“Choveu bala no carro. Parecia chuva mesmo...Aquela barulheira: pá, pá, pá, pá. Eu pensei: morri”. Foi assim que o aposentado Jurandir Rodrigues de Miranda, de 65 anos, tio do papiloscopista Fabrício Francisco Costa Leite - que trocou tiros na noite desta segunda-feira (26) com o policial federal Walter Sebastião Piovan Júnior, na Avenida do CPA - contou detalhes do episódio.
Ele estava no banco do passageiro da S-10 que foi alvejada pelos tiros do policial federal.
“Todo mundo ficou em pânico, tava cheio de carros, todo mundo saiu correndo. É lamentável. Eu pensei que fosse morrer, com um tanto de bala daquele, quem não pensa? E eu me aposentei hoje... Ia morrer sem receber meu dinheiro”, afirmou, aliviado.
“Quando ele deu o primeiro tiro, eu me encolhi no chão do carro. Só não morri porque deitei... Aquele tiro ia pegar na minha cara. Daí, abri a porta e pulei no chão, fiquei ouvindo os tiros, com muito medo. Nisso, eu vi o Fabrício caído e pensei: ele morreu! Eu me levantei pra pegar ele e vi que ele tava sangrando por causa dos estilhaços de vidro. Daí, a gente entrou embaixo do carro”, relatou Miranda ao
MidiaNews, minutos após o episódio.
Após o tiroteio, que aconteceu por volta das 20h30, ele contou que tentou mostrar o documento do sobrinho para o policial federal.
“Eu quis mostrar o documento... Gritei dizendo que meu sobrinho era policial também, mas ele [o policial federal] só gritava: eu vou te matar, vou te matar, eu vou te matar”, disse.
Nesse momento, o aposentado relatou que outros policiais federais chegaram ao local. “Eu pedi calma, levantei a camisa pra mostrar que não estava armado. Na hora que o policial federal viu o documento ele falou: ‘Olha que desgraça, aconteceu uma desgraça´”, relatou.
"Um policial enfiou a metralhadora no meu peito"O aposentado disse que o policial federal perguntou: “Por que você que não falou que era da polícia e que estava armado?”.
“Uma pessoa dessa não pode ser policial, tem que saber trabalhar, tinha que parar e dizer que era da polícia. A gente ia parar e ouvir, era isso que tinha que fazer, e não atirar”, afirmou Miranda.
Ele disse que, na sequência, aparecerem mais quatro policiais federais.
“Eles desceram do prédio e queriam judiar de mim ainda. Eles estavam armados, um enfiou a metralhadora no meu peito. Daí eu pedi calma e disse que queria mostrar o documento, mas eles me mandaram calar a boca, me derrubaram no chão, me jogaram, nem educação tiveram... Depois pediram desculpas, mas a gente é ser humano, policial estuda pra quê? Para saber mexer com as pessoas”, disse.
“Se ele desce e fala que é da polícia, não tinha acontecido isso. Se é estudado, preparado, a gente ia obedecer, escutar ele. Agora, depois de tudo isso, eu acho que não vai dar em nada. Ele é da Polícia Federal, gente grande, e a gente vai sair por baixo”, disse.