Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que aproximadamente R$ 200 bilhões são desviados pela corrupção anualmente no Brasil.
O número fica compreensível quando se sabe que R$ 150 bilhões são gastos em educação e saúde, pelo orçamento de 2014.
Na prática, os valores desviados pela corrupção, se fossem aplicados nos serviços públicos, permitiria multiplicar por três os investimentos federais em saúde, por cinco os investimentos da segurança pública. Seria possível resgatar 10 milhões de brasileiros da miséria.
O tema esteve presente em Cuiabá no último sábado em sucessivas reuniões do Coordenador da Força Tarefa na Operação Lava Jato, em Curitiba, procurador federal Deltan Dallangnol.
Ele começou a primeira reunião, infelizmente, com poucas pessoas, com uma provocação: “A sociedade deve tomar em suas mãos as rédeas de sua história”. Tanto que o Ministério Público Federal está distribuindo a Cartilha “10 Medidas contra a Corrupção”.

"A Operação Lava Jato não solucionará a corrupção no Brasil, admite o procurador. Mas avança passos e não voltará a ser como antes, num ambiente em que a sociedade acredita que tudo se tornará pizza"
Nela tem relatos como o de Hong Kong, considerado muito corrupto durante décadas, e hoje é o 17º. mais honesto no ranking da percepção da corrupção classificada pela Transparência Internacional.
Lá foi adotada uma estratégia de combate à corrupção que inspirou as medidas sugeridas pelo MPF brasileiro para o futuro próximo.
O apoio da sociedade é essencial para a aprovação legislativa das medidas, considerando que o Congresso Nacional é um dos beneficiários do dinheiro desviado pela corrupção, tanto nos parlamentares quanto os seus partidos políticos.
Num segundo plano, a burocracia e dirigentes burocratas que se envolvem com corruptores nessa cultura promíscua Estado-corruptos. As 10 medidas propostas pelo MPF estão acessíveis no site www.10medidas.mpf.mp.br.
Junto delas pode ser impressa a ficha de coleta que precisa alcançar 1,5 milhão de assinaturas para que se façam as mudanças legislativas, à semelhança da Ficha Limpa, e se instituir as medidas contra a corrupção apontadas no site.
O procurador Deltan lembrou que a corrupção tem vida longa no Brasil, em parte pela curta memória dos brasileiros. Critica-se hoje e vota no mesmo corrupto na próxima eleição. De outro lado, as leis foram construídas de modo a não estimular as punições.
Permitem recursos e a descaracterização da formalidade dos processos jurídicos baseados até mesmo em sofismas legais.
A Operação Lava Jato não solucionará a corrupção no Brasil, admite o procurador. Mas avança passos e não voltará a ser como antes, num ambiente em que a sociedade acredita que tudo se tornará pizza.
De repente, uma passada pelo site citado e a assinatura ajudará o país a se reencontrar com a sua sociedade desesperançada.
ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
[email protected]
www.onofreribeiro.com.br