Quem é que nunca ouviu alguém dizer a expressão “Corno manso” ?, aquele homem que sabe que está sendo traído que, mesmo assim, não toma nenhuma atitude. Fica ali, inerte, mesmo sabendo o que sua companheira faz aos olhos de todos.
É assim que vejo a grande maioria dos eleitores brasileiros, como um bando de 'cornos mansos'. Até porque, quem é que também nunca ouviu ou disse esta outra expressão que, em ano eleitoral, não sai da boca do povo: “político é tudo corrupto!”.
Pois é! Todo mundo fala isso. Gente rica e gente pobre, esclarecida e analfabeta, branca e negra. E esse mesmo povo que 'critica', que 'aponta', que 'sabe' das inúmeras falcatruas, dos conluios políticos e empresariais e dos mirabolantes esquemas de corrupção, mas que fica ali, inerte.
No último domingo (08-06), a revista eletrônica semanal 'Fantástico' noticiou uma reportagem 'especial'. Uma denúncia sobre o submundo das drogas, da criminalidade? Não, sobre o submundo da política. Um 'mundo' asqueroso de obras superfaturadas, com uso de materiais de qualidade duvidosa, desvios de emendas parlamentares e emprego de dinheiro de fontes não idôneas.
No entanto, qual foi o 'furo' de reportagem, que para nós jornalistas é a grande novidade, a informação que ninguém deu ainda. Até porque, tudo que foi 'revelado' na reportagem, a população já foi informada há anos. Pois ela vivencia o reflexo de todas essas falcatruas políticas cotidianamente, com a falta de um transporte adequado, de uma saúde com qualidade e segurança a todos.
Entretanto, sem trazer nenhuma novidade, assim como a reportagem do 'Fantástico', friso que o maior colaborador para essa realidade, somos todos nós. Contribuintes que pagam impostos elevadíssimos. Hoje (14-06), por exemplo, o impostômetro registrou no final do dia mais de R$ 727 bilhões em arrecadação, marca de um país que configura entre os 30 com maior carga tributária do mundo.
E o retorno desse montante? Ou seja, em que é aplicado todo esse dinheiro público arrecadado? Para as ruas sem iluminação, para os hospitais sem leitos, para as escolas com profissionais sem salário digno, para as rodovias esburacadas, para o esgoto ao céu aberto, para as cadeias superlotadas e para os muitos outros setores que 'prestam' um serviço público 'padrão Fifa'.
Este ano, além da Copa do Mundo vamos ter, novamente, eleições em todo o Brasil. Agora 'é a hora de esta gente bronzeada mostrar seu valor', como diz a música dos 'Novos Baianos'. Do contrário, vamos continuar sendo um bando de 'eleitores mansos'.
DANA CAMPOS é jornalista e assessora de imprensa em Cuiabá.