A violência contra as mulheres é uma ferida aberta na sociedade brasileira. Apesar dos avanços da Lei Maria da Penha, ainda convivemos com números alarmantes: a maioria das mulheres percebe aumento da violência doméstica, muitas conhecem vítimas de agressões e a sensação de insegurança permanece. A lei, embora transformadora, não caminha sozinha e é justamente aí que entram as Patrulhas Maria da Penha.
Essas rondas especializadas representam uma das iniciativas mais eficazes do poder público nos últimos anos. Elas monitoram o cumprimento das medidas protetivas, acompanham as vítimas e ampliam a sensação de segurança. Mais que isso: reduzem a reincidência da violência, aumentam a confiança da mulher no Estado e ajudam a quebrar o ciclo de medo que, por décadas, manteve o silêncio como regra.
O acompanhamento presencial realizado pelas patrulhas oferece algo que a letra fria da lei não consegue entregar sozinha: proteção concreta, imediata e visível. Em muitos municípios, a simples presença das equipes já freia agressões que poderiam terminar em feminicídio. E isso prova uma verdade incontestável: políticas públicas salvam vidas quando saem do papel e chegam à porta da vítima.
Mas ainda estamos longe do ideal. As patrulhas não existem em todas as cidades, os recursos são limitados e a rede de apoio às mulheres continua desigual no país. Enquanto isso, milhares de vítimas seguem enfrentando dificuldades para acessar a Justiça, denunciar agressores e garantir que as medidas protetivas sejam respeitadas.
Defender a expansão das Patrulhas Maria da Penha não é apenas apoiar um programa público: é afirmar que o Brasil precisa, urgentemente, deixar de naturalizar a violência de gênero. Uma sociedade que se orgulha de proteger suas mulheres precisa investir, de forma permanente, em ações integradas, equipes capacitadas e políticas interinstitucionais robustas.
A história de Maria da Penha nos ensinou que coragem individual pode inspirar mudanças profundas. Cabe ao Estado e a todos nós garantir que essas mudanças continuem avançando. As patrulhas mostram que é possível transformar vidas quando não se espera que a violência aconteça para só então agir.
Proteger mulheres não é um favor. É dever. É política pública. É urgência.
Esther de Mello Menezes é mestranda em Políticas Públicas.
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