O advogado Fernando Henrique Ferreira Nogueira, em nota enviada à redação, alegou que um dos alvos da Operação Zaqueus, Walter de Souza Júnior, usou seu nome indevidamente para tentar se livrar dos crimes dos quais é acusado.
Walter Júnior é funcionário da empresa Caramuru Alimentos S/A e teria atuado no esquema que consistiu, em tese, no pagamento de propina de R$ 1,8 milhão a três agentes de tributos para diminuir uma dívida tributária da empresa de R$ 65 milhões para R$ 315 mil.
Em depoimento, Walter confirmou o esquema e confessou que ele próprio se beneficiou da propina. Ele também afirmou que Fernando Nogueira teria o orientado a colocar a culpa dos crimes no ex-secretário de Estado Pedro Nadaf, que já é alvo de ações penais por esquemas na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
“No claro intuito de livrar-se de inúmeros crimes a ele imputados (ou confessados) e deixar de ser preso preventivamente, optou criminosamente (neste ponto) em induzir a erro a investigação e os respectivos magistrados preventos, uma vez que jamais expressei, direta ou indiretamente, qualquer tipo de orientação jurídica no sentido de imputar a terceiros inocentes a prática de crime, contravenção penal ou conduta fictícia, haja vista que sempre pautei minha advocacia pela ética, verdade, zelo e busca pela Justiça”, disse o advogado.
Fernando Nogueira ressaltou que o próprio delator da operação, o advogado Themystocles Figueiredo, deixou claro que foi outro advogado quem teria feito a orientação jurídica de Walter Júnior.
“Nesse sentido, quero expressar minha indignação como profissional e cidadão, sem prejuízo de tomar todas as medidas jurídicas (criminais e cíveis) aplicáveis ao caso”, adiantou.
Entenda o caso
A operação Zaqueus foi deflagrada no início do mês pela Delegacia Fazendária (Defaz).
De acordo com as investigações da Defaz, os agentes de tributos André Fantoni, Alfredo Menezes e Farley Moutinho receberam propina de R$ 1,8 milhão para reduzir a aplicação de uma multa à empresa Caramuru Alimentos S/A de R$ 65,9 milhões para R$ 315,9 mil.
O esquema chegou ao conhecimento dos investigadores após o advogado Themystocles Figueiredo, “contratado” para lavar o dinheiro da propina, procurar as autoridades competentes para negociar uma delação premiada.
Na Defaz, o advogado afirmou ter tido medo de ver seu nome envolvido numa investigação após conhecer, por meio da imprensa, outra denúncia envolvendo a Caramuru Alimentos S/A.
A delação de Themystocles acabou confirmada, posteriormente, pelos depoimentos de Walter de Souza Júnior e Alberto Borges de Souza, respectivamente, representante titular e presidente da Caramuru Alimentos S/A.
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