Várzea Grande faz 144 anos com maior crise da história

A cidade de Várzea Grande completa 144 anos neste domingo com a maior crise político-administrativa da história recente do município. Em menos de 40 dias, a cidade teve três prefeitos e chegou num mesmo dia ter dois prefeitos.

Com a mudança de prefeitos, também se mudaram a administração, os secretários de governo e houve demissões e contrações de servidores. A situação acaba prejudicando as ações de governo de uma prefeitura que enfrenta dificuldades de ordem financeira.

Nos últimos dois meses comandaram a cidade o presidente da Câmara Municipal, João Madureira (PSC), o vice-prefeito Tião da Zaeli (PR) e o próprio prefeito, Murilo Domingos (PR). Acusado pelo Ministério Público por diversos atos de improbidade administrativa, o prefeito se mantém no cargo por força de liminar.

Exemplo dos transtornos causados pela instabilidade política é que este ano a programação pelo aniversário da cidade será bem modesta. A comemoração começa com uma procissão da Igreja Nossa Senhora da Guia até o Centro Pastoral Padre Aldacir, onde às 9h acontece a tradicional missa da Nossa Senhora da Guia.

Durante o período da manhã também acontece a II Corrida de Pedestre, com percurso que parte do Cristo Rei e chega até a sede da prefeitura, no Paço Municipal Couto Magalhães. E à tarde acontece o tradicional desfile cívico. Este ano não haverá inauguração de obras ou descerramento de placas, típicos em festejos de aniversários de municípios.

Umbilicalmente ligada à capital Cuiabá, Várzea Grande é hoje a segunda maior cidade do Estado. Conforme o censo do IBGE de 2010, a cidade tem 252.709 mil habitantes. Embora seja a segunda em termo populacional, o município conhecido como Cidade Industrial tem apresentado dificuldade na arrecadação e geração de emprego, ainda mais se comparada com cidades menores.

Rondonópolis, com 195.550 mil habitantes, impulsionada pelo agronegócio, apresenta índices econômicos mais saudáveis. No ano passado, a cidade-polo do sul do Estado bateu a Cidade Industrial em termo de geração de emprego, conforme o Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Cadeg).

Para o professor-mestre em história Suelme Evangelista Fernandes, a situação política vivida em Várzea Grande nos últimos meses, associada à visível insatisfação da população com os serviços públicos, pode ser um estopim para que nas urnas, na próxima eleição, os eleitores deem o troco e elejam candidatos dissociados dos políticos que fazem "política colonial, patrimonialista, que colocam as redes familiares e negócios próprios na frente do público".

A eleição de Murilo Domingos, segundo o professor, já foi uma vontade de mudança da população. "O Murilo veio com a proposta de superação, de uma gestão moderna, mas repetiu as velhas práticas. A dignidade dos eleitores foi posta à prova e o próximo passo para isso é a reprovação dessa administração", considerou o professor Suelme.

Com olhar otimista para o futuro, Suelme acredita que a própria população vai exigir uma nova configuração política, substituindo o "esse modelo arcaico, com velhas práticas de corrupção". "É isso que se espera: além da mobilidade urbana que vem com a Copa, a mobilidade política", disse o professor.