimos e arrematou: será que o dinheiro vem do tráfico? É evidente que a ORIGEM DO DINHEIRO tem que ser investigada - POR QUE NÃO? É evidente que não se deve culpar os advogados. É o cliente que tem investigado...alguns a Justiça apreende todo do dinheiro, e mesmo assim eles tem uma vida cara, parece que tem várias fontes de pagamento. Quem sabe investigando a ORIGEM DO DINHEIRO, acabe a impunidade. | ||||
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