Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
VIOLÊNCIA NA NOITE
04.04.2012 | 12h56 Tamanho do texto A- A+

PMs são acusados de prender e espancar turistas argentinos

Segunda advogada, professores universitários foram acusados injustamente de furto

Geraldo Oliveira

Gabriel Herrera, da Embaixada da Argentina, e advogada Beatriz Pinto Viana cuidam do caso envolvendo turistas argentinos

Gabriel Herrera, da Embaixada da Argentina, e advogada Beatriz Pinto Viana cuidam do caso envolvendo turistas argentinos

DA REDAÇÃO

Os irmãos Ignácio Luiz Marcelo Lujan, 29 anos, e Ignácio Augustin Lujan, 26, professores universitários de Córdoba (Argentina), foram espancados e presos, arbitrariamente, por policiais militares de Mato Groso, à paisana, na madrugada do último sábado (31), quando estavam de saída de uma casa noturna de Cuiabá. A acusação foi feita, nesta quarta-feira (4), pela advogada Beatriz Pinto Viana, responsável pela defesa dos argentinos e que classificou o episódio como "absurdo".

Os dois argentinos, que estão fazendo turismo pelas Américas, segundo a denúncia, foram abordados pelos policiais, que começaram a espancá-los, para que confessassem o suposto furto de um celular e uma câmara fotográfica amadora. Acusados de furto qualificado, eles foram levados para o Centro de Ressocialização de Cuiabá (antigo Presídio do Carumbé), onde se encontram detidos em celas comuns, embora, segunda a defesa, não existam provas consistentes que os incriminem.

Ambos possuem curso superior e também são detentores de passaportes da Argentina, do Mercosul e da Itália, país membro da União Européia (possuem dupla nacionalidade - argentina e italiana).

Na manhã desta quarta-feira, a advogada Beatriz Viana, acompanhada do jurista Gabriel Herrera, chefe da Seção Consular-Jurídica da Embaixada da República Argentina no Brasil, que veio de Brasília, esteve no presídio conversando com o diretor. Também estiveram presentes à reunião o ouvidor geral Teobaldo Witter, da Corregedoria de Polícia, e o defensor público Roberto Tadeu Vaz Curvo, da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Após a reunião no presídio, eles seguiram até o Palácio Paiaguás, onde se encontraram com o vice-governador Chico Daltro e também, mais tarde, com um assessor da Secretaria de Segurança Pública.

Eles cobram agilidade na soltura dos argentinos e, ainda, explicações do Governo de Mato Grosso. “A Embaixada quer esclarecer tudo para que isso não se transforme em um incidente diplomático”, salientou a advogada.

Dentes quebrados

Segundo Beatriz Viana, os dois argentinos foram acusados do furto por uma garota que estava dentro da boate e que é irmã de um dos policiais agressores que estava junto.

Segundo a moça, a bolsa foi furtada de cima de um balcão. Na saída da boate, para que confessassem, os dois turistas foram espancados. Um deles teve três dentes quebrados, conforme atestou exame de corpo de delito do Instituto Médico Legal (IML). Dificuldades na conversação entre os argentinos e os envolvidos pode ter contribuído ainda mais para a confusão.

A pancadaria só terminou porque populares chamaram uma viatura da Rotam. Na porta da boate, os policiais revistaram o carro, na presença dos irmãos Luiz Marcelo Lujan e Ignácio Augustin Lujan, mas nada encontraram dos produtos reclamados pela suposta vítima.

Na sequência, todos os envolvidos foram levados para o Cisc Planalto. Segundo a advogada, estranhamente, quando todos estavam no Cisc, em nova revista, e sem a presença dos irmãos, os objetos foram encontrados dentro do carro.

“Eles tinham mais de R$ 6.600,00 em dinheiro, possuem cartões de crédito internacional, oito mil euros depositados em uma conta, além de uma máquina fotográfica que pode ser usada, inclusive, em mergulho. Segundo o cônsul, são pessoas renomadas na Argentina. E por que iriam roubar uma máquina amadora e uma bolsa com cem reais?”, questionou a advogada.

Para o ouvidor-geral da Corregedoria de Polícia, Teobaldo Witter, o ato dos policiais, para um Estado que se prepara para receber uma Copa do Mundo em 2014, mostra a necessidade de se investir no preparo da polícia mato-grossense para receber turistas de todo o mundo. “É um exemplo dramático de como não deve agir com quem vem conhecer, gastar e trazer divisas para Cuiabá”, avalia o ouvidor.

“O que houve foi um ataque inominável aos mais elementares dos direitos, que é o direito à vida e o direito à liberdade”, argumentou a advogada Beatriz Viana.

Hoje à tarde, ela irá se encontrar com o juiz de direito Rondon Douglas, titular da 4ª Vara Criminal de Cuiabá, que está respondendo pela 5ª Vara. O próprio magistrado decidiu tratar esta questão como prioridade.

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24 Comentário(s).

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LIA POMPEU   07.04.12 15h53
NAO FORAM PREPARADOS ADEQUADAMENTE PARA A FUNCAO...POIS NOSSO ESTADO ESTA PRESTES A SEDIAR UMA COPA.MESMO QUE ESSES HERMANOS ESTIVESSEM COMETIDO UM CRIME HA OUTRA FORMA DE ABORDAGEM E O ESPANCAMENTO SERIA ARBITRARIO PRINCIPALMENTE POR TRATAR-SE DE EXTRANGEIROS...ME ASSUSTEI COM O FATO E COM A IMAGEM QUE VI,POIS MORO NA ARGENTINA HA 6 ANOS E FIZ UMA COMPARACAO COM UM FATO RECENTE QUE TENHO CERTEZA QUE MEUS CONTERRANEOS VIRAM PELA TV POIS FOI ESTARRECEDOR E EU ESTOU ACOMPANHANDO PASSO A PASSO,QUANDO UMA BRASILEIRA DE CLASSE MEDIA ALTA ,MATOU O FILHO PEQUENO AFOGADO NA BANHEIRA DE UM JACUZZI SENDO QUE ANTES TENTOU ENFORCA-LO COM A GRAVATA DO EX MARIDO...O TRATAMENTO QUE LHE DERAM FOI DENTRO DA LEI...ESTAVA TRANCADA EM UM QUARTO .E DISSERAM "SRA POR FAVOR,ABRA A PORTA",DESTA VEZ NINGUEM FEZ MANIFESTACAO COMO E DE COSTUME..TEM ACOMPANHAMENTO DE PSICOLOGO E PSIQUIATRA,ESTA EM LUGAR SEPARADO QUANDO VAI DEPOR ,SAI COM TODA GARANTIA CUSTODIANA.
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Fátima Ruzzene Balbino  05.04.12 19h59
Eu sou presidente de bairro há 10 anos, em Cuiabá, e sempre vejo necessidade de melhorar o trabalho da Segurança Pública.
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Miriam do CPA   05.04.12 02h20
TODOS SABEM QUE MATO GROSSO POSSUI UMA POLÍCIA DESPREPARADA...
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paula  04.04.12 22h17
paula, seu comentário foi vetado por conter expressões agressivas, ofensas e/ou denúncias sem provas
Fabiane  04.04.12 22h00
Que tipo de treinamento esses policiais estão recebendo na acadêmia, isto e uma vergonha.
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