Aquela sensação de que as pessoas estão muito ocupadas com o trabalho o tempo todo está correta, como demonstra o relatório do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre o tempo livre do trabalhador brasileiro, divulgado nesta quarta-feira (21).
Das 3.796 pessoas ouvidas pelo Sips (Sistema de Percepção Social) em todo o País, 45,4% afirmaram ter dificuldade para se desligar totalmente do trabalho, mesmo após o fim da jornada do dia.
O maior vilão do descanso é a necessidade de ficar de prontidão para caso surja alguma atividade que não estava prevista. Esse foi o motivo apontado por 26% dos entrevistados.
A necessidade de planejar ou desenvolver alguma atividade pela internet ou pelo celular impede que 8% das pessoas levem o trabalho para casa. Correr atrás de informações referentes ao próprio ofício também foi uma razão apontada, desta vez por 7,2% das pessoas.
Além disso, 4,2% dos entrevistados chegam em casa para dar início a um outro trabalho remunerado. Ou seja, nada de descanso.
Nas horas vagas
Se os planos da semana envolvem um curso de línguas ou uma aula de ginástica, apenas 29,7% dos entrevistados conseguem cumpri-los. As atividades que mais conseguem espaço na agenda do trabalhador brasileiro que consegue assumir outros compromissos são a devoção religiosa (7,1% das pessoas), um segundo trabalho (6,2%), os estudos (5,9%) e o treinamento esportivo (5,9%).
O trabalho voluntário também tem vez, mas só 2,5% das pessoas conseguem incluí-lo na semana.
Tempo livre
Outra sensação presente é a de que o tempo livre cada vez mais cede lugar ao trabalho, segundo relato de mais de um terço dos entrevistados (37,7%). Para essas pessoas, o excesso de atividades exigidas pelo emprego, a obrigação de levar o trabalho para casa e o tempo gasto com transporte para a empresa são os responsáveis pela diminuição do tempo livre.
Se há a necessidade de dedicar parte do tempo livre a atividades relacionadas ao emprego, 48,8% reagem negativamente, seja expressando conformismo porque é preciso manter o trabalho (36,7%), tristeza (5,1%) e até mesmo revolta (7%).
Qualidade de vida
A pesquisa apurou também que 39,5% dos entrevistados acham que o tempo gasto com o emprego acaba comprometendo a qualidade de vida, uma vez que esse trabalho causa cansaço e estresse (13,8%), compromete as relações amorosas e a atenção dada à família (9,8%), prejudica o estudo, o lazer o esporte (7,2%) e afeta negativamente as relações de amizade (5,8%).
Porém, apenas 21,5% dos entrevistados considera a possibilidade de trocar de trabalho e mudar a situação.
A pesquisa considerou residentes em áreas urbanas das cinco regiões do País.