LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Após três anos fechado para visitantes, o Complexo da Salgadeira deverá ter as obras de revitalização e urbanização iniciadas em agosto deste ano. As informações são do secretário de Estado de Turismo (Sedtur), Jairo Pradela.
A reportagem do
MidiaNews apurou que o Governo do Estado, por meio da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa), deverá lançar, dentro dos próximos dias, o edital para contratação da empresa que será responsável pela execução dos trabalhos de recuperação do local.

"Acredito que na primeira quinzena de agosto já tenhamos gente trabalhando lá"
“Todo o processo deverá durar 45 dias. Licitou, faz o contrato, assina a ordem de serviço e começa a obra. Tudo isso a gente espera que seja feito em 70 dias. Acredito que na primeira quinzena de agosto já tenhamos gente trabalhando lá”, disse o secretário.
O prazo para execução de toda a obra do complexo é de oito meses. A expectativa da Sedtur é de que os serviços sejam concluídos antes do início da Copa do Mundo, em junho de 2014, quando Cuiabá deverá receber aproximadamente 70 mil visitantes.
“Queremos a Salgadeira esteja aberta e em funcionamento durante a Copa do Mundo. Isso é uma determinação do governador Silval Barbosa”, afirmou Pradela.
Toda a obra deverá custar cerca de R$ 7 milhões, dos quais R$ 5,6 milhões são provenientes de um convênio do Estado com o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e o, restante, R$ 1,4 milhão, é referente a uma emenda parlamentar do deputado federal Júlio Campos (DEM).
A licitação, segundo o gestor, contempla toda a revitalização estrutural do complexo, incluindo o restaurante e as obras de urbanização necessárias no local.
“A licitação contempla ainda as obras de paisagismo, traves, plano de recuperação de área degradada, posto policial, construção de um Centro de Interpretação Turística, enfim. Tudo vai funcionar e será entregue junto, com acessibilidade necessária”, detalhou.

"Com certeza, a entrada no Complexo da Salgadeira será cobrado"
Os visitantes, porém, terão que se contentar com a nova função da área, que deixará de atender banhistas e será usada apenas para contemplação, ao menos inicialmente.
Isso porque a degradação ambiental do local causou uma drástica diminuição do fluxo da água no entorno da Salgadeira.
Quando ainda ocupava o posto de secretária de Turismo, no início deste ano, a atual deputada estadual Teté Bezerra (PMDB), afirmou ao
MidiaNews que a utilização indevida do local pelos banhistas fez com que a água do rio “praticamente sumisse”.
“A lâmina d’água, em alguns trechos, não passa de 10 centímetros. Então, o local não está apropriado para o banho também por não existir água e, se não existe, também não vai ter banho exatamente por isso”, disse.
ConcessãoOutra mudança significativa na região será a cobrança de uma taxa fixa para visitação do local, que passará a ser gerenciado e explorado por uma empresa, e não mais aberto ao público.
Segundo Pradela, ainda está sendo estudado pela Sedtur, em parceria com a Secretaria de Estado de Administração (SAD), qual será o modelo de concessão adotado para exploração do complexo.
Mary Juruna/MidiaNews
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Registro do uso da Salgadeira, em 2008: banhos serão proibidos após reabertura
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A concessionária que vencer esse processo licitatório deverá também estudar uma forma de viabilizar o local para banho.
“Como ela primeiro será aberta para contemplação, não para banho, vamos deixar uma condicional no contrato de concessão para que dentro de um determinado prazo a empresa faça um estudo de impacto ambiental e hidrológico e façam uma grande piscina, por exemplo, para abrir o local para os banhistas”, disse.
Segundo Pradela, a exploração do local é necessária para gerar renda, a fim de pagar a dívida contraída pelo Estado junto ao BNDES.
“O estudo vai definir capacidade de carga, quantas pessoas o completo suporta por dia, todos os detalhes necessários. A comissão da SAD e da Sedtur verá como será realizada a cobrança, mas com certeza a entrada no complexo da salgadeira será cobrada”, afirmou.
Fechamento e TACConsiderado um dos pontos turísticos mais importantes da Capital e de Chapada dos Guimarães, o Complexo da Salgadeira foi fechado em 2010, por determinação da Justiça, que o pedido feito pelo Ministério Público Estadual (MPE) em uma ação civil pública.
O complexo está localizado a 30 km ao Norte de Cuiabá, no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães.
O órgão sustentou, na ação, que o local apresentava irregularidades ambientais como a disposição de resíduos a céu aberto e sistema de tratamento de esgoto tomado pela vegetação que contribuíram, negativamente, para degradar a região.
Segundo o MPE, os problemas no local foram causados pelo exercício da atividade e pelo uso desordenado do turismo no local.
Mary Juruna/MidiaNews
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Restaurante da Salgadeira também deverá ser reformado
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A ação ainda citava a existência de processos erosivos no estacionamento, ausência de licença ambiental; equipamentos de segurança e certificado do Corpo de Bombeiros vencidos; tubulações de esgoto de pia de cozinha em drenagem pluvial, entre outros.
A ação foi movida em outubro de 2010 contra o Governo do Estado, Prefeitura de Cuiabá, Apis Restaurante e Turismo Ltda., EP de Amorim - ME, E P Cunha e Associação de Defesa do Rio Coxipó (Aderco).
Em decisão sobre o caso, a Justiça homologou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Ministério Público e o Governo Estadual, para que a revitalização do Complexo da Salgadeira fosse feita, sob pena de multa diária de R$ 1 mil.