A esposa do servidor do Tribunal de Justiça Mauro Ferreira Filho, suspeito de participar de um esquema que pode ter dado um prejuízo de R$ 21 milhões ao Judiciário, movimentou em sua conta bancária R$ 1.799.250,00 entre outubro de 2021 e setembro de 2022.
A informação sobre as movimentação de Marcia Ferreira Costa consta na decisão do juiz das garantias Moacir Tortato, que autorizou a Operação Sepulcro Caiado, da Polícia Civil, na quarta-feira (30).
A ação investigou um esquema de ajuizamentos de execuções de dívidas inexistentes no Judiciário de Mato Grosso.
Marcia faleceu em maio de 2023, mas teve bens – ainda em seu nome - sequestrados e o sigilo telemático de suas contas quebrado para fins de instrução do processo que investiga desvio de valores judiciais.
“Embora a morte gere a extinção de sua punibilidade, os dados telemáticos vinculados às suas contas permanecem relevantes para a instrução do feito”, disse o juiz ao justificar as medidas.
Ao citar a movimentação dos quase R$ 1,8 milhão, o juiz aponta que Marcia recebeu R$ 342.972,42 da empresa RV Empresa de Cobrança Ltda. e outros R$ 10 mil transferidos para o empresário João Gustavo Ricci Volpato, investigado e preso na operação. Ele é apontado como figura central do suposto esquema.
Além disso, repassou R$ 18.075 ao seu marido, Mauro Ferreira Filho.
“O que evidencia sua inserção no circuito financeiro da fraude e o seu papel de interposta no esquema de lavagem e dissimulação de ativos”, escreveu o juiz.
A RV tem como donos o empresário João Gustavo, a mãe Luiza Rios Ricci Volpato e o espólio do pai, falecido em 2012, Luiz Volpato Neto.
Mauro é o único dos 11 alvos que de mandados de prisão que ainda não foi encontrado. Ele é considerado foragido da Justiça.
Veja fac-símile da decisão:
Alvos
A Operação Sepulcro Caiado investiga um grupo que teria atuado por anos manipulando registros da conta de depósitos judiciais, com o objetivo de viabilizar saques indevidos, transferências simuladas e fraudes documentais, causando prejuízos aos cofres públicos e às partes envolvidas em processos judiciais.
Segundo a Polícia, há anos o grupo realiza “práticas delituosas” como o ajuizamento de ações de execução baseadas em documentos falsos.
Para isso faziam inserção de procurações falsas, mediante as quais se conferiam poderes a advogados não contratados pelas vítimas; apresentação de comprovantes de pagamento forjados com o objetivo de induzir o juízo em erro; confecção, por servidores vinculados ao Tribunal de Justiça, de planilhas simulando depósitos realizados na Conta Única; obtenção indevida de alvarás judiciais sem lastro financeiro verdadeiro, permitindo o levantamento de valores em prejuízo ao erário.
Tiveram mandados de prisão expedidos: Wagner Vasconcelos de Moraes, Melissa França Praeiro Vasconcelos de Moraes, Rodrigo Moreira Marinho, Themis Lessa da Silva, Miguel da Costa Neto, Régis Poderoso de Souza e Denise Alonso; o servidor Mauro Ferreira Filho; e os empresários Luiza Rios Ricci Volpato e Augusto Frederico Ricci Volpato.
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1 Comentário(s).
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Celio Ferreira 04.08.25 09h13 | ||||
Parabéns pelo excelente trabalho da polícia,ao nobre magistrado, que autorizou as investigações e o cumprimento dos mandados ... | ||||
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