A corrida de rua deixou de ser uma prática de atletas profissionais e se transformou em uma das modalidades mais populares entre os mais diversos públicos de Cuiabá. Nas ruas da capital, é comum ver jovens, adultos e até idosos dividindo o mesmo percurso em busca de saúde e socialização.
As provas locais já atraem milhares de inscritos e movimentam não apenas o esporte, mas também o turismo e a economia da cidade.
Além da tradicional Corrida de Reis, o calendário da capital mostra essa tendência também em outras provas, como a Ultramacho, que conquistaram espaço ao oferecer experiências diferenciadas aos participantes.
A popularização do esporte está ligada à facilidade de acesso e aos benefícios físicos e mentais que proporciona, influenciando também a autoestima e a autoconfiança.
O assessor esportivo Emerson Perin (@perin110), referência na área, que há duas décadas treina corredores em Cuiabá, disse que apesar de ser acessível, a prática precisa de orientação adequada.
“Todo mundo consegue correr. A diferença está em como isso é feito. Se não houver orientação, aí sim a corrida pode machucar”, disse. A afirmação vai ao encontro a um dos maiores mitos combatidos pelo treinador, de que correr é prejudicial.
Para ele, o risco de lesões está diretamente ligado à falta de preparo, de acompanhamento médico e de treinos mal estruturados.
“É preciso treinar. Uma caminhada de duas semanas, depois caminhada com corrida, até chegar a uma progressão sustentável. O ideal é de três a quatro meses de preparação para os cinco quilômetros. Caso contrário, o custo para o corpo pode ser alto”.
Esse cuidado é ainda mais importante em provas consideradas de “entrada”, como as de 5 km. Muitos iniciantes acreditam que a curta distância dispensa treino, mas, segundo Perin, esse é um erro comum que pode comprometer a saúde e afastar o corredor da prática.
Corrida 70+
Histórias de superação surgem justamente nesses percursos curtos. Um exemplo foi registrado na 12ª Corrida da Advocacia, em agosto, quando a professora Emiko Yanagawa, de 70 anos, completou pela primeira vez uma prova de 5 km.
O momento foi ainda mais especial porque ela cruzou a linha de chegada ao lado do filho, atleta de corrida. “Foi uma cena muito marcante. Ela completou os 5 km pela primeira vez e ainda teve o privilégio de correr ao lado do filho, que já é atleta. Isso mostra como a corrida é inclusiva e como pode unir gerações”, contou Perin.
Para além da performance, casos como o de Emiko ilustram o que especialistas destacam como o maior ganho da prática: a transformação pessoal.
“A autoestima e a autoconfiança mudam rápido. O aluno que não se via correndo 3 km, em um mês já completa um. Ele descobre que é capaz. Isso não vem da motivação, mas da rotina. É a rotina que transforma”, avalia o treinador.
As assessorias esportivas têm papel fundamental nesse processo, ao reunir corredores em grupos que estimulam o treino regular e o senso de comunidade. Essa estrutura tem atraído iniciantes e também reforçado o vínculo de quem já pratica a modalidade há anos.
Em Cuiabá, a corrida de rua deixou de ser apenas atividade física e passou a ser também um espaço de socialização e troca de experiências. Provas temáticas, beneficentes e de resistência vêm ampliando o público e atraindo desde atletas de elite até pessoas que encaram o desafio como uma meta pessoal.
Para Perin, o segredo do sucesso da modalidade está na sua simplicidade e no poder de incluir. “Nunca recusei treinar alguém. Quem me procura já deu o primeiro passo. A corrida é democrática. O que muda é o quanto a pessoa está disposta a se conhecer e a se dedicar”.
O calor
Cuiabá ainda impõe um desafio adicional: a alta temperatura. O clima quente da capital limita os horários de treino e exige disciplina de quem escolhe o esporte. Para alguns, esse fator poderia ser um obstáculo, mas Perin enxerga também vantagens.
“Aqui, um treino leve pode parecer moderado ou intenso. Quando você sai para competir em um estado mais frio, isso vira vantagem. O pace melhora, a performance também”, disse. O pace é o tempo que o corredor leva para percorrer um quilômetro.
As provas locais ajudam a manter a motivação dos praticantes e movimentam a cidade. A Corrida de Reis, por exemplo, reúne milhares de pessoas a cada edição e já se consolidou como uma das maiores do país.
Já a Ultramacho se destaca pela proposta de unir esporte e cultura regional, atraindo corredores de diferentes perfis e faixas etárias. “Temos um crescimento muito legal em Mato Grosso. Eventos como a Ultramacho entregam experiência, história e ainda fomentam a economia. Não é só sobre correr: é sobre turismo, lazer e comunidade”, explicou o treinador.
Segundo Perin, a transformação pessoal é o segredo para que a corrida de rua tenha conquistado tantos adeptos. A disciplina, somada ao incentivo de grupos de treinamento e eventos, cria uma rede de apoio que mantém o esporte em evidência.
Com ruas cada vez mais ocupadas por corredores, Cuiabá mostra que o fenômeno da corrida de rua tem lugar especial entre a população. Seja em busca de saúde, superação ou simplesmente pela alegria de cruzar a linha de chegada, os praticantes confirmam que o esporte já faz parte da rotina e da identidade da capital.
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