O empresário Elias Abrão Nassarden Junior, delator da Operação Imperador, reafirmou que participou de várias reuniões em que discutiu fraudes em licitações na Assembleia Legislativa.
Elias foi reinterrogado na tarde desta sexta-feira (31) pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
A Operação Imperador apura suposto esquema que teria desviado R$ 61 milhões da Assembleia Legislativa, de 2005 a 2009. O esquema operava por meio de compras de fachada com empresas fornecedoras de materiais do Legislativo.
Elias afirmou que o grupo ligado ao ex-deputado José Riva ficava com 88% do valor das fraudes, enquanto ele lucrava os 12% restantes. Em uma ocasião, o delator contou que chegou a levar um alto valor em espécie para Riva.
"Edemar [Adams, ex-assessor de Riva, já falecido] estava viajando, mas tinha um dinheiro pra receber e falou 'Elias vai ter uma pessoa q vai te ligar'. Aí tocou o telefone, era [José] Geraldo Riva falando que tinha uma reunião perguntando se eu ia aparecer. Fui nessa reunião. Aí levei dinheiro, não me recordo exatamente se R$ 150 ou 250 mil. Cheguei e entreguei pra ele".
O empresário contou que é dono da papelaria Livropel Comércio e Representações e Serviços Ltda, mas que as demais empresas investigadas (Hexa Comércio e Serviços de Informática Ltda, Amplo Comércio de Serviços e Representações Ltda, Real Comércio e Serviços Ltda-ME e Servag Representações e Serviços Ltda) também são dele, mas foram colocadas em nome de parentes.
Confira como foi a audiência:
Início do esquema (atualizada às 15h10)
Elias Nassarden disse que a primeira negociação que fez com a Assembleia foi uma entrega de produtos no valor de R$ 15 mil. Porém, a licitação teria sido superfaturado para R$ 39 mil, sendo que ele ficaria com R$ 15 mil e o restante com o grupo ligado a Riva.
"Dos R$ 39 mil só recebi os R$ 15 mil. Ele [Edemar Adams] falou pra eu ir falar com o Nivaldo [Araújo]. Ele falou 'você traz a nota e aí eu te passo os R$ 15 mil. Fui e entreguei".
Em outra ocasião, Elias contou que estava com outros empresários em uma reunião em que Edemar Adams foi apresentado como o novo secretário de Finanças da Assembleia.
"O Nivaldo falou 'foi tudo com êxito, esse é o novo secretário, o Edemar'. Aí ele falou que ia se ausentar. Então o Edemar tomou a palavra e disse que queria deixar clara a situação, pedindo muita cautela. Ele perguntou 'quem daqui quer ser preso?'".
Em 2005, segundo o delator, Edemar prometeu que iria garantir um lote com valor maior para ele.
"Aí eu ganhei um lote de mais de R$ 1 milhão. Sentávamos e discutíamos com o Wilson [outro empresário]. O Wilson já tinha a planilha dividindo quem ganhava qual lote.
Dinheiro para Riva (atualizado às 15h29)
Segundo o delator, do dinheiro produto da fraude, 88% ficava para o grupo ligado a Riva e os outros 12% ficava para ele. Dos 12%, ele ficava com 7% e o empresário 'Wilson' com 5%.
No final de 2006, de acordo com o depoimento, Edemar Adams estava em viagem, mas ainda havia dinheiro a receber do esquema. Elias disse que Edemar avisou que uma pessoa iria ligar para receber os valores.
"Aí tocou o telefone, era [José] Geraldo Riva falando que tinha uma reunião perguntando se eu ia aparecer. Fui nessa reunião. Aí levei dinheiro, não me recordo exatamente se R$ 150 ou 250 mil. Cheguei e entreguei pra ele".
Medo de monitoramento (atualizado às 15h37)
A partir de 2009, segundo o empresário, Edemar Adams começou a desconfiar que estava sendo monitorado.
"Ele falou 'não vem na Assembleia não me procura, não vou te deixar na mão mas a gnt não pode se falar'. Aí recebi um telefonema para eu encontrá-lo em um posto. Esse posto era perto do Hospital São Matheus, aí me levou em um escritório, onde estava o Edemar e um advogado".
"Aí ele me levou em um quarto e falou 'Elias, eles monitoram até telefone desligado'. E pediu pra eu tirar a bateria do meu celular. Ele falou 'tenho dois apartamentos: vou te dar esse, ele vai ser seu'. Falou 'assina isso aqui que esse apartamento vai ser seu'. Aí eu assinei".
Elias Nassardem, todavia, afirmou que não sabe se outros deputados sabiam ou teriam se beneficiado do esquema.
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1 Comentário(s).
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paula goetz 01.04.17 07h28 | ||||
Que pena que nesses anos de 2005 a 2009 não existia o TRIBUNAL DE CONTAS DE MATO GROSSO...senão seus auditores teriam descoberto tudinho... | ||||
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