Após dez meses e seis dias de administração, o prefeito Abílio tem se mostrado mais inclinado ao papel de showman das redes sociais do que ao de gestor público, no sentido pleno da palavra.
O trânsito urbano é, sem dúvida, um dos principais cartões de visita de uma cidade. Ele reflete o grau de planejamento, organização e respeito ao cidadão. Desde 2014, com a promessa do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), a população cuiabana vem sendo iludida por projetos que jamais se concretizaram. Passamos por dois governos que tinham condições de levar a proposta adiante, mas o que se viu foram escândalos de corrupção e desvios de recursos públicos, sem a devida responsabilização.
O governo estadual atual transformou o projeto do VLT que, a meu ver, não levaria a resultados práticos, no BRT (Bus Rapid Transit), opção mais econômica e condizente com a realidade de Cuiabá. Ainda assim, o sistema urbano de mobilidade continua carecendo de atenção e planejamento.
O prefeito parece tratar o trânsito como uma questão secundária. É fato que as obras em curso dificultam a mobilidade, mas um mínimo de planejamento e coordenação poderia reduzir o desconforto enfrentado pela população. Medidas simples poderiam trazer alívio, como a fiscalização rigorosa do tráfego de caminhões e carretas em horários de pico, a proibição de estacionamento em pontos críticos, a exemplo da Avenida Parque das Águas, em frente à Amaggi, no sentido Centro, e ajustes pontuais em diversas vias que hoje carecem de gestão de fluxo.
Outro ponto de preocupação é o anúncio feito pelo próprio prefeito nas redes sociais, comprometendo-se a retirar os radares eletrônicos. Embora se reconheça o desconforto causado por multas abusivas, é importante lembrar que o controle de velocidade é um instrumento de segurança, e não deve ser tratado como ferramenta de marketing político. O problema, neste caso, é o excesso de radares em locais de baixo risco, onde o limite de 60 km/h em vias semaforizadas parece visar mais a arrecadação do que a prevenção de acidentes.
A sinalização viária é outro aspecto alarmante. Após quase um ano de gestão, ruas e avenidas continuam sem sinalização horizontal e vertical adequadas, o que aumenta o risco de acidentes, sobretudo com a chegada do período chuvoso. Convém lembrar que os recursos provenientes de multas deveriam ser aplicados, por lei, em engenharia, sinalização e educação de trânsito, o que claramente não vem ocorrendo.
Não se questiona a boa vontade do prefeito, mas é preciso reconhecer que boa vontade, sem planejamento, não gera resultados duradouros. A administração pública não pode se pautar pelo improviso, pois gestões improvisadas gastam mais e entregam menos.
Planejar, executar e acompanhar resultados são princípios elementares da boa gestão pública. Como ensinam os manuais dos gestores eficientes, é preciso menos espetáculo e mais planejamento. Cuiabá e seus cidadãos merecem isso.
João Batista de Oliveira é ex-secretário de Governo na gestão Blairo Maggi e ex-secretário de governo e comunicação na gestão Mauro Mendes.
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