Cuiabá, Quinta-Feira, 14 de Agosto de 2025
MARCIO CAMILO
14.08.2025 | 05h30 Tamanho do texto A- A+

"Eu também vou reclamar"

prefeita pagou R$ 1,7 milhão para dois artistas em cidade pobre e carente

Só pra não deixar morrer o assunto: oh prefeita! Oh secretária de Turismo e Cultura! Pagar R$ 1,7 milhão para dois artistas no FIPe é um A.B.S.U.R.D.O. Absurdo, principalmente diante de uma cidade tão pobre, carente de serviços básicos de qualidade, e da falta de uma política cultural perene e estruturante em Cáceres.

 

Nada contra o FIPe. Nada mesmo. Pelo contrário: sou artista e sei muito bem como o festival é importante para abrir espaço aos artistas locais e fomentar a cultura. O problema aqui é a gestão do dinheiro público, e isso independente se os recursos são próprios ou fruto de emenda parlamentar. 

 

Uma grana dessas, por exemplo, deveria ser melhor distribuída para remunerar melhor os artistas locais - de projeção estadual e nacional, inclusive - que estão na labuta todo ano, movimentando o entretenimento e a cultura cacerense.

 

Uma grana dessas serve para estruturar uma política cultural na cidade, com uma série de atividades ao longo do ano, envolvendo festivais, feiras de artesanato, fóruns, seminários, capacitações e simpósios sobre economia criativa.

 

Turismo e Cultura não se resumem a um evento só. Cadê o nosso Plano Municipal de Cultura? Cadê a prefeitura, a secretaria do setor sendo protagonista e puxando esses processos, especialmente a Conferência Municipal de Cultura? Sem um plano, sem os fóruns e às conferências, os recursos federais da Cultura não vão chegar!

 

Enfatizo: o FIPe é um baita evento. Seus efeitos são deletérios e ficam reverberando por meses na economia local.Também é inquestionável o valor histórico de um Festival Internacional de Pesca que tem mais de 40 anos de caminhada. 

 

Todavia, porém, entretanto, não dá pra pagar essa ‘dinheirama’ toda para shows nacionais, diante de uma cidade com seríssimos problemas de esgotamento sanitário, de abastecimento de água e de malha viária toda remendada, para ficar em apenas alguns exemplos.

 

Pensando na área da cultura, valeria muito mais pegar esses quase R$ 2 mihões e usar parte do recurso para pagar um arqueólogo para fazer o estudo técnico na Estrada do Facão, que é um sítio arqueológico importantíssimo. Ou, porque não usar uma grana dessas pra reformar os imóveis tombados? Criar uma rota ancestral no Centro Histórico da cidade?

 

Enfim, é preciso que o Poder Público assuma sua responsabilidade, promovendo uma escuta ativa e construindo, juntamente com sociedade civil, um Plano Municipal de Cultura que represente toda a diversidade e potencialidade das vivências e práticas culturais de uma cidade bicentenária.

Pra não deixar morrer o assunto, como diria Raul: “Eu também vou reclamar”.

 

Marcio Camilo é músico e jornalista.

*Os artigos são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do MidiaNews. 

 

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