O ex-prefeito de Rondonópolis (214 km de Cuiabá), Percival Muniz (PPS), afirmou que não irá se defender das acusações do ex-deputado José Riva, que o citou em uma lista de 34 parlamentares que teriam recebido uma espécie de “mensalinho” para apoiar a gestão do então governador Blairo Maggi (PP).
A denúncia foi feita no reinterrogatório da ação penal derivada da Operação Imperador, que ocorreu na última sexta-feira (31). A audiência foi conduzida pela juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
Para o ex-gestor, cabe a Riva provar as acusações. Entretanto, ele classificou o depoimento como “grito dos afogados”.
“Quem acusa cabe o ônus da prova. O Riva está passando por um momento muito delicado, temos que ter cuidado. Já viu o grito dos afogados? O cara está afogando e começa a gritar para os outros se afogarem junto com ele”, disse ao MidiaNews.
“Deixa o Riva provar. Se não provar, vai explicar porque me acusou. Mas é natural que essas coisas aconteçam. Quando o cara está indo para o buraco, tenta levar mais gente junto”, completou.
Percival disse estar tranquilo diante das acusações e afirmou que teve atuação “transparente” enquanto esteve na Assembleia.
“Estou muito tranquilo. Minha atuação foi sempre muito transparente. A população conhece minha postura. Agora, ele acusou, vamos aguardar com calma. Quem não deve não teme. Não tem que ficar apavorado”, afirmou.
Apesar disso, Percival confirmou que caso Riva prove alguma coisa contra ele, sua biografia poderá ser “manchada”.
“Se for comprovado, é possível. Mas se não for comprovado, é o atestado de idoneidade. Essas coisas tem que aguardar. Ele acusou, ninguém sabe a profundidade dessas acusações. Vamos aguardar já que está sendo apurado. Não vou falar nada agora. Se ele não provar, aí sim vou falar”, completou.
As acusações
O ex-deputado estadual José Riva revelou que os governos do falecido Dante de Oliveira, do atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP) e de Silval Barbosa (PMDB), pagavam propinas milionárias para deputados, no intuito de ter o apoio deles na Assembleia Legislativa.
Apenas de 2005 a 2008, segundo Riva, o governo de Blairo teria repassado um total de R$ 37,5 milhões a boa parte dos deputados à época. Para executar os repasses ilegais, de acordo com Riva, o Executivo suplementava os valores que deveria repassar ao Legislativo.
"Nesse período [2003 a 2004] foram movimentados R$ 1,1 milhão. Em 2005 aumentou para R$ 3,4 milhões. Em 2006 foram R$ 6 milhões. Em 2007, quando era presidente o Sérgio Ricardo, R$ 12 milhões. Em 2008, R$ 15 milhões", disse Riva, que foi ex-presidente da Assembleia por vários mandatos.
Na audiência, ele citou os nomes de 34 supostos beneficiários da propina. Além de Percival estão na lista: o ex-deputado e ex-governador Silval Barbosa; o ex-deputado e atual conselheiro afastado do TCE, Sérgio Ricardo; os deputados Mauro Savi, Dilceu Dal Bosco, Pedro Satélite, Zé Domingos, Guilherme Maluf, Gilmar Fabris, Wagner Ramos, Adalto de Freitas e Sebastião Rezende; o ex-deputado e atual secretário adjunto da Casa Civil, Carlos Brito; o ex-deputado e atual conselheiro do TCE, Campos Neto; os ex-deputados Nilson Santos, Airton Português, Eliene Lima, Maksuês Leite, Ademir Bruneto, João Malheiros, Zeca D'Ávila, Nataniel de Jesus, Antônio Brito, José Carlos de Freitas, João Malheiros e Renê Barbour; o ex-conselheiro do TCE Alencar Soares; o ex-deputado e ex-secretário de Educação, Carlão Nascimento; o ex-deputado e ex-prefeito de Várzea Grande, Wallace Guimarães; o ex-deputado e ex-conselheiro do TCE, Humberto Bosaipo; o ex-prefeito de Sinop, Juarez Costa; o ex-deputado e ex-prefeito de Cuiabá, Chico Galindo; a ex-deputada e ex-vereadora Chica Nunes e o já falecido ex-deputado Walter Rabello.
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