Cuiabá, Terça-Feira, 29 de Julho de 2025
TERRA INDÍGENA MARAIWATSÉDÉ
19.02.2024 | 17h57 Tamanho do texto A- A+

Justiça bloqueia R$ 132 mi de réus acusados de exploração ilegal

Os envolvidos são acusados de participar de um esquema de arrendamento ilegal

Divulgação

Gado na Terra Indígena Maraiwatsédé, no Noroeste de Mato Grosso

Gado na Terra Indígena Maraiwatsédé, no Noroeste de Mato Grosso

DA REDAÇÃO

A Justiça Federal de Mato Grosso acolheu pedido do Ministério Público Federal (MPF) e determinou a indisponibilidade de bens, no valor de R$ 132 milhões, de seis réus em ação civil pública que busca o pagamento de indenização pela exploração ilegal da Terra Indígena Maraiwatsédé, no Noroeste do Estado.

 

Os envolvidos são acusados de participar de um esquema de arrendamento ilegal, corrupção e crimes ambientais praticados no interior do território Xavante.

 

Ajuizada em outubro de 2022, a ação do MPF pede a condenação dos réus por danos morais coletivos em razão da degradação ambiental e social provocada pela exploração ilegal de pecuária no interior da terra indígena, revelada pela Operação Res Capta.

 

A decisão de indisponibilidade dos bens alcança quatro servidores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), um sargento da Polícia Militar e um ex-PM. 

 

Realizada em parceria com a Polícia Federal em março de 2022, a Operação Res Capta teve como objetivo desarticular estruturas voltadas ao arrendamento ilegal de áreas da Terra Indígena Marãiwatsédé.

 

Conforme o MPF, os arrendamentos eram instrumentalizados por "contratos fraudulentos de parceria, graças à articulação de liderança indígena cooptada e de servidores públicos que teriam recebido propina para possibilitar a particulares o uso de áreas do território tradicional para pecuária".

 

As investigações apontam para o envolvimento de três núcleos no esquema: fazendeiros, que arrendavam as terras; lideranças indígenas; e servidores da Funai.

 

Além da ação que pede a reparação do dano ambiental, também estão tramitando na Justiça ações criminais que denunciam ilícitos como a constituição de milícia privada, corrupção ativa e passiva e crimes ambientais. Também foram propostas ações de improbidade administrativa pela prática de atos que resultaram em enriquecimento ilícito dos envolvidos.

 

Segundo o MPF, os réus cobravam mensalidades médias de R$ 25 mil de fazendeiros da região para direcionar e intermediar arrendamentos ilegais no interior do território Xavante.

 

Os pagamentos eram monitorados pelos integrantes do esquema, que faziam o serviço de cobrança e retiravam do local os arrendatários inadimplentes. Em seguida, conforme a acusação, direcionavam outros para ocuparem as terras mediante o pagamento de propina.

 

Gravidade dos danos 

 

Perícias realizadas pela Polícia Federal no interior da terra indígena apontaram extenso dano ambiental provocado por queimadas para formação de pastagem, desmatamento e implantação de estruturas voltadas à atividade agropecuária. A atividade também dificultou e impediu a regeneração natural da vegetação.

 

Segundo laudos técnicos, o valor mínimo necessário para a reparação dos danos, como custo de reflorestamento por hectare, foi fixado em cerca de RS 12 mil.

 

Assim, a quantificação do dano foi obtida pela multiplicação desse valor pelo tamanho da área ocupada por arrendatário, declarada em depoimento. O montante total da reparação buscada na ação civil pública supera R$ 667 milhões.

 

 

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