Cuiabá, Segunda-Feira, 8 de Dezembro de 2025
CÍCERO RAMOS E EVALDO FILHO
08.12.2025 | 05h30 Tamanho do texto A- A+

Silvicultura: a base da nova economia em MT

O setor ajudou o Brasil a tornar-se líder mundial na produção de celulose.

No dia 7 de dezembro, celebrou-se o Dia Nacional da Silvicultura, instituído pela Lei nº 12.643/2012. A data reforça a importância das florestas plantadas para o meio ambiente, a economia e a segurança do suprimento de produtos florestais no Brasil. Trata-se de um momento oportuno para discutir o avanço do setor e o papel decisivo que ele assume em estados como Mato Grosso.

 

É a ciência florestal aplicada para reduzir custos, aumentar produtividade e dar segurança ao fornecimento das indústrias

Em 2024, o Congresso aprovou a Lei nº 14.876, retirando a silvicultura da lista de atividades potencialmente poluidoras. A mudança reconhece oficialmente aquilo que a ciência já demonstra há décadas: florestas plantadas são fonte de desenvolvimento, de geração de empregos e de mitigação das mudanças climáticas. O setor responde por quase 3% do PIB nacional e ajudou o Brasil a tornar-se líder mundial na produção de celulose.

 

A silvicultura envolve uma série de etapas fundamentais, desde a produção de sementes e mudas até o preparo do solo, o plantio, os tratos culturais, o controle de pragas e doenças, a colheita e a logística. Diferencia-se do manejo de florestas nativas justamente por trabalhar com florestas cultivadas, planejadas e tecnificadas, voltadas para produtividade e estabilidade de suprimento.

 

Na safra de 2024, o país alcançou uma produção de 8 bilhões de litros de etanol de milho, marcando um crescimento notável de 37% em relação ao ano anterior. As projeções indicam que essa produção deve quase dobrar, atingindo 15 bilhões de litros até 2032. Esse avanço consolidará o etanol de milho com uma participação cada vez mais relevante na matriz energética brasileira.

 

Essa trajetória de crescimento torna as indústrias produtoras de etanol as principais protagonistas no consumo de biomassa (como o milho e outros insumos). Como consequência direta, a silvicultura tem passado a ocupar um espaço significativamente maior no cenário produtivo, especialmente no contexto estadual, para atender a essa crescente demanda por matéria-prima renovável.

 

Mato Grosso está no centro dessa transformação. Usinas instaladas em municípios como Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop, Nova Mutum, Primavera do Leste, Jaciara e outros ampliaram de forma expressiva a demanda por biomassa, especialmente por cavacos de eucalipto, resíduos de madeira, palha de arroz e bambu, a silvicultura passou a ser estruturante, não complementar.

 

Para atender essa demanda crescente, Mato Grosso tem buscado avançar também em pesquisa e inovação. Um projeto financiado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, em parceria com a Embrapa Agrossilvipastoril e a Arefloresta, está selecionando clones de eucalipto mais adaptados ao clima, ao solo e aos desafios ambientais da região.

 

É a ciência florestal aplicada para reduzir custos, aumentar produtividade e dar segurança ao fornecimento das indústrias, assegurando não apenas maior previsibilidade de colheita, mas também um planejamento estratégico focado em alta performance e excelência no custo-benefício.

 

Nesse contexto, a compreensão técnica da silvicultura torna-se decisiva. Mato Grosso possui diversidades de solos e regimes hídricos, além de enfrentar condições climáticas que exigem planejamento rigoroso. Fatores como qualidade das mudas, preparo do solo, manejo nutricional, espaçamentos adequados, monitoramento de pragas e entendimento da ecofisiologia do eucalipto definem o incremento médio anual (IMA) — e, consequentemente, o custo da biomassa entregue às usinas.

 

Os números ajudam a dimensionar o desafio: em 2024, o estado registrou 122,58 mil hectares de eucalipto plantado, para uma necessidade anual estimada em mais de 50 mil hectares (IMEA). Mato Grosso também é o segundo maior produtor de teca do país, com mais de 68 mil hectares cultivados.

 

Assim, a silvicultura se consolida como um motor de desenvolvimento econômico, social e ambiental em Mato Grosso. Além de gerar empregos qualificados e movimentar a economia regional, as florestas plantadas contribuem diretamente para o enfrentamento das mudanças climáticas, promovendo a absorção de carbono e ajudando a mitigar seus efeitos.

 

A engenharia florestal mostra na prática, seu papel essencial: garantir o equilíbrio entre conservação e desenvolvimento, entre floresta e sociedade. E isso só é possível com profissionais preparados, ciência aplicada e políticas públicas que valorizem o conhecimento técnico como ferramenta de transformação.

 

Cícero Ramos é engenheiro florestal e vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais (AMEF). Evaldo Oestreich Filho é engenheiro florestal e mestre em Ciências Florestais e Ambientais.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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