Cuiabá, Segunda-Feira, 16 de Junho de 2025
PROPOSTA DE REVITALIZAÇÃO
27.05.2012 | 14h09 Tamanho do texto A- A+

Comércio no Centro Histórico pode funcionar aos domingos

Centro teria feiras gastronômicas e culturais para atrair a população

Lislaine dos Anjos/MidiaNews

Abertura de comércio aos domingos divide opinião de empresários da região

Abertura de comércio aos domingos divide opinião de empresários da região

LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Comerciantes que possuem lojas no Centro Histórico de Cuiabá podem começar a abrir as portas também aos domingos. A proposta é de que a ação seja uma forma de revitalizar a região, que carece de investimentos do poder público, e também de atender parte da população, que, por falta de tempo, acaba não frequentando o local.

A ideia, que está sendo discutida por empresários e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) da Capital, agrada aos moradores da região, que veem na oportunidade uma forma de movimentar o centro e aumentar a segurança, uma vez que o local fica completamente abandonado, durante os fins de semana e feriados.

Lislaine dos Anjos/MidiaNews

Praça da República: feiras gastronômicas e culturais para atrair a população

Atualmente, andar pelo Centrão, em dias em que o comércio fecha as portas, tornou-se uma aventura perigosa. O local virou refúgio de usuários de drogas e os casarões abandonados, que tanto remetem à arquitetura colonial, são alvos constantes de pichação e depredação.

Caso a ideia se concretize, a região do Centro Histórico poderá se tornar mais uma opção de lazer, aos domingos, para as famílias cuiabanas. Isso porque, para atrair a população, o movimento pretende manter os restaurantes abertos e também realizar feiras gastronômicas e culturais, nas três praças da região: Ipiranga, República e Alencastro.

Além disso, a ideia contempla buscar, junto ao sistema de transporte público da Capital, a redução de 50% na tarifa de ônibus, chamada de “tarifa social”, que hoje é de R$ 1,35.

De acordo com o presidente da Associação dos Comerciantes do Centro Histórico de Cuiabá, Paulo Salem, os cuiabanos precisam retomar o costume de frequentar o Centro e, para isso, é necessário que lhes sejam ofertados algo mais, além do comércio puro e simples, como música, artesanato e entretenimento em geral.

“Começamos essa conversa nesta semana, mas a ideia já é um desejo nosso antigo, que estamos discutindo há três anos. Queremos transformar o domingo em um dia comum. Grandes redes já aderiram a essa ideia e deu certo. Só o ‘miolinho’ do Centro que não funciona aos domingos”, disse Salem, em entrevista ao MidiaNews, na sexta-feira (26).

Salem afirmou que o projeto já está certo e será implantado, mas faltam acertar alguns pontos com os comerciantes locais e funcionários das lojas.

“Inicialmente, pretendemos funcionar aos domingos, das 8h às 13h, durante uns dois meses seguidos, como forma de teste”, afirmou.

O presidente da associação acredita que a experiência será positiva e, para tanto, argumenta que as lojas localizadas nos grandes bairros da Capital, como CPA e Pedra 90, já abrem as portas aos domingos e possuem uma movimentação considerável.

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Comércio funcionaria das 8h às 13h, durante a fase de teste

“Quase 80% das lojas de bairro já fazem isso e já tem o domingo como o melhor dia para vendas. No Centro, o sábado é o melhor dia, mas acredito que, dentro de seis meses, o domingo se tornaria o dia mais lucrativo, sem dúvidas”, garantiu.

O expediente no centro também daria oportunidade à população para fazer suas compras com qualidade, tendo mais opções de lojas, não se restringindo aos shoppings da Capital.

Alguns empresários, como é o caso de Junior Vidotti, da loja Moda Verão, avaliam a iniciativa como rentável e com possibilidade de expansão.

“No bairro Pedra 90, já abrimos nesse dia e ele representa o nosso segundo melhor dia de movimento”, afirmou.

A ideia também agrada a João Firmino, de 64 anos, que todas as manhãs vai ao Centro para tomar seu café da manhã e rever os amigos. Ele disse que aprova a mudança e está ansioso para ver os calçadões movimentados, outra vez.

“Você anda por aqui, no fim de semana, no feriado, e não tem ninguém, nada aberto. É triste isso. Eu espero poder tomar meus cafés aos domingos, aqui também”, disse, animado.

Uma reunião para definir mais critérios e implementar o projeto junto à totalidade dos comerciantes da região foi marcada para a próxima quarta-feira (30), às 8h30, na CDL.

Na ocasião, representantes do setor de Segurança Pública deverão participar também, segundo Paulo Salem. Eles serão convidados a implantar medidas para aumentar a segurança no local, tratando o domingo como um dia comum da semana.

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Calçadão da Ricardo Franco: movimento já estava fraco na manhã de sábado

Geração de emprego e renda


A CDL acredita que o projeto poderá aumentar, consideravelmente, o índice de geração de emprego e renda na região. Segundo o diretor da CDL Cuiabá, Sérgio Rotini, os funcionários serão ouvidos e informados da proposta e as leis trabalhistas serão respeitadas.

Dessa forma, os funcionários que fizerem expediente aos domingos poderão contar com um dia de folga durante a semana. Além disso, a cada dois domingos trabalhados, o empregado contaria com um domingo de folga.

A diretora da CDL, Maria Cândida Camargo, argumentou que a oportunidade de aumento nos lucros, por parte dos empresários, é uma justificativa forte para que os comerciantes façam sua adesão à proposta, além da chance de revitalização do Centro.

“Abrir aos domingos é ainda a possibilidade de recuperar o que perdemos durante os feriadões, quando ainda não se conseguiu mobilizar a abertura de grande parte das lojas”, afirmou a diretora.

Resistência

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André Luiz desaprova a abertura do comércio aos domingos: "é dia de descanso"

Apesar dos grandes lojistas serem apontados como apreciadores do projeto, a iniciativa não é bem vista pelos pequenos comerciantes.

André Luiz Oliveira, 45, já trabalha no Centro Histórico desde os oito anos de idade e reclama que a abertura aos domingos irá apenas gerar prejuízo e falta de convivência familiar, não rendendo vendas suficientes para cobrir os custos da abertura da sua loja, localizada no Calçadão da Galdino Pimentel.

“O pequeno comerciante já é esmagado, quase não tem espaço. Eles só querem fazer isso para arrecadar mais dinheiro. Não bastam todos os impostos que a gente já paga? O público não justifica a abertura das portas. Desse jeito, nós viramos escravos do comércio”, reclamou.

Sobre a proposta de realização de feiras nas praças para atrair a população, Oliveira discorda.

“Aqui não é lugar de passear, é lugar de trabalhar. Fim de semana é dia de descanso, não de fazer compras. Eu não vou deixar de viver e descansar com minha família no domingo”, afirmou, acrescentando que muitos colegas devem oferecer resistência à implantação do projeto.

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Adelar Schrader acredita que a iniciativa é arriscada e nem todos devem aprovar a medida

Apesar de também ser contrário à ideia, o comerciante Adelar Schrader, 48, acredita que a iniciativa pode até ser rentável, a longo prazo, mas que se torna uma aposta arriscada que nem todos os empresários podem abraçar.

“É uma aposta de dinheiro alto e a maioria vai achar muito arriscado. Hoje, abrir as portas em dia de feriado já mostrou que não compensa. O teste já foi feito e acredito que a maioria não vai querer”, afirmou.

Schrader trabalha no Centro Histórico desde 1998 e afirmou que, para os comerciantes pequenos, a proposta não é viável.

“Os comerciantes pequenos não conseguiriam lucrar tanto assim... não seria suficiente para cobrir as despesas”, disse.

Reclamações

Comerciantes reclamaram ao MidiaNews que, antes de a proposta ser implantada, precisaria haver uma diminuição dos impostos cobrados para que eles funcionem no Centro Histórico, como uma forma de incentivo à adesão da ideia.

Além disso, eles reclamam do abandono do poder público em coisas simples, como conserto de bancos localizados nos calçadões, a instalação de lixeiras – que hoje são caixas de papelão improvisadas pelos pequenos empresários na porta das lojas – e também o fechamento adequado dos bueiros que, por exalarem um forte mau cheiro, são tampados diariamente por pedaços de papelão.

Veja mais fotos na galeria abaixo.

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GALERIA DE FOTOS
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Praça Alencastro

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Lixo improvisado

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bueiro tampado

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Bueiro aberto

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Banco em pedaços




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luis sebastiao  03.07.12 17h25
Há décadas que existe projetos e planos de revitalização do centro histórico de Cuiabá, bem como, da região do porto.Todavia, a covardia e a falta de interesse dos políticos, ainda mais agora, em época de eleições não fazem nada ou se fazem são coisas tão ridículas que não vão para frente.Idéias boas, coerentes existem, mas há muitos interesses acima do sonho de ver a nossa cidade com mais e melhores pontos turísticos...uma vez que, os que nós temos hoje são verdadeiras malezas de Cuiabá.
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Rodolfo  28.05.12 16h54
já passou da hora da treze,no trecho entre os correios e a praça ipiranga virar calçadão.
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marcos  27.05.12 18h21
o povo tem que ser educado, os orgoes publicos tem que tomar a iniciativa, tem que restuarar o comercio em frente a igreja nosso senhor dos passos centro de cuiabam na rua 7 de setembro....e arrancar aqueles drogados dali....
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