Cuiabá, Segunda-Feira, 21 de Julho de 2025
MORTE DE ADVOGADO
21.07.2025 | 16h16 Tamanho do texto A- A+

MPE: arma que matou Nery foi entregue no batalhão da Rotam

O policial militar Ícaro Ferreira foi preso em 17 de abril; ele teria "emprestado" a pistola usada no crime

Victor Ostetti/MidiaNews

O delegado Bruno Abreu, que investigou o caso, exibindo a pistola Glock G17 utilizada no crime contra Renato Nery

O delegado Bruno Abreu, que investigou o caso, exibindo a pistola Glock G17 utilizada no crime contra Renato Nery

ANGÉLICA CALLEJAS
DA REDAÇÃO

O policial militar Ícaro Nathan Santos Ferreira, preso desde 17 de abril por envolvimento no homicídio do advogado Renato Nery, teria entregue, pessoalmente, a pistola utilizada no crime ao PM Heron Teixeira Pena Vieira, articulador do assassinato, dentro do batalhão da Rotam, em Cuiabá.

Esta arma foi entregue a Heron Teixeira Pena Vieira nas dependências do próprio batalhão

 

De acordo com a denúncia do MPE (Ministério Público Estadual), a testemunha Kaster Huttner Garcia informou em depoimento à DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) que Ícaro não só intermediou o "empréstimo" da arma, como também auxiliou no repasse dos pagamentos do crime. 

 

"Conforme amplamente demonstrado pelas investigações e depoimentos de Kaster Huttner Garcia, Ícaro foi responsável por fornecer a pistola Glock, modelo G17, calibre 9mm, equipada com adaptador de automação para disparos em rajada [...]. Esta arma foi entregue a Heron Teixeira Pena Vieira nas dependências do próprio batalhão", consta na denúncia.

 

"Dias após o crime, segundo o relato da testemunha Kaster Huttner Garcia, Ícaro cobrou pessoalmente a devolução da arma de Heron, em conversa presenciada por testemunhas nas dependências do Batalhão Rotam, ocasião em que disse: "ó cara preciso que cê desenrola pra me devolver a situação lá", referindo-se à pistola como "bomba de tereré"".

 

Ainda de acordo com o depoimento do investigado, dias depois desse episódio, Ícaro foi até um escritório no bairro Chapéu do Sol, em Várzea Grande, onde pegou com o PM Jackson Pereira Barbosa um envelope contendo dinheiro, e o entregou a Heron. 

 

Jackson é policial em Primavera do Leste, e, como consta na denúncia, teria sido o intermediador do crime que tinha contato direto com os supostos mandantes, o casal de empresários de Primavera, Julinere Goulart Bentos e César Jorge Sechi. Eles também estão presos e foram denunciados pelo MPE.

 

"As investigações revelaram que os denunciados Julinere Goulart Bentos e César Jorge Sechi estabeleceram contato com o réu Jackson Pereira Barbosa, agente da segurança pública estadual, integrante da Polícia Militar. Por intermédio do réu Jackson, que mantém amizade com outros policiais militares, procedeu-se à contratação do intermediário e réu Heron Teixeira Pena Vieira, bem como do executor material do delito, o réu Alex Roberto de Queiroz Silva".

 

A motivação

 

Conforme revelado pela Polícia Civil, o casal de empresários e Renato Nery travavam uma batalha judicial pela posse de terras no Município de Novo São Joaquim, avaliadas em mais de R$ 30 milhões.

   

O processo envolveu a reintegração de posse das áreas que Nery recebeu a área como pagamento de honorários advocatícios de ação em que atuou por mais de 30 anos.

   

Outros envolvidos

 

No âmbito da investigação do homicídio de Nery, foram indiciados na primeira etapa os policiais militares da Rotam que teriam forjado um confronto para plantar com supostos criminosos a arma utilizada para matar o advogado. 

 

Identificados como Leandro Cardoso, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Jorge Rodrigo Martins, os PMs foram indiciados em 30 de abril por homicídio qualificado, duas tentativas de homicídio, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo.

 

No dia 1º de maio, Heron Vieira, acusado de ser articulador do crime, e o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, apontado como autor dos disparos, foram indiciados por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, paga ou promessa de recompensa e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

 

Já em 23 de junho, os PMs Jackson Barbosa e Ícaro Nathan Santos Ferreira, foram indiciados por homicídio triplamente qualificado por promessa de recompensa, emprego de meio que possa resultar perigo comum e recurso que impossibilitou a defesa vítima.

 

Por último, finalizando a investigação, foram indiciados no dia 11 de julho o casal César e Julinere, por homicídio qualificado por motivo torpe, promessa de recompensa, emprego de meio que possa resultar em perigo comum e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

 

O homicídio 

 

Ex-presidente da OAB-MT, Renato Nery foi atingido por um disparo na cabeça no dia 5 de julho de 2024, quando chegava em seu escritório na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá. 

 

Socorrido com vida, ele foi levado às pressas para o Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá, onde passou por cirurgias, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.

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