LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Donos de empresas que prestaram serviços de remoção de entulho na obra de reforma e ampliação do Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande, prometem fazer um grande protesto no canteiro de obras na próxima segunda-feira (21), caso não recebam pelos serviços prestados ao Consórcio Marechal Rondon, responsável pela obra.
Eles reclamam que não receberam pagamento pelos serviços prestados de remoção de entulhos do canteiro de obras, desde junho deste ano.
O consórcio, formado pelas empresas Engeglobal Construções Ltda., Farol Empreendimento e Multimetal Engenharia, venceu a licitação realizada pelo Governo do Estado para realização da obra, com a proposta de R$ 77,2 milhões.
Segundo os empresários Armando Gregório Silva e Giovani Dutra Gomes, representantes da GD Gomes Transportes, eles foram contratados diretamente pela Engeglobal para fazer o recolhimento do entulho do pavilhão de embarque, e o serviço foi iniciado em 5 de junho deste ano.

"Eles ameaçavam diretamente de enrolar ainda mais. Falavam que iam pagar quem estivesse trabalhando e que quem parasse não ia receber"
“A medição, que devia ter sido feita no final de junho, foi feita apenas em 29 de julho, quando já deveriam estar fechando a segunda medição. O valor do serviço foi de R$ 25 mil, mas, como estavam nos enrolando, começamos a pegar óleo diesel como forma de pagamento”, explicou Gomes.
Os empresários explicaram que, mesmo aceitando o pagamento em forma de combustível, a empresa ficou com uma dívida de R$ 8.293,72, referente ao mês de junho – que, até hoje, não foi quitada.
Ainda assim, a empresa continuou prestando serviços na obra, segundo Silva, por ameaças de que, caso fizessem publicidade do assunto ou parassem de trabalhar, o pagamento “demoraria ainda mais para sair”.
“Eles ameaçavam diretamente de enrolar ainda mais. Falavam que iam pagar quem estivesse trabalhando e que quem parasse não ia receber”, afirmou.
“Além disso, ameaçam de sair ‘queimando’ a gente para os engenheiros de outras obras, para não arranjarmos emprego em lugar nenhum”, completou Dutra.
A medição dos serviços prestados em julho foi feita apenas no dia 10 de setembro, segundo os empresário, somando R$ 4.580,00 à dívida da Engeglobal com a empresa.
“Daí, a partir do mês de agosto, nós não trabalhamos mais. Temos funcionários para pagar, além de pessoas de quem sublocamos mais caminhões para trabalhar na obra”, disse Dutra.
Jeine Heliodoro dos Santos, dono da empresa Santos Terraplanagem, afirmou que passa pela mesma situação. Ele também prestou serviços de remoção de entulhos na obra com cinco caminhões, no mês de julho. A dívida da empresa para com ele soma R$ 9.825,07.

"Quando você procura o dono da empresa e os funcionários do setor financeiro, a resposta é sempre a mesma: que a Infraero não fez o repasse dos recursos e que eles não tem como nos pagar"
“Quando você procura o dono da empresa e os funcionários do setor financeiro, a resposta é sempre a mesma: que a Infraero não fez o repasse dos recursos e que eles não tem como nos pagar”, afirmou.
ProtestoSegundo os empresários, 18 caminhões prestaram serviço na obra e, caso o pagamento não seja feito até essa sexta-feira (18), eles irão encher os veículos de entulho e “trancar” o aeroporto, na próxima segunda-feira de manhã.
“Vamos encher os 18 caminhões de entulho e vamos jogar tudo lá na obra. Se não pagarem, vamos devolver o que é deles. Eles dizem que a Infraero não faz o repasse, então vamos ‘trancar’ o aeroporto”, afirmou Dutra.
O grupo não descarta a possibilidade de acionar a empresa na Justiça por lucros cessantes e danos morais, caso um acordo com a empresa não seja fechado.
Essa não é a primeira vez que a Engeglobal é acusada de não pagar por serviços terceirizados.
Em setembro deste ano, o empresário Jailson da Silva Barbosa procurou o
MidiaNews para denunciar o não recebimento de R$ 15 mil por mais de 70 dias, na ocasião. Depois da reportagem, o pagamento foi feito, segundo Barbosa.
A obra
As obras de ampliação e reforma do aeroporto tiveram início em dezembro de 2012 e são consideradas essenciais para a realização do Mundial de 2014 na Capital.
A previsão dada no início da semana pela Superintendência do aeroporto é de que todos os trabalhos sejam concluídos até abril de 2014.

"Vamos encher os 18 caminhões de entulho e vamos jogar tudo lá na obra. Se não pagarem, vamos devolver o que é deles. "
Com a ampliação, o terminal deverá dobrar a sua área atual (passando dos atuais 5,46 mil m² para 13,2 mil m²), bem como sua capacidade anual, que deverá subir de 2,5 milhões para 5,7 milhões de passageiros por ano.
Com a conclusão da obra, o aeroporto que atende à Capital irá ganhar pontes de embarque e passará por obras de adequação das vias de serviço da área restrita, além de instalação de novas sinalizações horizontais, no pátio de aeronaves.
O projeto também prevê a execução de reforma, adequação e ampliação do acesso viário, bem como a expansão do estacionamento de veículos.
As intervenções no aeroporto ainda preveem a ampliação da Central de Utilidades e a construção de uma nova área de equipamentos de rampa, além de ampliação dos sistemas de infraestrutura básica (redes de energia elétrica, água, esgotos sanitários, águas pluviais e telecomunicações).
Outro ladoO
MidiaNews tentou contato com a Engeglobal por telefone, mas, até a edição desta matéria, ninguém atendeu às ligações para se posicionar sobre o assunto.
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