PF: esquema pagou IPTU e despesas de lancha de ex-secretário

O suposto esquema de desvio de dinheiro público na Saúde de Cuiabá teria sido usado para pagar despesas pessoais do ex-secretário da Pasta, Célio Rodrigues da Silva.

Célio foi preso nesta quinta-feira (28) pela Polícia Federal na segunda fase da Operação Curare, denominada Cupincha.

Segundo a Polícia Federal, foram identificados pagamentos de condomínio de um imóvel residencial, de despesas de uma lancha na Marina Morro de Chapéu, IPTU e de um contrato de compra e venda de imóvel.

Conforme a PF, alguns pagamentos foram realizados pela empresa Ventura Prestadora de Serviços Médicos Hospitalares Ltda, que está em nome do empresário Liandro Ventura da Silva, apontando como “assistente” de Célio Rodrigues. Ele também teve o mandado de prisão expedido, mas está foragido.

A suspeita da PF é de que Célio Rodrigues seja o verdadeiro proprietário da Ventura, cujo nome fantasia é Hospmed Serviços Médicos e Hospitalares.

Segundo as investigações, a empresa recebeu mais de R$ 2 milhões entre 2020 e 2021 da Ultramed Serviços Médicos e Hospitalares Ltda, Hipermed Serviços Médicos e Hispitalares S.A. e Douglas Castro – Me (Vip Serviços Médicos), todas contratadas pela Prefeitura de Cuiabá para prestação de serviços hospitalares. 

Essa subcontratação por parte de empresas que têm contratos com a Prefeitura é chamada de "quarteirização".

“A autoridade policial identificou diversos pagamentos de despesas pessoais do investigado Célio Rodrigues da Silva realizados pela empresa Ventura Prestadora de Serviços Médicos Hospitalares Ltda; a partir do aparelho celular apreendido do investigado, foi possível identificar pagamento de condomínio de imóvel residencial, as despesas de uma lancha na Marina Morro do Chapéu; pagamentos de IPTU”, diz trecho da investigação.

Já o pagamento do contrato de compra e venda de um imóvel, de acordo com a Polícia Federal, foi feito pelo empresário Marcelo Pereira da Silva, sócio e proprietário da empresa Smallmed Serviços Médicos e Hospitalares Eireli, prestadora de serviço da Empresa Cuiabana de Saúde Pública, no período no qual Célio Rodrigues era diretor administrativo e geral da entidade.

A operação

Além de Célio Rodrigues, a ação também resultou na prisão do seu sócio, o empresário Paulo Roberto de Souza Jamur. Ainda foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e bloqueio de R$ 46 milhões em bens dos investigados.

A operação apura uma suposta organização criminosa que atuaria desviando recursos da Saúde de Cuiabá por meio de prestação de serviços em leitos de enfermaria e UTI para Covid-19.

As investigações apontam que essas empresas foram contratadas pela Empresa Cuiabana de Saúde Pública e a Secretaria Municipal de Saúde por meio de contratos eivados de inúmeras ilegalidades, incluindo, sobrepreço.

Para se manter à frente dos serviços públicos, conforme a PF, elas faziam pagamento de vantagens indevidas para o ex-secretário seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou até mesmo recém transformadas para o ramo da saúde. 

Segundo a PF, o grupo empresarial investigado recebeu, entre os anos de 2019 e 2021, mais de R$ 100 milhões da Prefeitura de Cuiabá.

Célio e Paulo Roberto ainda são apontados como sócios ocultos da Cervejaria Cuyabana, comprada pelo grupo em fevereiro deste ano, supostamente com recursos da Ventura Prestadora de Serviços Médicos. No quadro societário da empresa está a mulher de Célio, Joany Costa de Deus e Liandro Ventura.

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