Coletiva Sinetran Allan Kardec
Humilhação, tortura e injustiça. Estes são alguns dos termos utilizados pelos três servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-MT) presos pela Polícia Militar na manhã desta terça-feira (31), durante protesto em frente ao Palácio Paiaguás, sede do Governo.
Conforme informações do Sinetran, sindicato que representa a categoria – em greve há cerca de 50 dias –, os PMs usaram gás lacrimogêneo e spray de pimenta para dispersar os manifestantes, que bloqueavam a entrada da sede do Governo.
Um vídeo gravado pelos manifestantes, e que circula nas redes sociais, mostra o momento em que os policiais usam a força para deter pessoas que participavam do ato.
As imagens mostram o momento em que a agente de trânsito e dirigente sindical, Catherine Suzarte, é imobilizada pela Polícia Militar. Nas imagens, ela aparenta desconforto nos olhos, provavelmente provocado pelo spray de pimenta.
Na tarde desta terça-feira, Catherine Suzarte comentou o caso. Ela detalhou que estava sentada em uma cadeira, em meio ao protesto do sindicato, quando teria sido carregada por policiais militares.
“Eu estava sentada quando os policiais militares jogaram muito spray de pimenta mesmo. Não é força de expressão, era muita coisa. Muito do produto atingiu o meu rosto e em seguida diversos policiais, inclusive homens, me agarraram, me arrastaram e me jogaram dentro do camburão”.
“Dentro da viatura, eles me algemaram e começaram a me bater muito”, declarou.

Segundo ela, depois de colocá-la dentro do camburão, os militares jogaram novamente gás lacrimogêneo contra ela. Posteriormente, a servidora afirmou que permaneceu detida dentro da viatura.
“Eles me expuseram, detida e algemada dentro do veículo, em frente aos portões da Casa Civil. Eu fiquei presa, inalando gás de pimenta em um lugar em que não havia nenhuma circulação de ar. Quase desmaiei lá dentro. Passei muito mal”, disse.
Catherine classificou a atuação da Polícia Militar como “tortura”. Ela relatou que foi deixada dentro do carro, em frente ao Palácio Paiaguás, durante cerca de uma hora e meia.
“Ficou claro pra mim: como me bateram lá dentro e eu já estava algemada e cheia de gás de pimenta, que eles não queriam que abrisse justamente para me deixar presa. Foi uma tortura. Eles queriam me deixar exposta”, pontuou.
Para a servidora, os policiais que atuaram no protesto estavam com a intenção de agredir os manifestantes.
“A intenção do Governo do Estado é acabar com a greve. Em vez de resolver, negociar, ele usa a força e o aparato da PM para impedir a negociação e nos colocar em uma situação deplorável”, afirmou.
Outros presos
Enquanto Catherine era detida, Marcos Moreira, também agente de trânsito do Detran, chegou a ser imobilizado pela PM, por meio de uma técnica denominada "mata-leão", que é um golpe de estrangulamento usado por forças policiais e nas artes marciais.
“Eu vi o momento em que ela estava sendo presa e levando uma gravata dos policiais. Eu fui intervir, quando fui imobilizado e também fui alvo da truculência dos militares”, comentou.
“Os policiais usaram uma força desnecessária. Eles me algemaram, me agrediram e também me deixaram durante uma hora e meia no camburão”, completou.
Ele relatou que chegou a levar golpes de cassetete em sua cabeça. Em razão das agressões, o servidor ficou com um corte.
Alair Ribeiro/MidiaNews
Servidor Marcos Moreira sofreu lesões na cabeça e nos braços durante prisão
“Foi realmente uma situação desnecessária. A gente não ofereceu nenhum tipo de ameaça”, pontuou.
O terceiro servidor preso foi o agente de trânsito Israel Lima. Ele foi detido por último e contou que estava em meio aos protestos quando os militares ordenaram que ele entrasse na viatura.
“Depois que meus colegas foram levados, dois policiais simplesmente me pararam na rua, me arrastaram e disseram ‘vamos, vamos’. E me colocaram no camburão”.
“Eles iam me colocar no camburão em que ela [Catherine] estava, mas um major disse para não abrir o camburão e eu fui pro outro”, disse.
Consequências
Com lesões nos braços, Catherine lamentou a abordagem e afirmou que viveu "momentos terríveis".
“Eu estava vulnerável a um monte de policial armado, que chegaram me batendo e jogando spray de pimenta. Eu já não estava enxergando mais nada, meu corpo inteiro estava queimando”.
“É um absurdo. A gente se sente pior que um bicho, porque até bicho hoje em dia tem direitos que não permitem isso”.
Ela ainda criticou duramente a postura dos militares e questionou o modo como eles conduziram a sua prisão.
“Eu queria ressaltar que eles me bateram muito lá dentro e eu acho estranho, porque eu sou dirigente sindical também e eles me conhecem. Eu acho muito estranho eles me baterem enquanto eu estava algemada lá dentro. É uma conduta estranha. Qual o sentido disso?”, declarou.
A presidente do Sinetran-MT, Daiane Renner, comentou que o protesto da manhã desta terça-feira somente ocorreu na rua do Palácio em razão de a PM ter fechado o acesso ao Paiaguás.

“Não nos restou outra alternativa que não fosse ficar na rua. Então, toda a ação [da PM] já estava organizada quando chegamos. Tanto é que alguns vídeos mostram que a Polícia Militar foi quem trancou as ruas com viaturas, antes de a gente chegar. Os PMs já estavam nos aguardando com sprays de pimenta”, comentou.
Cerca de duas horas após serem presos, os servidores foram encaminhados ao Cisc Planalto. No local, eles assinaram Termo Circunstanciado e foram liberados.
Os três foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML), para a realização de exames, porém o órgão não estava atendendo. Eles somente realizarão o procedimento na noite desta terça-feira ou nos próximos dias.
O advogado do Sinetran, Bruno Alvarez, informou que o sindicato irá processar o Estado.
“Vamos processar pelos prejuízos e pela humilhação sofrida pelos servidores. Também vamos averiguar a suposta ou potencial responsabilidade das autoridades policiais, mas isso depende de apuração para a gente saber quem foram eles e quem efetivamente praticou os atos desproporcionais e desnecessários”, explicou.
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47 Comentário(s).
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| wilson 02.11.17 13h47 | ||||
| VEJAM OS OUTROS VIDEOS ANTES DE OPINAREM, A GREVE É LEGAL ATÉ SER DECLARADA ILEGAL, FECHAR VIAS E PROVOCAR VANDALISMO JÁ NÃO É TOLERADO, COITADOS, AGORA A CULPA É DA POLICIA. | ||||
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| Mauro 02.11.17 11h11 | ||||
| Sou contra a PM... Poha bateram muito pouco kkkk | ||||
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| Valter Pinheiro 02.11.17 10h11 | ||||
| Esse pessoal tem que trabalhar. Só querem aumento de salário. Quando estão em atividade trata o povo como se fosse um favor. Estão insatisfeitos com a empresa (governo) pede exoneração e buscam uma oportunidade na iniciativa privada, aí vcs vão sentir saudades do seus empregos. Deveria descontar os dias parados. Tenham consciência. O povo já paga uma conta ardente.., | ||||
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| Robson 01.11.17 23h03 | ||||
| O DETRAN sempre foi um órgão podre,sempre ouvimos e vimos as podridões que acontecem lá,mas eu nunca vi sindicalistas abrirem a boca pra falarem e entregarem as coisas erradas que acontecem lá dentro. Em todos os governos o DETRAN ofereceu um péssimo serviço. | ||||
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| valdir 01.11.17 21h16 | ||||
| vai trabalhar tropra de mala | ||||
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