Cuiabá, Domingo, 17 de Agosto de 2025
GABRIEL NOVIS
07.06.2015 | 08h09 Tamanho do texto A- A+

Amada amante

Quando imaginamos tudo ter visto tudo em CPI, esse circo ainda trará muitos espetáculos surpreendentes

Só mesmo um país absolutamente surreal proporcionaria a cena de mau gosto explícito durante o depoimento de uma doleira, já presa e incriminada por transações ilícitas em várias ocasiões, em uma CPI que investiga as imbricações políticas da chamada operação “Lava Jato”.

Inimaginável para o compositor da famosa canção “Amada Amante” que um marketing de tamanha força fosse ocorrer justo durante uma sessão de alto interesse para o país e, portanto, com grande visibilidade.

A referida depoente, ao falar do seu relacionamento com um colega de profissão, também incriminado na mesma operação, foi acometida de um surto romântico e passou a cantar a bela música acompanhada por um dos componentes da CPI.

A simples palavra amante tirou da depoente ilações filosóficas, e imediatamente passou a defender a beleza do termo.

"Quando imaginamos tudo ter visto, o que parece é que esse circo da Lava-Jato ainda trará muitos espetáculos, no mínimo, surpreendentes"



Diante do quadro de estupefação geral, o presidente da mesa tratou de desligar os microfones.

A ré mostrava-se desenvolta, segura, explicitando que o Brasil é um país movido à corrupção. Corroborava a tese com o argumento de que depois da operação “Lava Jato” o país entrou em franca recessão.

Isso mostra a total inversão de valores que se instalou em grande parte da sociedade brasileira, quando, um maior desenvolvimento econômico passou a ser associado à corrupção.

Realmente, vivemos num país esdrúxulo que, além de estar com uma economia decadente, escancara conceitos cínicos e imutáveis, infelizmente compartilhados pela maioria dos envolvidos no esquema das corrupções violentas que provocaram o rombo descomunal constatado nas contas públicas.

Quando imaginamos tudo ter visto, o que parece é que esse circo ainda trará muitos espetáculos, no mínimo, surpreendentes.

Aliás, essa capacidade para transações tenebrosas condiciona, pelo menos, a presença de figuras com grande comprometimento psicossocial.

GABRIEL NOVIS NEVES é médico em Cuiabá, foi reitor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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