Cuiabá, Sábado, 2 de Agosto de 2025
VOO 1907
04.06.2024 | 15h15 Tamanho do texto A- A+

Juiz aponta falta de colaboração dos EUA e livra pilotos de pena

Joseph Lapore e Jan Paul Paladino nunca foram presos pela tragédia ocorrida nos céus de Mato Grosso

Divulgação/FAB

Destroços do Boeing 737-800 da Gol

Destroços do Boeing 737-800 da Gol

THAIZA ASSUNÇÃO
DA REDAÇÃO

A Justiça Federal em Sinop declarou extinta as penas dos pilotos norte-americanos Joseph Lapore e Jan Paul Paladino pelo acidente aéreo que matou 154 pessoas em Peixoto de Azevedo (a 692 km de Cuiabá), em 2006.

 

A decisão é assinada pelo juiz André Perico Ramires dos Santos, da 1ª Vara Federal de Sinop, que reconheceu a prescrição da pretensão executória estatal. Na mesma decisão, o magistrado revogou os mandados de prisões contra os pilotos, que nunca foram presos pela tragédia.

 

Olhando-se para cadência de eventos acima relatada, observa-se que foram realmente esgotadas, ao longo dos anos, todas as vias possíveis para cumprimento da pena

Joseph e Jan pilotavam um jato Legacy que se chocou em pleno voo com um Boeing 737-800 da Gol, no final da tarde do dia 29 de setembro de 2006.

 

Eles foram condenados  em 2011 a três anos, um mês e 10 dias de prisão pelo crime de atentado contra a segurança de transporte aéreo na modalidade culposa.

 

O processo judicial transitou em julgado em 2015 e em 2017 a Justiça Federal em Sinop determinou a prisão dos dois.

 

Na decisão, o juiz afirmou que foi feito tudo que era possível para o cumprimento das penas, mas os Estados Unidos se recusaram a colaborar com o Brasil, alegando “não possuir mecanismos nem jurisdição para engajar o governo para aplicar a sentença brasileira”.

 

“Olhando-se para cadência de eventos acima relatada, observa-se que foram realmente esgotadas, ao longo dos anos, todas as vias possíveis para cumprimento da pena, tendo o Poder Judiciário atuado diligentemente na análise dos pedidos formulados pelas partes e na adoção das medidas que estavam ao alcance para concretizar o cumprimento da pena”, escreveu.

 

“Tentou-se até mesmo medida alternativa que possibilitasse aos apenados o cumprimento voluntário da pena, em regime e condições alternativas no próprio país de origem. No entanto, mesmo cientes da via aberta pelo judiciário brasileiro, os apenados recalcitraram em cumprir a pena de forma espontânea, negando-se a iniciar o cumprimento no país de origem ou no Brasil, o que colocou, assim, uma barreira que se mostrou intransponível às autoridades brasileiras, especialmente diante da inexistência de colaboração dos Estados Unidos”, acrescentou.

 

O juiz frisou que embora não tenha ocorrido inércia estatal no caso, o prazo prescricional correu normalmente, de modo que já transcorreram mais de oito anos desde o trânsito julgado das penas, em 2015.

 

“Diante do exposto, com fundamento no artigo 66, inciso II, da Lei de Execução Penal, e artigos 109, inciso IV, 110 e 117 do Código Penal, declaro extinta a punibilidade de Jan Paul Paladino e Joseph Lapore e Jan Paul Paladino, em virtude da prescrição da pretensão executória estatal . Por consequência, revogo os mandados de prisão expedido em desfavor dos réus e determino a inserção da ordem no BNMP 2.0.”, decidiu.

 

A tragédia

 

Corpo de Bombeiros

Voo 1907

Destroços do Boeing 737-800 da Gol

A tragédia aconteceu quando o winglet - pequena estrutura instalada perpendicularmente na ponta da asa - do Legacy atingiu a parte de baixo da asa do avião da Gol, causando sua ruptura e perda de controle, o que levou à desintegração da aeronave ainda no ar. 

 

O avião da Gol fazia o voo 1907 e havia saído de Manaus (AM) com destino final a cidade do Rio de Janeiro (RJ).

 

Já o jatinho havia saído de São José dos Campos (SP), faria uma parada em Manaus e, depois, seguiria para os Estados Unidos.  

 

Por volta de 21h, a Gol informou em nota o desaparecimento do Boeing. Naquele momento, a causa ainda era desconhecida.

 

Análises foram feitas e horas depois, houve a confirmação da queda do avião devido o choque com o jato.

 

Em seguida, a Força Aérea Brasileira (FAB) e o Corpo de Bombeiros iniciaram as buscas pelas vítimas do acidente.

 

Devido ao difícil acesso ao local onde a queda aconteceu, uma área de mata fechada, só na manhã do dia seguinte, 30 de setembro, os militares conseguiram encontrar os destroços do avião e os corpos começaram a ser resgatados.

 

As duas caixas-pretas do Boeing da Gol foram encontrados dois dias depois, 2 de outubro, e confirmaram a colisão com o jato Legacy.

 

O trabalho de resgate durou cerca de 50 dias e envolveu mais de 800 pessoas, entre militares e voluntários.

 

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dijalma borges  05.06.24 09h11
Tenho boa certeza, 2 coisas, as consciências destes dois pilotos não devem estar de bom calibre. Ainda bem que creio que haverá o dia do Juizo que prestarão contas. Por isto que não acredito que aqui nesta terra se paga, ora, foram 154 mortos. E justiça fraca, deu só 3 anos e poucos dias de cadeia.
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