LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Mais de dois meses após ser escolhida como uma das beneficiadas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, Cuiabá ainda não deu início às obras para a revitalização do Centro Histórico.
O projeto apresentado pelo Município ao Governo Federal foi aprovado e contemplado com uma verba de R$ 10 milhões.
No entanto, até o momento, a verba não foi liberada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), de Brasília, segundo o secretário de Governo, Fábio Garcia.
“Foram solicitadas algumas alterações no projeto, nós já fizemos e reenviamos para o Iphan. Agora, esperamos o Iphan de Brasília receber a comunicação de que está tudo correto para que o recurso seja liberado e possamos começar as intervenções”, afirmou.

"Esperamos o Iphan de Brasília receber a comunicação de que está tudo correto para que o recurso seja liberado e possamos começar as intervenções"
De acordo com Garcia, não houve retirada das obras já previstas no projeto – que incluem casarões e praças do Centro da cidade.
“Os projetos apresentados apenas foram complementados e houve inserção de outras casas no pacote, como a Casa Barão. Ao todo, nove casarões e quatro praças que serão restaurados”, disse.
Se forem levados em conta os prazos regimentais, a execução das obras não deverá ter início ainda neste ano. Isso porque a ordem de serviço deve ser emitida apenas 45 dias após o lançamento do edital.
Apesar de não ter como objetivo ser finalizado antes da Copa do Mundo de 2014, o prefeito Mauro Mendes afirmou ao
MidiaNews que não descarta a hipótese de que, até o Mundial, que ocorre nos meses de junho e julho, algo já esteja pronto na região.
“Seria humanamente impossível, mas vamos trabalhar com esse objetivo também para dar celeridade, porque isso anima a equipe, coloca desafios e eu gosto de desafios”, disse.
ProjetosQuando da aprovação do projeto que, segundo Garcia, não foi modificado, a verba liberada contemplava não apenas a reforma de casarões antigos da região, bem como a Igreja Nossa Senhora dos Passos e as praças da Mandioca, Caetano de Albuquerque, do Rasqueado (Galdino Pimentel, a Rua de Baixo) e Alencastro.
Também foi contemplado no projeto o alargamento de calçadas de várias ruas, como Voluntários da Pátria, Pedro Celestino (Rua de Cima), Ricardo Franco (Rua do Meio) e Cândido Mariano.
Está prevista, ainda, a revitalização da Escadaria do Beco – inclusive, garantindo o acesso a portadores de necessidades especiais (PNEs).
Segundo Garcia, para evitar que a revitalização seja “desperdiçada” – com os casarões e praças sendo alvos de vandalismo ou novamente abandonados –, cada local já tem um uso pré-definido em projeto pelo Município.

"Ao todo, nove casarões e quatro praças que serão restaurados"
“No projeto do PAC, fomos obrigados a colocar utilização de cada espaço. Então, temos ali a criação de bases da Polícia Militar, centros de Saúde, a própria sede do Iphan, a sede do projeto Ciranda... Enfim, diversas utilizações para aqueles casarões”, disse o secretário.
A ideia da Prefeitura também contempla o uso dos casarões para abrigo de outras instituições sociais, como farmácia pública, creches e centros culturais. O projeto também prevê que todos os imóveis sejam equipados com sistema anti-incêndio.
Segundo o arquiteto e coordenador da elaboração dos projetos, Paulo Crispim, os casarões foram encontrados nos mais diferentes graus de conservação e preservação, mas todos os imóveis que apresentarem características da época em que foram construídos serão preservados.
Promessa antiga
Várias propostas para revitalização do Centro Histórico já foram apresentadas nos últimos nove anos, tendo início em 2004, com o então prefeito Wilson Santos (PSDB).
Thiago Bergamasco
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Projeto prevê a reforma de casarões e uso dos espaços como instituições sociais e centros culturais
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Na ocasião, ele levantou a bandeira de recuperação da região, durante uma longa caminhada pelos calçadões da região – resultando, inclusive, no fechamento temporário de prostíbulos e bocas-de-fumo (usados como ponto de venda e uso de entorpecentes).
A promessa, porém, não foi cumprida e o sonho dos moradores e comerciantes locais continuou abandonado.
Hoje, o retrato do Centro Histórico é triste: casarões caindo aos pedaços, bocas-de-fumo, prostíbulos, bares e casas de jogatina tomam conta das ruas estreitas, sem iluminação, acessibilidade ou policiamento, tornando a região em espaço preferido de marginais e delinquentes.