O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), alertou para a "gravidade extrema" e “letalidade potencial imensurável” da organização criminosa armada, alvo da Polícia Federal, que se intitulava Comando C4 (Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos).
A classificação está na decisão do ministro que autorizou a deflagração da Operação Sisamnes, da PF, na quarta-feira (28). Os policiais cumpriram cinco mandados de prisão, quatro de monitoramento eletrônico e seis de busca e apreensão.
Zanin apontou que as investigações da PF indicam que o “Comando C4” seria uma organização armada responsável pela prática de crimes como espionagem e homicídios sob encomenda.
“A letalidade potencial da organização é imensurável, dada sua elevada capacidade operacional e bélica, notadamente porque integrada por agentes que pertencem ou pertenceram às Forças Armadas e que receberam treinamento militar especializado”, consta em trecho da decisão.
“Assim, a hipótese criminal se reveste de gravidade extrema, a justificar resposta imediata desta Suprema Corte”, emendou.
Divulgação
Armas apreendidas durante a Operação Sismanes
Uma espécie de tabela com estruturação, itens e até valores para cometer os crimes foi encontrada pela PF em outras fases da operação. Nas anotações, ficou indicado que a espionagem de "figuras normais" custaria R$ 50 mil; deputados, R$ 100 mil; senadores, R$ 150 mil; e ministros ou membros do Judiciário: R$ 250 mil.
Zanin alertou que, por ora, “não se deve antecipar qualquer juízo de culpa ou condenação”, mas o documento “sugere capacidade de identificação, monitoramento de alvos, agenciamento de pessoal e capacidade operacional, inclusive financeira”.
Ele destacou o “elevado potencial de letalidade nas ações da organização criminosa, o que evidencia o perigo de manutenção da liberdade dos indivíduos”.
As investigações apontaram que integrariam o grupo o coronel do exército Etevaldo Luiz Caçadini de Vargas, Antônio Gomes da Silva, Hedilerson Fialho Martins, que já estavam presos desde o ano passado. Outro suposto integrante seria Gilberto Louzada da Silva. Todos tiveram mandado de prisão cumpridos nessa fase da operação.
Também foi preso o empresário Aníbal Manoel Laurindo, apontado como mandante do assassinato do advogado Roberto Zampieri em dezembro de 2023. Ele teria, em tese, contratado o grupo para executar o advogado.
Durante o cumprimento de um dos mandados em Minas Gerais, a PF encontrou um arsenal na casa de um dos suspeitos.
Veja tabela encontrada pela PF:

Inicio das investigações
Zampieri foi assassinado no dia 5 de dezembro de 2023, quando saía de seu escritório no Bairro Bosque da Saúde, em Cuiabá. Ele foi surpreendido pelo pistoleiro, Antônio Gomes, depois de entrar em seu carro.
Nas investigações, a polícia apreendeu o seu celular do advogado e as conversas apontaram para um suposto esquema de corrupção envolvendo venda de decisões judiciais e de vazamento de informações judiciais sigilosas.
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