LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Parte das obras de construção da Arena Pantanal e do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) foi embargada pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), após fiscalização realizada por auditores do Projeto Construção, coordenado pelo auditor Marcos Vinícius Crepaldi de Almeida Barros.
Ao
MidiaNews, Crepaldi explicou que, nas duas construções, os problemas apresentados estão relacionados à falta de proteção coletiva, o que colocava em risco a segurança dos trabalhadores.
No caso da Arena Pantanal, os problemas foram detectados pelos fiscais durante visita na última quinta-feira (3) e a obra teve três setores (níveis) das arquibancadas Norte, Leste e Sul embargados parcialmente na sexta-feira (4).
“Verificou-se os trabalhos de instalação da cobertura e também das arquibancadas. Na cobertura não houve problemas. Mas nas arquibancadas foram verificados alguns problemas de riscos de quedas”, explicou o auditor.

"Eles podem trabalhar para regularizar os problemas, com trabalhadores ancorados devidamente para instalação de guarda-corpo, por exemplo. Mas os trabalhos normais não podem ser desenvolvidos"
Segundo ele, a proteção final do parapeito onde os torcedores ficarão futuramente será feito de vidro, mas até o momento a beirada estava aberta, sem contar com proteção alguma contra a queda dos trabalhadores.
“Ou coloca a proteção definitiva, atendendo a uma série de procedimentos para instalar essa proteção, ou faz a instalação de um fechamento provisório para proteger o trabalhador. Porque ali, desde o primeiro nível, já supera 2 metros de altura. Então, o risco é alto de alguém cair e sofrer uma lesão grave”, disse.
De acordo com o coordenador, outras duas irregularidades foram encontradas, sendo uma também nas arquibancadas, que apresentavam alguns vãos que precisavam ser tampados, ainda que provisoriamente, e alguns acessos de elevadores que não possuíam proteção contra queda.
“Eles podem trabalhar para regularizar os problemas, com trabalhadores ancorados devidamente para instalação de guarda-corpo, por exemplo. Mas os trabalhos normais não podem ser desenvolvidos”, disse.
Crepaldi salientou que não foi dado prazo algum para que a Construtora Mendes Júnior, responsável pela execução da obra da Arena Pantanal, regularizasse os problemas encontrados.
“Tudo depende apenas da empresa. Se hoje de manhã ela falar que está tudo regularizado, nós vamos até lá e, constatado que está tudo certo, levantamos a obra. Imaginamos que eles devem protocolar tudo ainda hoje, porque eles estão com cronograma apertado e há visitas agendadas nessa obra”, afirmou.
Nesta terça-feira (8), o secretário-geral da Federação Internacional de Futebol (Fifa), Jerôme Valcke, irá vistoriar o canteiro de obras da Arena Pantanal, acompanhado dos ex-jogadores Ronaldo e Bebeto, membros do Conselho de Administração do Comitê Organizador Local (COL) e do ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
Além disso, na próxima quinta-feira (10), 40 técnicos do COL e da Fifa irão visitar a obra para “testar” 14 áreas diferentes do complexo.
VLT
Edson Rodrigues/Secopa
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VLT: construção de ponte sobre o Rio Cuiabá também foi parcialmente embargada
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As obras de construção de uma ponte paralela à Ponte Júlio Müller, que liga a Avenida XV de Novembro (Cuiabá) à Avenida da FEB (Várzea Grande), que integra o pacote de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Grande Cuiabá também foram embargadas pelos fiscais da Superintendência do Trabalho.
“Ali foram detectados dois problemas, um nos trabalhos realizados nos tubulões de ar comprimido, que ainda não foi regularizado, e outro na passarela construída por eles para trabalhar, que estava sem alguns projetos que garantissem a estabilidade dela”, disse Crepaldi.
De acordo com o coordenador, os embargos foram realizados no dia 18 de setembro e, na última sexta-feira (4), os problemas que impediam o uso da passarela foram resolvidos pelo Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, responsável pela execução da obra. Imediatamente, essa parte foi liberada pelo SRTE.
Já os problemas encontrados nos tubulões de ar comprimidos demandam mais tempo para serem sanados, segundo o auditor.
Ele explicou que o trabalho no local é realizado em condições hiperbáricas e, por isso, é preciso que atenda a alguns requisitos especiais, como a presença permanente de um médico no canteiro de obras, especificação e obediência dos trabalhadores ao tempo de compressão e descompressão e presença de uma câmara de descompressão próximo aos tubulões.
“Se não houver uma câmara de descompressão para eventualmente tratar uma doença compressiva que ele tenha adquiro, é perigoso. Isso é gravíssimo, porque o empregado submetido a pressão e não tiver tudo certo, pode ter uma embolia pulmonar, por exemplo”, afirmou.
Outro ladoO
MidiaNews entrou em contato com a Construtora Mendes Júnior, responsável pelas obras da Arena Pantanal, e com o Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, responsável pela execução das obras do VLT.
Por meio de nota, o Consórcio VLT afirmou que " tomou todas as providências solicitadas pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso (SRTE/MT) para a realização das atividades para a construção da ponte Júlio Muller".
Segundo o consórcio, "os trabalhos foram retomados na semana passada com os serviços de concretagem, execução dos pilares e vigas em concreto e nos próximos dias as atividades serão realizadas em sua totalidade".
A Construtora Mendes Júnior, por sua vez, não se posicionou sobre o assunto.