Cuiabá, Quarta-Feira, 23 de Julho de 2025
CASO NERY
23.07.2025 | 07h00 Tamanho do texto A- A+

MPE: PM pôs Hilux de casal à venda para justificar movimentação

Jackson Pereira Barbosa é réu por envolvimento no homicídio de Renato Nery e está preso desde abril

Reprodução

O policial militar Jackson Pereira Barbosa, réu por envolvimento no homicídio do advogado Renato Nery

O policial militar Jackson Pereira Barbosa, réu por envolvimento no homicídio do advogado Renato Nery

ANGÉLICA CALLEJAS
DA REDAÇÃO

Réu por envolvimento no homicídio do advogado Renato Nery, em julho do ano passado, em Cuiabá, o policial militar de Primavera do Leste, Jackson Pereira Barbosa, preso desde abril, teria colocado à venda uma caminhonete Toyota Hilux para os supostos mandantes do crime. A informação consta na denúncia do MPE (Ministério Público Estadual) contra ele.

 

Jackson demonstrou conhecimento prévio da necessidade de justificar movimentações financeiras suspeitas, inclusive colocando uma Hilux à venda na garagem de um amigo "como se fosse pra vender e na hora que vendesse era pra mandar o dinheiro direto" aos mandantes

Conforme a investigação revelou, o casal de empresários da cidade, Julinere Goulart Bentos e César Jorge Sechi, que estão detidos desde 9 de maio, teriam encomendado a morte de Nery devido à uma disputa judicial pela posse de terras no Município de Novo São Joaquim, avaliadas em mais de R$ 30 milhões.

   

O processo envolveu a reintegração de posse da área que o advogado recebeu como pagamento de honorários advocatícios de ação em que atuou por mais de 30 anos.

 

Meses antes de ser assassinado, Nery havia ganhado uma ação no processo que bloqueou o arrendamento de mais de R$ 2 milhões da propriedade, o que teria sido o estopim.

 

"Jackson demonstrou conhecimento prévio da necessidade de justificar movimentações financeiras suspeitas, inclusive colocando uma Hilux à venda na garagem de um amigo 'como se fosse pra vender e na hora que vendesse era pra mandar o dinheiro direto' aos mandantes, conforme relatado por Heron em seu interrogatório", diz a denúncia.

 

Heron Teixeira Pena Vieira foi o policial militar que teria sido contratado por Jackson para ser o articulador do crime. Heron é suspeito de ser responsável por "alugar" o serviço de pistolagem de Alex Roberto de Queiroz Silva, que foi seu caseiro em uma chácara no bairro Capão Grande, em Várzea Grande, durante o planejamento do homicídio e depois, onde ficou escondido.

 

"Jackson foi responsável por repassar informações cruciais para a execução do crime, incluindo o endereço exato do escritório da vítima. Durante encontros realizados em Primavera do Leste, atuou na coordenação dos detalhes da operação criminosa, utilizando-se, para os deslocamentos, de veículos Toyota Hilux SW4, de cor branca, e Mercedes-Benz".

 

O PM ainda teria sido o responsável por realizar o pagamento aos executores, que tinha valor combinado de R$ 200 mil.

 

Entretanto, segundo revelado pela Polícia, o valor total não foi pago, o que gerou desagrado entre os envolvidos e resultou na confissão de Heron em depoimento aos investigadores dias antes da prisão dos supostos mandantes.

 

Outros envolvidos

 

No âmbito da investigação do homicídio de Nery, foram indiciados na primeira etapa os policiais militares da Rotam que teriam forjado um confronto para plantar com supostos criminosos a arma utilizada para matar o advogado. 

 

Identificados como Leandro Cardoso, Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira e Jorge Rodrigo Martins, os PMs foram indiciados em 30 de abril por homicídio qualificado, duas tentativas de homicídio, fraude processual e porte ilegal de arma de fogo.

 

No dia 1º de maio, Heron Vieira, acusado de ser articulador do crime, e o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, apontado como autor dos disparos, foram indiciados por homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, paga ou promessa de recompensa e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

 

Já em 23 de junho, os PMs Jackson Barbosa e Ícaro Nathan Santos Ferreira, foram indiciados por homicídio triplamente qualificado por promessa de recompensa, emprego de meio que possa resultar perigo comum e recurso que impossibilitou a defesa vítima.

 

Por último, finalizando a investigação, foram indiciados no dia 11 de julho o casal César e Julinere, por homicídio qualificado por motivo torpe, promessa de recompensa, emprego de meio que possa resultar em perigo comum e recurso que impossibilitou a defesa da vítima.

 

O homicídio 

 

Ex-presidente da OAB-MT, Renato Nery foi atingido por um disparo na cabeça no dia 5 de julho de 2024, quando chegava em seu escritório na Avenida Fernando Corrêa, em Cuiabá. 

 

Socorrido com vida, ele foi levado às pressas para o Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá, onde passou por cirurgias, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.

 

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