O empresário André Maggi afirmou, em depoimento à Justiça, que não sabia qual era a origem do dinheiro que recebeu na venda de um imóvel de R$ 13 milhões, localizado na Avenida Beira Rio, em Cuiabá.
A declaração foi dada em audiência que ocorre na tarde desta terça-feira (16), no Fórum de Cuiabá.
Filho do ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), André Maggi contou que era dono de 1/3 da área da terra e que a negociação foi feita diretamente com o arquiteto José da Costa Marques, delator do esquema investigado na Operação Sodoma 2.
“Quem entregou o dinheiro foi o arquiteto. Nunca procurei saber a origem dos depósitos”, disse ele à juíza Selma Arruda, da Vara Contra o Crime Organizado da Capital.
Segundo as investigações, o dinheiro utilizado para a compra do terreno foi adquirido por meio de um esquema que exigia propina de empresários em troca da concessão e manutenção de contratos com o Estado.
Apesar de o terreno ter sido adquirido por meio da empresa Matrix Sat, o Ministério Público Estadual (MPE) apurou que o verdadeiro comprador foi o ex-secretário de Estado de Administração, César Zílio – que confessou o crime – e admitiu que usou o arquiteto como “laranja”.
Também possuía parte no terreno, segundo ele, seu primo Samuel Maggi e os empresários Gustavo Bongiolo, Paulo Gasparotto e Mário Pirondi.
Samuel Maggi e Paulo Gasparotto também prestaram depoimento à magistrada. Ambos confirmaram a versão de André Maggi e disseram que não tinham conhecimento da origem ilícita do dinheiro utilizado para a compra da área de terra.
Confira a audiência em tempo real:
Empresário André Maggi fala da venda do terreno (atualizada às 17h20)
O empresário André Maggi, filho do ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), disse que era dono de 1/3 do terreno vendido a Cesar Zílio.
Ele afirmou que, junto com seus sócios, vendeu a área de terra para a empresa Matrix Sat. André disse que a oferta de compra foi feita ao seu primo, o também empresário Samuel Maggi.
“Um corretor fez uma proposta e nós a vendemos. Eu vendi para uma empresa chamada Matrix. Só tive contato com o arquiteto José da Costa. Eu o conheci durante a fase de estabelecimento de contrato”.
“A compra foi feita parcelada. Houve alguns atrasos no pagamento, mas foram feitos corretamente”.
Informação descoberta pela imprensa (atualizada às 17h24)
O filho de Blairo Maggi disse que só ficou sabendo que o verdadeiro comprador era César Zílio por meio de notícias na imprensa.
"Eu sei o que a mídia fala, que quem foi o comprador dessa área era alguem que agiu com dinheiro ilícito. Quando nós éramo donos de fato, não tinha débito de IPTU, mas parece que agora tem".
A defesa do procurador aposentado Chico Lima questionou se André Maggi sabia que a escritura seria passada a Cesar Zílio. O empresário respondeu que não e afirmou que só conhece o ex-secretário de Administração pela imprensa, pois no contrato estava estabelecido que a área seria passada para a Matrix Sat.
André Maggi contou que comprou sua parte no terreno por R$ 400 mil e a vendeu por R$ 1 milhão. O depoimento foi encerrado.
Samuel Maggi diz que recebeu R$ 1,3 milhão (atualizada às 17h42)
O empresário Samuel Maggi Locks, sobrinho de Blairo Maggi, corroborou a versão de seu primo. Ele disse que a empresa Matrix Sat, do arquiteto José da Costa Marques, sempre cumpriu com as obrigações em relação aos pagamentos das parcelas do terreno.
"Quase no fim do pagamento fizemos um Termo de Posse com o José Costa Marques porque estava tendo muito problema na área, com invasões, queimadas. Eu fiquei sabendo dessa questão de propina pela imprensa. Eu recebia as parcelas em cheque e em dinheiro".
Ele disse que recebeu um total de R$ 1,3 milhão na negociação, sendo que R$ 400 mil foram pagos em cheques.
Documentos entregues à Polícia (atualizada às 17h47)
Samuel Maggi relatou que entregou todos os extratos dos depósitos à Polícia para a apuração do caso.
"O contrato de compra e venda foi muito bem elaborado. Porque se o comprador deixasse de pagar as parcelas, acresceria multa, e a área só seria passada ao término do pagamento. Se a outra parte desistisse havia multa também. Nunca, em nenhum momento, falaram que por trás da Matriz Sat havia outra pessoa comprando a área".
"Nunca me disseram que, após o termino do pagamento, o verdadeiro comprador da área apareceria. Assinamos o contrato com a Matriz e para a gente era ela a compradora".
O depoimento de Samuel Maggi foi encerrado.
Paulo Gasparotto fala sobre a negociação (atualizada às 18h08)
Marcus Mesquita/MidiaNews
O empresário Paulo Gasparotto, que prestou depoimento à juíza
O vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL), Paulo Gasparotto, disse que recebeu a proposta de um corretor chamado Ricardo para vender o imóvel. O corretor, segundo ele, disse que já havia oferecido a proposta aos demais proprietários do terreno.
"O processo não foi feito do dia para a noite. Fizemos o acerto de valores e depois apareceu a compradora, a Matrix".
"Eu fiz uma consulta sobre a Matrix Sat para saber se tinha débito de algo e não encontrei nada. Eles pagaram a entrada, no segundo pagamento houve atraso, mas todos os pagamentos foram efetuados".
Segundo Gasparotto, o arquiteto José da Costa Marques disse que estava comprando o terreno para construir um shopping.
"Ele falou que fazia parte de um grupo, mas não mencionou qual o banco, não forneceu as origens do pagamentos e também não sabia a origem dos cheques. Recebi mais de R$ 1 milhão em espécie. O resto em cheques, dados em várias parcelas".
Negociação deu problemas (atualizada às 18h22)
De acordo com o empresário, a transação acabou trazendo problemas para a sua empresa, a Carisma Investimentos.
"Os débitos de IPTU nao foram pagos e minha empresa aparece como devedora".
Assim como os demais empresários, Paulo Gasparotto disse que não sabia que o dinheiro usado para a compra do imóvel era oriundo de propina.
"Eu quero deixar claro que passei todas as informações referente a essa area à Defaz [Delegacia Fazendária]:os extratos de pagamentos, contratos, tudo. Nunca desconfiei que a área poderia ser comprada com dinheiro de propina, só tive conhecimento através da imprensa".
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