A denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) que gerou a decretação da prisão da empresária Mônica Marchett, acusada de mandar matar os irmãos Brandão Araújo Filho e José Carlos Machado Araújo, mostra a relação de proximidade dela e do pai, Sérgio João Marchett, com o ex-comendador João Arcanjo Ribeiro.
Conforme o MPE, dois pistoleiros de Arcanjo, o ex-cabo Hércules de Araújo Agostinho e o ex-PM Célio Alves, que executaram os irmãos Araújo, em 1999 e 2000, em Rondonópolis ( a 215 km de Cuiabá), a mando dos Marchett.
A denúncia foi oferecida em novembro do ano passado. No último dia 7 de outubro, o juiz Wagner Plaza Machado Junior, da 1º Vara Criminal de Rondonópolis, decretou a prisão preventiva da empresária, após ela não ser encontrada para se manifestar e não atender as intimações feitas via edital.
Mônica foi denunciada pelo MPE como mandante apenas pela morte de José Carlos, conhecido como Zezeca, em 28 de dezembro de 2000. Isso porque, o assassinato de Brandão, ocorrido em 10 de agosto de 1999, estaria prescrito.
O órgão pede que ela seja responsabilizada criminalmente pelo homicídio.
Relação com Arcanjo
O MPE ressalta que entre os anos 90 e 2000, Arcanjo era figura de destaque na high society mato-grossense e, em Rondonópolis, além de outros “ricos e famosos que circulavam a tiracolo” com ele, estavam também Sérgio e Mônica Marchett.
Foram juntados ao processo recortes de colunas sociais em revistas e jornais da época que mostram a ligação entre eles.
Segundo o Ministério Público, o então comendador costumava disponibilizar seus ‘sicários’ para amigos próximos “quando estes precisavam resolver - de forma nada ortodoxa - pendências comerciais com seus inimigos".
"É nesse contexto que foram assassinados os irmãos Araújo, tratando-se de Brandão Araújo Filho, morto aos 10/08/199 (crime prescrito, portanto), e José Carlos Machado Araújo, o 'Zezeca', morto aos 28/12/2000, ambos executados nesta cidade de Rondonópolis, pelas mãos de sicários do comendador Arcanjo, a mando dos Marchett", diz trecho da denúncia.
"Reafirma-se, pois, aqui: os irmãos Araújo foram assassinados por então pistoleiros do comendador Arcanjo, a mando dos Marchett, tendo estes se aproveitado do vínculo de proximidade que tinham com o comendador para valerem-se de seus pistoleiros com o objetivo de eliminar a vida das vítimas, com quem tinham desacordos comerciais", diz outro trecho denúncia.
Disputa de terras
Divulgação
A empresária Mônica Marchett que teve a prisão preventiva decretada
Conforme o MPE, o assassinato dos irmãos após o desentendimento na negociação de uma terra na região conhecida como “Mineirinho”, a 70 km de Rondonópolis.
Após a transação frustrada, o caso foi parar na Justiça, o que teria motivado Sérgio João e Mônica a pedir a execução dos irmãos.
"Com efeito, Mônica Marchett, administradora direta de uma das empresas do grupo Marchett, e sabedora do embate negocial envolvendo o pai e a vítima José Carlos Machado Araújo, aderiu aos motivos familiares, aceitando participar do plano que deu cabo a vida dos irmãos Araújo, tudo em razão de disputa pela propriedade de uma fazenda".
Conforme o MPE, Mônica e o pai pagaram R$ 120 mil pela morte dos irmãos.
Parte do pagamento teria envolvido a entrega de um Vokswagen Gol, do tipo “bola”, que pertencia à agropecuária administrada por Mônica.
Célio e Hércules já foram condenados pelas mortes. Hércules foi sentenciado há 27 anos e 11 meses de prisão pelos crimes. Já Célio pegou 24 anos de prisão.
Sérgio João Marchett, por sua vez, foi beneficiado com uma decisão do Tribunal de Justiça que declarou prescrito sua participação no duplo assassinato. (leia mais AQUI)
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