Cuiabá, Sexta-Feira, 7 de Novembro de 2025
CORONEL FERNANDA
07.11.2025 | 05h30 Tamanho do texto A- A+

A violência política

Ser mulher na política é viver diariamente o desafio de ocupar um espaço

Ser mulher na política é viver diariamente o desafio de ocupar um espaço que, por muito tempo, foi negado a nós. É estar em posição de liderança e, ao mesmo tempo, lidar com olhares desconfiados, julgamentos injustos e tentativas de descredibilizar o trabalho feito com seriedade. Mesmo assim, seguimos firmes, porque sabemos que nossa presença não é apenas um direito, mas uma necessidade para o fortalecimento da democracia e para o avanço de políticas públicas que cheguem de forma justa e concreta à população.

 

A violência política é um fenômeno silencioso e persistente, que vai muito além dos ataques públicos. Ela se revela nas palavras que diminuem, nas insinuações que buscam desqualificar, nas interrupções constantes, nas ameaças veladas e até na tentativa de excluir vozes femininas de debates e decisões. É a tentativa constante de reduzir nossa voz, de impor medo, de nos empurrar de volta para o silêncio. Essa violência é uma ferida que atinge não apenas quem sofre diretamente, mas todo o sistema democrático, porque enfraquece a representatividade e desestimula novas lideranças.

 

No Parlamento, nas câmaras municipais, nas assembleias e até nas redes sociais, é comum vermos o ataque direcionado não ao conteúdo das ideias, mas à imagem pessoal. Quando uma mulher fala com firmeza, dizem que é arrogante. Quando mostra convicção, dizem que é intransigente. Quando decide liderar, dizem que está “saindo do seu lugar”. O que se tenta, em última instância, é minar o direito de exercer o mandato com liberdade e independência, reduzindo o debate político à caricatura e à hostilidade.

 

Mas é justamente por isso que precisamos continuar. Precisamos transformar o medo em força, a crítica injusta em motivação e o ataque em oportunidade de mostrar coerência e propósito. A presença feminina na política não é um favor de ninguém, mas o resultado de muito trabalho, sacrifício e coragem. E cada passo dado por uma mulher nesse ambiente abre caminho para muitas outras.

 

O Brasil é um país de mulheres fortes, que conduzem famílias, empresas, escolas e comunidades inteiras. Não faz sentido que, na política, essas mesmas mulheres ainda precisem provar a cada dia que são capazes, competentes e preparadas. É hora de romper esse ciclo e de construir uma cultura política que respeite o mérito e a dedicação, independentemente de quem ocupa o cargo.

 

Coronel Fernanda é deputada federal.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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