O juiz Jean Garcia de Freitas, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, negou recurso de cinco condenados em decorrência da Operação Ragnatela, que pediam a rediscussão ou nulidade da sentença proferida em julgamento no dia 18 de agosto. O grupo foi condenado por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa.
A decisão foi publicada nesta quarta-feira (10). O magistrado afirmou que não há obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão na sentença.
A Ragnatela foi deflagrada em junho do ano passado e desmantelou um esquema de lavagem de dinheiro da maior facção criminosa do Estado por meio da compra de casas noturnas e realização de shows em Cuiabá.
No documento, a defesa do empresário Willian Aparecido da Costa Pereira, o "Gordão", condenado a 14 anos e 1 mês de prisão em regime fechado, alegou obscuridade motivada pela ausência do registro da data de início da interceptação telefônica da qual foi alvo e das diligências preliminares que resultaram no relatório policial que o indiciou.
"Não há que se falar em nulidade, visto que a medida foi regularmente autorizada e os elementos obtidos foram devidamente transcritos e analisados, tendo a sentença fundamentada com base nas provas constantes dos autos", rechaçou o magistrado.
Também questionaram a sentença as defesas de Joadir Alves Gonçalves, o "Jogador" ou "Véio", condenado a 12 anos e 10 meses, o empresário Agner Luiz Pereira de Oliveira Soares, condenado a 10 anos e 2 meses, Elzyo Jardel Xavier Pires, promotor de eventos e ex-servidor da Câmara de Cuiabá, 10 anos e 2 meses e a contadora Kamilla Beretta Bertoni, condeanda a 7 anos e 6 meses, a única em regime semiaberto.
Conforme o magistrado, ficou exposto que as defesas, por não concordarem com a decisão, alegaram contradição, omissão e obscuridade na decisão, por mera insatisfação.
Ainda segundo ele, estão insistindo em discutir novamente pontos já analisados e fundamentados, sem que exista erro ou falha que justifique o uso desse recurso.
"Ao contrário do alegado, é evidente que as defesas, insatisfeitas com a decisão proferida pelo Juízo de primeiro grau, tentam “infligir” confusão entre os institutos da contradição, omissão e obscuridade com a irresignação. Nesse sentido, insistem em questões de mérito analisadas e fundamentadas, sem qualquer vício que justifique a interposição do recurso em questão", destacou o juiz.
Outros condenados
Além de Joadir Gonçalves e Willian Pereira, também foi condenado acusado de liderar a facção Joanilson de Lima Oliveira, o “Japão”, a 5 anos e 6 meses de prisão em regime fechado.
Receberam penas ainda o promotor de eventos e ex-servidore da Câmara de Cuiabá Rodrigo de Souza Leal, a 10 anos e 9 meses de prisão em regime fechado, e o jogador de futebol João Lennon Arruda de Souza, a 3 anos e 6 meses de prisão também em regime fechado.
De todos os condenados, apenas Joadir Alves, Joanilson de Lima e Willian “Gordão” seguiram presos. Os demais estão recorrendo em liberdade.
Na mesma decisão, o magistrado absolveu por falta de provas: Ana Cristina Brauna Freitas, Matheus Arajo Barbosa, Rafael Piaia Pael, Wilson Carlos da Costa, Lauriano Sai Gomes da Cruz e Clawilson Almeida Lacava.
A operação
A Operação Ragnatela foi deflagrada pela FICCO (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado), composta pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Civil e Polícia Militar de Mato Grosso.
Conforme as investigações, o grupo investigado adquiriu casas noturnas, como o antigo Dallas Bar, e lavava o dinheiro por meio da realização de shows nacionais. O esquema seria liderado por Joadir Alves Gonçalves, conhecido como "Jogador".
De acordo com a investigação, o dinheiro que ele investia na aquisição de casas noturnas e realização de shows saía do recolhimento da venda de drogas.
Posteriormente, os valores seriam repassados a Willian Aparecido da Costa Pereira, o "Gordão", proprietário do antigo Dallas Bar.
Ainda conforme o inquérito, "Gordão" transferia os valores para os promotores de eventos Rodrigo Leal e Jardel Pires, com objetivo de custear parte dos shows no Dallas e outras casas noturnas.
Segunda fase
Em setembro de 2024, a Ficco deflagrou a segunda fase da operação, a Pubblicare, que teve como alvo principal o ex-vereador de Cuiabá Paulo Henrique, acusado de articular a concessão de licenças para realização dos shows em casas noturnas, recebendo, em contrapartida, benefícios financeiros.
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