Começou na tarde desta quarta-feira (6) o julgamento dos policiais militares acusados de integrar um esquema de escutas clandestinas que funcionou no Estado entre os anos de 2014 e 2015, durante o Governo Pedro Taques.
São réus o ex-comandante da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa; os coronéis Evandro Alexandre Lesco e Ronelson Barros, ex-chefe e ex-adjunto da Casa Militar, respectivamente; o tenente-coronel Januário Batista e o cabo Gerson Corrêa Junior.
Durante o tempo destinado à acusação, o promotor de Justiça Allan Sidney do Ó Souza defendeu a condenação de três acusados - Zaqueu, Lesco e Gerson - e a absolvição dos outros dois.
O julgamento é conduzido pelo juiz da 11ª Vara Militar, Marcos Faleiros, e tem previsão de encerramento na sexta-feira (8).
Os coronéis Zaqueu Barbosa e Evandro Lesco, assim como o cabo Gerson Corrêa, estão colaborando com a Justiça de forma unilateral e deram detalhes do esquema, durante depoimentos.
Confira em tempo real:
MPE faz sustentação oral (atualizada às 14h30)
O julgamento teve início às 14h20. O juiz Marcos Faleiros deu a palavra ao promotor Allan Sidney do Ó Souza, do Ministério Público Estadual (MPE), que usou as três horas que o regimento lhe permite.
“Estamos diante de um triste, nefasto e vergonhoso escritório de arapongagem”, afirmou o promotor no início de sua fala.
Bate-boca (atualizada às 14h45)
Victor Ostetti/MidiaNews
O promotor de Justiça Allan do Ó, que faz a acusação
O promotor e o advogado Eurolino Sechinel dos Reis, que faz a defesa cabo Gerson, bateram boca já no início do julgamento.
O promotor realizava sua sustentação oral quando o advogado pediu questão de ordem e solicitou que Allan do Ó, quando se referisse ao cabo Gerson, se dirigisse à defesa e não ao réu.
“Não vou perder meu tempo com o senhor. Toda vez é isso”, disse o promotor.
“A ampla defesa e o contraditório hão de vingar aqui. Eu vou te interromper cada vez que o senhor falar o nome do meu cliente aqui”, rebateu o advogado.
Após a discussão, o juiz Marcos Faleiros concedeu o direito ao promotor de falar diretamente ao cabo.
"Desconheço um artigo da Constituição que possa vetar esse tipo de atuação do promotor", disse Faleiros.
Veja o vídeo do bate-boca:
MPE sugere que sem grampos Taques não ganharia eleição (atualizada às 15h)
Durante sua sustentação oral, o promotor disse que não descarta a possibilidade do ex-governador Pedro Taques ter vencido as eleições em 2014 por conta das escutas ilegais.
“Eu não afirmo, mas não descarto a possibilidade de que o governador Pedro Taques, sem esse escritório de escutas clandestinas, poderia não ter sido governador do Estado de Mato Grosso”, disse.
Victor Ostetti/MidiaNews
O coronel Zaqueu Barbosa, um dos réus do esquema de grampos
“O governador ganhou no primeiro turno das eleições de 2014, em uma vitória acachapante, mas quando não teve [o escritório dos grampos], perdeu” disse Allan do Ó aos gritos.
"Divisor de águas" (atualizada às 15h20)
Allan do Ó começa a ler a denúncia do MPE contra os policiais. Ele destacou que por envolver militares de alta patente, como é o caso do coronel Zaqueu, o julgamento "representa um marco, um divisor de águas".
Para o promotor, a vitória de Taques nas eleições favoreceu e muito para que Zaqueu Barbosa fosse nomeado comandante geral da Polícia Militar.
"Não estou dizendo que ele não seria comandante caso Taques não ganhasse, mas como ganhou, era óbvio que Zaqueu seria nomeado comandante geral da PM", disse.
Promotor defende condenação de três PMs e absolvição de dois (atualizada às 15h50)
Em suas alegações finais,o promotor defendeu a rejeição das tentativas de colaboração premiada e de diminuição de pena tentadas pelas defesas de Zaqueu, Lesco e Gerson.
O promotor diz que o instituto de delação unilateral é indevido. E pede comprometimento dos coronéis da reserva que fazem parte do Juízo Militar. "Os senhores têm o mesmo peso de um juiz de Direito. Não deixem conhecer esse teratologia nesse tribunal".
Para Allan do Ó, Zaqueu, Lesco e Gerson devem ser condenados pelo Código Penal Militar.
Já quanto aos coronéis Ronelson Barros e Januário Batista, o promotor defende que eles sejam absolvidos.
Segundo Allan do Ó, não restou comprovada a participação de Ronelson e Januário no escritório de escutas clandestinas.
A suposta participação dos dois teria se limitado a indicar Euclides Torezan e Cleiton Dorileo para trabalhar no Núcleo de Inteligência da Polícia Militar, sem conhecimento sobre os grampos.
"Se a dúvida sobrevier, ela deve favorecer a defesa", disse.
Promotor defende responsabilização a Pedro e Paulo Taques (atualizada às 17h)
Allan do Ó também defendeu que o ex-governador Pedro Taques e seu primo, Paulo Taques, sejam responsabilizados pelos grampos na Justiça comum.
“É como se desse uma carta de alforria e licença para matar depois de algo tão tenebroso que chocou a todos. Eu espero que o senhor governador Pedro Taques e seu primo Paulo Taques sejam devidamente responsabilizados sobre o crime. Mas hoje estamos aqui julgando os militares”, afirmou.
"Volto-me aos coronéis. Não é possível que esse fato, que é um divisor de águas, vai ter a chancela dos juízes militares", disse.
Allan do Ó lembrou o caso do promotor de Justiça Fábio Camilo da Silva, que foi demitido após passar por um "surto" em 2017. "A lei tem que ser para todos. Doa a quem doer."
Advogados de Januário Batista fazem defesa ( atualizada às 18h)
Após três horas, o promotor encerrou sua sustentação oral. Os advogados do coronel Januário Batista farão a sua defesa e, em seguida, o julgamento será suspenso.
O julgamento será retomado nesta quinta-feira (7), a partir das 8h.
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1 Comentário(s).
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| Luizao 06.11.19 15h37 | ||||
| Parabéns pela atuação promotor Alan . | ||||
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