Cuiabá, Quarta-Feira, 25 de Junho de 2025
CONVESCOTE
03.07.2017 | 08h02 Tamanho do texto A- A+

Escutas mostram servidor preso pelo Gaeco falando sobre rinhas

Cláudio Sassioto falou sobre morte de seu galo em briga; legislação proíbe a prática

Reprodução

Rinha de galo descoberta pelo Gaeco; no detalhe, o servidor do TCE, Cláudio Sassioto

Rinha de galo descoberta pelo Gaeco; no detalhe, o servidor do TCE, Cláudio Sassioto

LUCAS RODRIGUES
DA REDAÇÃO

Interceptações telefônicas autorizadas pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital, flagraram o servidor Cláudio Sassioto, do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), conversando sobre as “rinhas” de galo que ele participava

 

Sassioto foi preso no dia 20 de junho, durante a 1ª fase a Operação Convescote, do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).

 

A operação apura o desvio de mais de R$ 3 milhões dos cofres públicos por meio de convênios firmados entre a Fundação de Apoio ao Ensino Superior Público Estadual (Faespe) com a Assembleia, Tribunal de Contas do Estado (TCE), Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) e Prefeitura de Rondonópolis.

 

No mesmo dia da operação, o Gaeco descobriu uma casa no Bairro Jardim Imperial II, em Cuiabá que era usada para o treino de briga de galos, local que era frequentado por Sassioto. Havia 19 galos no local. A prática é crime ambiental, configurando maus-tratos.

 

No relatório de interceptações, consta que Cláudio Sassioto, em conversa com um homem não identificado em 10 de julho de 2016, conversou sobre uma rinha em que um galo dele – denominado Iodo – participou.

 

Segundo o servidor do TCE, o animal não resistiu às lesões sofridas durante a luta e morreu.

 

Cláudio Sassioto: "Iodo entrou meteu com a espora e caiu pulando...". 

 

HNI (Homem não identificado): “Uai, o Iodo caiu pulando?".

 

Cláudio Sassioto: “Caiu, entrou, entrou meteu as esporas, o galo deu umas esporadas nele sentiu juntou e matou ele”.

 

Em outro trecho, Sassioto chega a debochar da situação e minimizar a morte do galo.

 

"É perdi o galo, mas não perdi dinheiro", disse ele.

 

O interlocutor diz que Iodo morreu porque era “ruim” e porque “os caras” entraram na briga entre os galináceos.

 

Cláudio Sassioto: "Eles não sabem tratar Galo não".

 

HNI: "É o que eu falei pra você moço, esses caras aí não sabe tratar de galo não".

 

Mais adiante, o alvo do Gaeco ainda diz que o galo Iodo “caiu mortinho” após perder a luta.

 

Veja fac-símile de trecho do relatório:

 

print rinhas de galo claudio sassioto

 

 

 

 

 

O esquema

 

De acordo com o Gaeco, os alvos da primeira fase da Convescote, deflagrada no último dia 20, desviaram mais de R$ 3 milhões dos cofres públicos.

 

O esquema de desvios de recursos, segundo as investigações, era viabilizado pelos pagamentos que órgãos como a Assembleia Legislativa, Tribunal de Contas, além da Secretaria de Infraestrutura (Sinfra) e Prefeitura de Rondonópolis, faziam por meio de convênios com a Faespe para prestação de serviços diversos.

 

A Faespe, por sua vez, subcontratava empresas (algumas delas "fantasmas"), cujos serviços eram pagos com dinheiro público.

 

Porém, conforme o Gaeco, quem atesta as notas fiscais dos mencionados "serviços" era um funcionário da própria Faespe e não um servidor público escalado para fiscalizar e supervisionar citados convênios.


Foram alvo de mandados de prisão preventiva: Claudio Roberto Borges Sassioto, Marcos Moreno Miranda, Luiz Benvenuti Castelo Branco de Oliveira, Jose Carias da Silva Neto Neto, Karinny Emanuelle Campos Muzzi de Oliveira (que conseguiu prisão domiciliar), João Paulo Silva Queiroz, José Antônio Pita Sassioto, Hallan Goncalves de Freitas, Marcos Jose da Silva, Jocilene Rodrigues de Assunção e Eder Gomes de Moura.
 

 

Dos presos, quatro já conseguiram deixar a cadeia. Karinny Emanuelle Campos Muzzi de Oliveira, Jocilene Rodrigues de Assunção e Marcos Moreno Miranda tiveram as prisões preventivas convertidas em domiciliares, por decisão da juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.

 

Já João Paulo Silva Queiroz conseguiu liberdade com tornozeleira eletrônica, também por decisão da magistrada.

 

Na 2ª fase da operação, foram alvos das buscas e conduções: Elizabeth Aparecida Ugolini (funcionária do Sicoob); Odenil Rodrigues de Almeida (assessor do deputado Guilherme Maluf); Tscharles Franciel Tschá (ex-secretário-geral da Assembleia); Eneias Viegas da Silva (diretor financeiro do Tribunal de Contas do Estado); Fabricio Ribeiro Nunes Domingues; Alysson Sander Souza (ex-adjunto de Infraestrutura da antiga Secopa); Marcelo Catalano Correa (servidor do TCE); Nerci Adriano Denardi (ex-comandante geral da PM); Drieli Azeredo Ribas (ex-servidora da Assembleia); Maurício Marques Junior (servidor do TCE); Sued Luz (assessor do deputado Guilherme Maluf); e Alison Luiz Bernardi (coronel da PM).

 

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