O ex-aluno do Corpo de Bombeiros Maurício Júnior dos Santos prestou depoimento, na tarde desta segunda-feira (18), na ação penal em que a tenente Izadora Ledur responde por suposto crime de tortura contra ele.
A audiência foi conduzida pelo juiz Marcos Faleiros, da 11ª Vara da Justiça Militar, de forma virtual. Esta é a segunda vez que Ledur responde processo por supostos abusos em treinamentos no Corpo de Bombeiros.
Em 2016, ela foi denunciada pelo mesmo crime contra o aluno Rodrigo Claro, que morreu após um treinamento aquático sob sua supervisão, na Lagoa Trevisan, naquele ano.
Em setembro de 2020, cinco anos após o fatos, o Conselho de Justiça, por maioria, desclassificou o crime de tortura para maus-tratos e a condenou a um ano de prisão.
MidiaNews
A tenente Izadora Ledur, que é ré pelo crime de tortura pela segunda vez
Durante a audiência, Maurício contou que sofreu as torturas no mesmo ano que Rodrigo Claro e só não morreu porque Ledur não era a comandante do seu pelotão, como era do dele.
"Ledur, pelo amor de Deus, para! Você vai me matar”, disse ele sobre os afagamentos.
Segundo o ex-aluno, ele foi salvo pelo comandante do seu pelotão, que pediu que ela parasse de afogá-lo.
"Destruiu meu sonho"
O ex-aluno iniciou seu depoimento afirmando que a tenente destruiu seu sonho de ser bombeiro a um mês de terminar o curso.
Disse que sempre teve dificuldades em treinamentos com água, mas que sempre buscava melhorar, só que já era “marcado” pelo seu mau desempenho.
No dia do suposto crime de tortura, Maurício contou que a tenente mandou o pelotão correr antes do treinamento aquático.
“Até que todo pelotão chegasse, ela mandava quem chegava primeiro fazer polichinelo, flexão. Antes de começar o treinamento aquático, eu estava esgotado”.
“Quando entrei na lagoa, começou a me dar câimbra. Fui nadando, nadando, mas as câimbras não paravam. Pedi para sair. Me jogaram uma boia. Ela [Ledur] me chamou até ela. Começou a me xingar. Mandou eu passar a corda da boia por baixo do meu pescoço e por baixo do meu braço. Eu fiz e ela começou a me afogar”.
O ex-aluno afirmou que num determinando momento, já quase desfalecido, pegou no braço da tenente e pediu: “Ledur, pelo amor de Deus, para! Você vai me matar”.
“Eu sei que o aluno não pode encostar em um oficial. E foi aí que ela começou a me afundar mais. E nisso eu apaguei. Eu só lembro que acordei fora da lagoa. Comecei a vomitar. Me encostaram numa árvore e vomitei mais”.
“Bichinha”
Segundo Maurício, logo depois que acordou, Ledur gritava de dentro da lagoa para que ele voltasse para a instrução.
“Voltei e acabei desmaiando de novo. Quando acordei, já estava dentro da ambulância. Logo em seguida, vi ela chegando e perguntando para onde iriam me levar. E eu ouvi ela dizer: 'Ah, é uma bichinha, mesmo'".
Maurício foi levado para a Unidade de Pronto Atendimento do Coxipó.
"Eu só não morri porque o comandante do meu pelotão mandou ela parar de me afogar. o Rodrigo [Claro] não teve a mesma sorte porque ela era a comandante do pelotão dele", finalizou.
Após o episódio, Maurício chegou a tentar terminar o curso, realizou outras provas, mas não conseguiu e desistiu.
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3 Comentário(s).
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Maria 19.07.22 15h33 | ||||
Novamente vão tratar como maus tratos? Um morreu em decorrência do que a justiça quis chamar de maus tratos, o outro quase... o que falta para que essa senhora seja definitivamente punida e deixe finalmente essa corporação honrada que é o Corpo de Bombeiros? Essa instituição salva vidas, não o contrário! Que a justiça termine de uma vez por todas com a chance dessa pessoa de ser instrutora de qualquer coisa, ela claramente não é apta à isso. | ||||
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José Oliveira 19.07.22 14h13 | ||||
Desistam, esse caso da Ledur é como enxugar gelo, não vai dar em nada, aqui no Brasil é assim quando envolve uma autoridade policial....de vitima, vc vira réu. | ||||
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JOSÉ RICARDO 18.07.22 17h48 |
JOSÉ RICARDO, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas |