Cuiabá, Segunda-Feira, 8 de Dezembro de 2025
RAFAEL MEDEIROS
08.12.2025 | 05h30 Tamanho do texto A- A+

Sua campanha está em risco

Segmentar significa descobrir onde estavam os núcleos de decisão

Dando sequência ao diálogo que estabeleci no último texto, quero aprofundar um ponto que virou eixo de disputa nas campanhas mais bem-sucedidas: a segmentação do eleitorado. Não falo somente de recortes demográficos, falo de mapas de comportamento que cruzam valores, rotina de consumo de informação, canais preferenciais e formatos de linguagem.

Uma mensagem bem dirigida no canal certo, replicada com variações controladas, gera muito mais resultado do que centenas de publicações sem destino definido

 

Essa leitura fina é o que permite, por exemplo, transformar uma lista de contatos em um ecossistema de comunicação capaz de mover opinião e voto ao longo do tempo. A prática já não é experimental: é central para quem quer competir com seriedade em 2026. 

 

A ferramenta mais estratégica hoje não é apenas um algoritmo, é a combinação entre microsegmentação, fluxo de mensagens no WhatsApp e um CRM político que organiza interações.

 

Em campanhas que acompanhei, segmentar significou descobrir onde estavam os núcleos de decisão — não apenas eleitores isolados — e construir abordagens específicas para cada núcleo: formatos móveis para jovens, textos de áudio para bairros de mais baixa conectividade, grupos fechados para lideranças locais. Essa engenharia de audiência exige testes e tempo; quanto mais cedo começar, mais janelas de otimização você terá antes do confronto direto pelo voto.  

 

WhatsApp deixou de ser só ferramenta de alcance e passou a ser canal de mobilização contínua — quando usado com regras, segmentação e expertise qualificada. A integração entre listas qualificadas, automações (com cuidado legal) e atendimento humano para os segmentos-chave cria uma cadeia de conversão do interesse ao compromisso público.

 

Em outras palavras: uma mensagem bem dirigida no canal certo, replicada com variações controladas, gera muito mais resultado do que centenas de publicações sem destino definido. Esta é uma prática já reconhecida por referências do mercado e por cursos especializados que tratam a plataforma como eixo de operação.  

 

Redes sociais e anúncios pagos continuam essenciais, mas sua função muda: deixam de ser finalidades e passam a alimentar o motor da segmentação. Testes A/B nas peças, análise de microtendências por bairro e agrupamento por afinidades permitem que a equipe direcione verba e pauta para onde a conversão é mais provável.

 

O grande erro que vejo é manter times criativos e times de mídia trabalhando com objetivos diferentes. A segmentação exige que ambos falem a mesma língua: públicos definidos, hipóteses testadas, métricas compartilhadas e feedbacks rápidos. Essa coordenação é o que separa experimentos de operações replicáveis.  

 

Outra dimensão crítica é a ética e a conformidade: microsegmentação poderosa sem controles vira risco reputacional e legal. Por isso recomendo regras internas claras sobre coleta, armazenamento e uso de dados, e uma governança que integre jurídico, estratégia e operação.

 

Equipes que tratam esse ponto com seriedade conseguem usar dados para previsão e mobilização sem expor a campanha a escândalos que anulam qualquer ganho tático. A formação técnica existe e já é tratada por instituições e programas de capacitação voltados ao uso responsável do WhatsApp e das ferramentas digitais em campanhas.  

 

Por fim, começar hoje é vantagem competitiva mensurável. A segmentação é um processo cumulativo: cada mês de testes, ajuste de listas e validação de mensagens aumenta a acurácia e reduz o custo de conversão. Em 2026, o eleitor que já recebeu narrativas consistentes ao longo do ciclo terá uma percepção formada e a percepção vence volume.

 

Se sua equipe ainda não tem processos de segmentação, CRM integrado e plano de uso estratégico do WhatsApp e das redes, a campanha entra no jogo com fragilidade. Não é bravata: é cálculo de risco operacional e de reputação. Comece agora.  

 

Rafael Medeiros é publicitário e estrategista em mobilização digital

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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