Mesmo com atraso, Governo já pensa em ampliar o VLT

O governador Silval Barbosa (PMDB) admitiu, na semana passada, que, mesmo com as obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) sem prazo final de conclusão definido, já pensa na ampliação da malha ferroviária para regiões mais distantes da Capital.

O governador espera conseguir recursos do PAC Mobilidade Urbana, que oferece às capitais a chance de concorrer por recursos do Governo Federal para executar projetos de transporte de massa.

A declaração foi feita durante inauguração de obras de mobilidade na região do Coxipó, na quinta-feira (31) (leia mais AQUI).

Silval, que recentemente reconheceu a impossibilidade de concluir as obras do metrô de superfície até março de 2014 – como previa o contrato firmado em 2012 com o Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande –, informou que irá buscar recursos junto à União para que o novo modal de transporte coletivo atenda aos moradores de regiões periféricas da cidade.

“A presidente Dilma [Rousseff] está para lançar um programa de investimento para mobilidade urbana. Deve aparecer dinheiro para ampliação de projetos. E, se houver dinheiro a fundo perdido, eu vou buscar para nós ampliarmos o VLT, para estender [a malha] até o Pedra 90, CPA, Avenida dos Trabalhadores. Se houver recursos ou mesmo melhorias para fazer, nós vamos fazer”, disse.

Silval observou que o Estado previu a situação de caos que hoje já predomina nos grandes centros urbanos e se antecipou, ao planejar a implantação do VLT na Grande Cuiabá, em 2010.

“O trânsito nas grandes cidades está um caos. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Porto Alegre, todas as grandes cidades estão congestionadas. E elas estão achando meios de urgência para fazer investimentos para fazer transporte de massa moderno. Estão fazendo hoje. Nós pensamos nisso em 2010. E licitamos para que, quando eles começarem, nós já estaremos entregando parte”, afirmou.

O governador salientou que, apesar do Eixo 1 do VLT (Aeroporto-CPA) ser o prioritário até o Mundial de 2014, há muitas etapas da obra – até mesmo da 2ª linha (Coxipó-Centro) que podem ser executados nos próximos meses, pois independem do período chuvoso.

É o caso, segundo ele, das obras de arte, dos terminais e das estações do modal.

“Eu quero crer que nós vamos ter, se não tudo pronto até a Copa, parte desse projeto totalmente executada. Não vamos ficar fixos de terminar uma linha ou outra. Temos o compromisso de entregar a obra completa”, disse.

"Eu quero crer que nós vamos ter, se não tudo pronto até a Copa, parte desse projeto totalmente executada. Não vamos ficar fixos de terminar uma linha ou outra. Temos o compromisso de entregar a obra completa"

Atraso

Silval admitiu que as obras do VLT estão atrasadas e que já discute junto ao consórcio a realização de reajuste do cronograma.

Ele afirmou que vários fatores culminaram no atraso da obra, sendo um deles a adoção do Regime Diferenciado de Contratação (RDC) integrado – o primeiro desse tipo do Brasil – que prevê que a empresa vencedora é também responsável pelo cálculo dos valores da obra e elaboração do projeto executivo da obra.

O governador criticou, ainda, a falta de “memória” das prefeituras de Várzea Grande e Cuiabá, quanto aos projetos de saneamento, redes de esgoto e drenagem nas duas cidade.

O mesmo problema ocorre com as concessionárias de energia elétrica, fibra óptica e telefonia, que não tinham guardado os desenhos de suas redes subterrâneas.

“Foram executados 95% do projeto [executivo]. Só que, na execução, nós vamos encontrando as dificuldades: interferência de rede de esgoto, rede de água, fibra óptica, telefonia, energia. Você depende das concessionárias. Eles dão prazos de 30, 40 dias e nem sempre é possível concluir nesse tempo e nós ficamos dependentes disso”, disse.

Ele lembrou, ainda, que problemas encontrados na realização das desapropriações também fizeram com que algumas fases da obra “empacassem”.

“As desapropriações, em sua maioria, foram feitas de maneira amigável. Mas, boa parte demanda decisões judiciais, de ver qual o direito de quem tem [posse do imóvel] e a necessidade do Estado, previsto no decreto de utilidade pública, em toda essa extensão [do VLT]. Então, tudo isso consome tempo e acaba extrapolando o prazo de execução dessa obra, que é março de 2014. Agora, nós vamos ajustar um novo cronograma com a empresa”, afirmou.