O Supremo Tribunal Federal (STF) negou a soltar cirurgiã-dentista Mara Kenia Dier Lucas, condenada a 21 anos de prisão por tráfico de drogas e associação para o tráfico. A decisão foi assinada pela ministra Cármen Lúcia e publicada nesta sexta-feira (26).
Mara Kenia está presa desde maio de 2024, após ser alvo da Operação Escamotes, deflagrada pela Polícia Federal contra um esquema de tráfico de drogas e armas em Mato Grosso e outros Estados.
Ela é esposa do empresário Flávio Henrique Lucas, apontado como líder da organização criminosa, que também está preso.
A defesa entrou com habeas corpus contra decisão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que manteve a prisão de Mara no último dia 15.
Os advogados alegam que a sentença condenatório não detalhou individualmente os fatos pelos quais a cirurgiã-dentista foi condenada, nem explicou quais provas fundamentaram cada condenação, questionando a aplicação da pena em casos de concurso de crimes ou continuidade delitiva, e sustentando que ela deveria ter o direito de recorrer em liberdade enquanto tramita a apelação.
Na decisão, a ministra Cármen Lúcia destacou que os elementos jurídicos apresentados “não autorizam o prosseguimento desta ação no Supremo Tribunal Federal” e que a alegada nulidade da sentença “não foi debatida no Superior Tribunal de Justiça nem no Tribunal de Justiça de Mato Grosso”.
A ministra observou que “em casos excepcionais, fora do ordinário, é possível superar esse impedimento jurisprudencial. Essa situação ocorre quando há flagrante ilegalidade ou violação de princípios constitucionais ou legais na decisão questionada, o que não se verifica neste caso”.
Ela acrescentou que “sem entrar no mérito da causa, é importante destacar que, mesmo que houvesse alguma nulidade na sentença, isso não seria suficiente para revogar a prisão preventiva já decretada, cujos fundamentos foram considerados válidos pelas instâncias anteriores e não são contestados neste habeas corpus”.
O esquema
Ao todo foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva, expedidos pela Justiça Estadual de Mato Grosso.
As ações foram cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande, Vitória da Conquista (BA) e Hidrolândia (GO).
As averiguações tiveram início em agosto de 2023, durante a prisão em flagrante de uma pessoa transportando cerca de 40 quilos de entorpecentes em um fundo falso de um veículo. As investigações foram aprofundadas, fazendo com que a polícia chegasse aos supostos líderes.
Estima-se que o grupo tenha transportado toneladas de entorpecentes e diversas unidades de armas de fogo de uso permitido e restrito para outros estados da federação.
A Operação Escamotes contou com aproximadamente 50 policiais federais e oito membros do Gaeco de Mato Grosso.
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