Platão foi um dos mais importantes filósofos da Grécia Antiga, tendo fundado, em 387 a.C., a Academia, primeira escola do mundo ocidental. As teorias e concepções platônicas estão diretamente ligadas à sua teoria da alma.
No seu livro “República”, Platão concebe o homem como corpo e alma separáveis. Enquanto o corpo, que nada sabe, é mortal e impuro, a alma, que tudo sabe, é pura, imutável e eterna.
A ciência, ancorada no método científico, decretou a não existência da alma na falta de evidências e de comprovações objetivas acerca de sua realidade física.
No entanto, Michael Graziano, pesquisador da Universidade de Princeton, um das mais prestigiadas dos Estados Unidos, sugere que o cérebro realiza tentativas de copiar a si próprio, transcendendo os processos mais simples, descritos via neurônios e sinapses, simulando algo que seria uma espécie de consciência, um “fantasma” que coabita o cérebro, ao qual podemos associar o conceito de alma, se considerarmos as funções atribuídas a ela por Platão.

Nesta mesma linha, o pesquisador Max Tegmark, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), também nos EUA, associa a ideia de alma a um estado especial da matéria, o “perceptorium”, que transcende as suas fases clássicas: sólida, gasosa ou líquida.
O “perceptorium” seria o ente responsável e proporcionaria a subjetividade, que viabiliza a existência da consciência, fruto transcendente dos arranjos complexos de átomos e moléculas, semelhante ao que propunha Platão.
Como tais pensamentos se relacionam com algumas teorias educacionais contemporâneas? Não há nada direto ou evidente, mas aparentemente tudo se passa como se a alma ou estados transcendentes de consciência estivessem associados ao conceito de metacognição, ou seja, além da cognição.
Cognição está relacionada aos processos mentais de aquisição do conhecimento, envolvendo fatores diversos como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio etc. Curiosamente, a palavra “cognitionem” tem sua origem nos escritos de Platão e Aristóteles.
Metacognição se conecta ao aprender a aprender, algo além do aprender e suas etapas clássicas, abrangendo conhecer o próprio ato de aprender, contemplando especialmente os níveis de consciência ativa dos atores envolvidos no processo de aprendizagem.
Assim, metacognição está relacionado ao ato de pensar sobre o próprio pensamento, no qual a reflexão e a autoconsciência sobre a maneira como se aprende tornam-se, progressivamente, tão importantes como o próprio conhecer.
Tão ou mesmo mais importante do que aquilo que se aprendeu é se o educando aumentou, ao longo do processo de aprendizagem, o seu nível de consciência sobre os mecanismos segundo os quais a educação se desenvolve.
Se cognição é ensino, metacognição é educação, lembrando as palavras de Albert Einstein: “Educação é o que fica depois que esquecemos o que nos foi ensinado”.
De forma bastante simplificada, cognição estaria ligada aos processos clássicos do cérebro e a aquisição de conhecimento, envolvendo as camadas de saberes, mediados pelos neurônios e pelas sinapses, enquanto metacognição incluiria algo transcendente que lembraria o conceito da alma ou consciência, contemplando, em complemento, a reflexão sobre o próprio conhecer e as diversas interconexões entre as camadas de saberes.
RONALDO MOTA é reitor da Universidade Estácio de Sá.
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1 Comentário(s).
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| Carlos Nunes 23.07.16 16h14 | ||||
| Bem, de acordo com um dos doutores da Igreja, João da Cruz, existem a Alma e o Espírito. Dizem que JESUS transmitiu-lhe os fundamentos para escrever o Livro: A Noite Escura da Alma e a Noite Escura do Espírito. Só que não entenderam o livro bulhufas, pois na idade média a Igreja retirou da Bíblia tudo o que mencionava Reencarnação...sim houve uma votação e a Reencarnação perdeu por 3 votos a dois. A Noite Escura da Alma seria o conjunto de Reencarnações que a Alma passa, até se tornar tão pura e leve, que se une ao Cristo Pessoal de cada um (cada um de nós tem uma parte do Cristo). Em todas as parábolas de JESUS, quando ele menciona a Noiva, simboliza a Alma...e o Cristo de cada um é o Noivo. Depois que a Alma sai da roda das Reencarnações...na última delas, passa pelas Iniciações, aí entra a Noite Escura do Espírito, as provas finais - Alma integrada ao Cristo, parte rumo ao Espírito que é imortal. Espírito só nasce uma vez, e não reencarna...paira acima do corpo físico, só Alma reencarna. O erro do Alan Kardec foi intitular o seu livro de Livro dos Espíritos...devia ser Livro das Almas, conseguiu unificar os conhecimentos milenares de vários culturas, tais como: Índia, Egito, e outras. O difícil é sair da roda de Reencarnações...uma vez perguntaram para o Sidarta Gautama: mestre, porque reencarnamos? E ele respondeu: por causa do desejo...daí JESUS pregar o desapego (ausência de desejos). Enquanto a gente for apegada a qualquer coisa daqui, seja objeto, pessoa, ideologia, religião, etc, a nossa atenção vem prá cá. | ||||
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