Cuiabá, Sexta-Feira, 24 de Outubro de 2025
MATOU CASAL
20.01.2023 | 17h50 Tamanho do texto A- A+

Juíza critica "certeza de impunidade" e decreta prisão preventiva

Carlos Alberto Gomes Bezerra foi preso na noite de quarta, horas depois de matar ex e namorado dela

Chico Ferreira/Gazeta

Carlos Alberto Gomes Bezerra está preso em um ala especial da PCE

Carlos Alberto Gomes Bezerra está preso em um ala especial da PCE

THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO

A Justiça decretou a prisão preventiva do empresário Carlos Alberto Gomes Bezerra, que confessou ter assassinado a ex-companheira, Thays Machado, de 44 anos, e o namorado dela, Wilian Cesar Moreno, de 30.

 

A decisão é assinada pela juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Cuiabá, e foi publicada na tarde desta sexta-feira (20). Ela afirmou que o empresário, que é filho do deputado federal Carlos Bezerra (MDB), tinha "certeza da impunidade". 

 

O crime ocorreu nesta quarta-feira (18), em frente ao edifício Solar Monet, no Bairro Consil.

 

Carlos foi preso em flagrante pela Polícia Civil horas depois do crime, em uma fazenda da família, em Campo Verde.

 

Na decisão, a magistrada afirmou que a liberdade do acusado representa "grande risco para a ordem pública e a aplicação da lei penal", citando o fato dele ter fugido do local do crime. 

  

Disse ainda que ele acreditava na impunidade, "alimentadas pela posição social ostentada pelo mesmo e pelos laços de parentesco com seu pai, o ex-senador, ex-governador do Estado, ex-prefeito do munícipio de Rondonópolis e deputado federal, Carlos Bezerra", escreveu.

 

Contudo, era justamente a posição social ostentada pelo custodiado, o estudo e a experiência de vida que, em casos semelhantes deveria impedir que o mesmo atentasse contra a vida de qualquer pessoa

Contudo, era justamente a posição social ostentada pelo custodiado, o estudo e a experiência de vida que, em casos semelhantes deveria impedir que o mesmo atentasse contra a vida de qualquer pessoa, mas que, em análise preliminar neste momento, alimentou a certeza da impunidade", afirmou. 

 

"Em que pese as famílias cuiabanas ao longo de décadas terem consagrado o “é gente de quem” como forma de assegurar-se sobre a companhia de seus filho(a)s, neste caso, tristemente, a procedência familiar do custodiado não bastou para respaldar sua conduta moral. Gente de quem, não é, infelizmente, necessariamente sinônimo de gente de bem”, acrescentou. 

 

A magistrada ainda afirmou que o "crime praticado abalou severamente a ordem pública pela crueldade de se matar duas pessoas, que minutos antes da prática do crime estavam conversando, sorrindo, de mãos dadas". 

 

Ela ainda chamou de "frágil" e "estapafúrdia" a justificativa apresentada pelo acusado em depoimento à Polícia Civil.

 

Ele alegou ter cometido o crime por conta de uma suposta “neuropatia diabética” que haveria lhe “descompensado emocionalmente”. A investigação, entrentanto, conforme a juíza, demostra que ele andava ameaçando Thays por não aceitar o fim do relacionamento. 

 

"Diante disso, rui por completo a frágil e estapafúrdia justificativa do custodiado acerca dos motivos que o teriam levado ao cometimento do crime ao aduzir que estaria acometido por “neuropatia diabética” que haveria lhe “descompensado emocionalmente”, declarou. 

 

"Primeiro pelos indícios de que seu 'descompasso emocional' é muito anterior ao crime e tem outras origens que não a doença diabetes e segundo porque a alegada neuropatia diabética não tem como sintoma a agressividade, o descontrole e nem a violência capaz de levar a prática de um feminicídio e um homicídio qualificado, tendo, prima facie e salvo melhor juízo, como sintomas tão somente a afetação dos nervos periféricos das extremidades do corpo (mãos e pés), não possuindo qualquer afetação neurológica capaz de alterar o comportamento do custodiado", pontuou. 

 

O crime

 

O casal foi até o edifício, onde mora a mãe de Thays para deixar um veículo na garagem. Ao sair na portaria para aguardar a chegada de veículo de transporte por aplicativo, as vítimas foram surpreendidos pelo assassino, que conduzia um Renault Kwid, e passou a fazer os disparos contra Thays e Willian, que morreram ainda no local.

 

A perícia preliminar de criminalística da Politec constatou que Thays foi atingida por três disparos, sendo dois nas costas e um na altura do quadril.

 

Willian, mesmo atingido no braço esquerdo e no peito com três disparos, ainda tentou fugir do atirador, mas caiu na calçada, a poucos metros de Thays.

 

Conforme os primeiros levantamentos realizados pela equipe da DHPP, Thays e William estavam em um relacionamento, mas a mulher vinha sofrendo ameaças do ex-companheiro e suspeito do crime.

 

Ela teria comentado com familiares que estava sendo ameaçada de morte e ia registrar um boletim de ocorrência contra o agressor.

 

Leia mais: 

 

Leia mais:

Casal é assassinado com vários tiros em frente a prédio no Consil

 

Filho de deputado federal é acusado de matar casal em Cuiabá

 

Acusado, filho de deputado é preso em fazenda no interior de MT

 

Autor alega "descompensa emocional" causada pela diabetes

 

Irmão: Assassino abordou casal com arma horas antes do crime

 

Autor ameaçou colega da vítima na sede do Tribunal de Justiça

 

Após audiência, assassino segue preso e será levado para a PCE

 

Entre no grupo do MidiaNews no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).




Clique aqui e faça seu comentário


COMENTÁRIOS
5 Comentário(s).

COMENTE
Nome:
E-Mail:
Dados opcionais:
Comentário:
Marque "Não sou um robô:"
ATENÇÃO: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. Comentários ofensivos, que violem a lei ou o direito de terceiros, serão vetados pelo moderador.

FECHAR

Roberto rezende   21.01.23 09h29
A CERTEZA DA IMPUNIDADE, ESTA NAS ESTANCIAS SUPERIORES, NAO PRECISA DIZER !!!
13
2
Marco   21.01.23 06h47
Tomara que seja mantido preso, parabéns merentissima pela atitude, vamos vê a decisão de outros Juízes.
27
1
Kerle Santana   20.01.23 23h25
Essa juíza foi perfeita em suas palavras, fiquei tão tocada com seus dizeres, pois é exatamente assim que cidadãos cuiabanos como eu e toda minha família nos sentimos, traídos, assustados revoltados, tristes, por uma atitude tão cruel de uma pessoa conhecida como "gente da gente", " povo de quem a gente conhece"... Mas que precisa pagar pelo que fez, porque me senti como mulher, levanto um tapa na cara quando li "foi por causa da diabete", de verdade, fiquei tão revoltada, com tanta raiva, na hora pensei, já ouviu o advogado, e começou a "mentirada"... Nós mulheres, mães cubanas merecemos respeito, ao menos dos que devem trabalhar pela justiça.. Obrigada!
28
1
Thaiz  20.01.23 22h39
Analise e conduta perfeita juiza.A justica sera feita e ela descansara em paz.
25
1
Zeca   20.01.23 18h28
Em um país sério, seria no mínimo prisão perpétua.
27
0