O presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso nesta quarta-feira (3) pela Polícia Federal durante a Operação Unha e Carne. O parlamentar já estava na sede da PF no momento em que recebeu voz de prisão.
De acordo com a PF, ele é suspeito de ter repassado informações sigilosas da Operação Zargun, que levou à prisão do então deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias (que era do MDB e foi expulso do partido). O presidente da assembleia teria ligado para o investigado na véspera e dado orientações.
Em nota divulgada no início da tarde, a Alerj afirmou que "ainda não foi comunicada oficialmente sobre a operação ocorrida nesta manhã. Assim que tiver acesso a todas as informações, irá tomar as medidas cabíveis". A PF realizou busca e apreensão na parte da manhã no gabinete de Bacellar.
A ação incluiu o cumprimento de um mandado de prisão preventiva, oito mandados de busca e apreensão e um mandado de intimação para aplicação de medidas cautelares alternativas à prisão.
A ordem da prisão para Bacellar foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). O superintendente da Polícia Federal, Fábio Galvão, chamou Bacellar para a Polícia Federal na manhã desta quarta (3), ocasião em que foi preso. A estratégia foi para evitar espetacularização da prisão.
De acordo com investigação da Polícia Federal, Bacellar teria avisado TH Joias que uma operação ocorreria para prendê-lo. TH, por sua vez, apagou dados do seu celular e teria se desfeito de objetos de sua casa.
Com um aparelho novo, segundo um agente da polícia federal, ele chegou a enviar uma filmagem para o presidente da Alerj mostrando objetos que deixaria na casa. Chegou a perguntar se poderia deixar um freezer. Nesse momento, Bacellar o teria chamado de "doido" e dito para não se importar com o congelador. Essa filmagem e esse diálogo foram recuperados pela investigação.
TH Joias e Rodrigo Bacellar já haviam sido alvo de investigações anteriores, e agora voltam ao centro das apurações sob suspeita de interferência e vazamento de informações sigilosas ligadas às operações da PF.
O ex-deputado TH Joias foi preso em setembro deste ano sob suspeita de realizar negociações para o Comando Vermelho. A Polícia Civil disse haver "provas robustas" de que TH, além de usar o mandato para favorecer a facção, intermediava compra e venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones.
Cotado a candidato ao governo estadual no pleito de 2026, Bacellar é natural de Campos dos Goytacazes e advogado tributarista. De 2007 a 2009, atuou como assessor da Secretaria-Geral de Planejamento do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e, de 2009 a 2011, presidiu a Fundação Estadual do Norte Fluminense.
Em sua biografia no portal da Alerj, diz que entrou para a política influenciado por seu pai, Marcos Bacellar, eleito vereador por três mandatos e ex-presidente da Câmara Municipal.
Em 2018, Bacellar concorreu pela primeira vez a uma vaga na Alerj, pelo Solidariedade, sendo eleito com 26.135 votos. Atualmente, cumpre seu segundo mandato como presidente da Alerj, tendo sido reeleito de forma unânime pelos demais deputados.
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