No futuro quando os historiadores, os filósofos, os sociólogos e os jornalistas forem escrever a história desta eleição presidencial de 2022, só terão um parâmetro: foi a eleição dos absurdos.
O ciclos ideológicos depois da Constituição de 1988, começaram na eleição de Tancredo Neves, como centro-direita. Seguiu-se José Sarney, também centro-direita. Collor em 1990, também de centro-direita.
Fernando Henrique Cardoso, centro-esquerda. Finalmente a esquerda, em 2002, com a eleição de Lula. Michel Temer, pós impeachment da presidente Dilma Rousseff voltou o velho MDB de centro-direita, em 2016.
Em 2018 surge o primeiro fora de parâmetros ideológicos: Jair Bolsonaro. Identificado como direita, não tem perfil ideológico claro. Ao longo da administração ganhou a classificação de extrema-direita. Na verdade, nada disso é verdade. Porque ele surgiu em 2018 no vácuo de um grande movimento chamado de anti-lulopetismo. Sua gestão foi errática quanto a ideologias.
Ao longo da sua gestão ele perdeu e ganhou simpatizantes. Quem saiu, saiu irritado radicalmente. Quem entrou, entrou irritado radicalmente. Nesse ambiente radical não cabe ideologia. Já o ex-presidente Lula, eleito em 2002 sob a bandeira da esquerda chega de novo à candidatura com simpatias de esquerdistas. Mas não é exclusividade da esquerda apoiar a sua candidatura. Ela é um mix de descontentes de todas as alas.
Nesse clima é preciso trazer para a discussão a pandemia do corona vírus de 2020 a 2022. Ela criou um ambiente completamente errático na cabeça de todos os brasileiros. Prejudicou amargamente o governo Bolsonaro e gerou simpatias e ódios profundos. O cidadão que saiu do ambiente da pandemia não é o mesmo que entrou nela e não tem um perfil. Exceto sentimentos controversos de amor e de ódio.
No aspecto de ideologia, classificar Bolsonaro de direita ou de extrema-direita não faz sentido. Classificar Lula de esquerda também não faz sentido. Ambos não tem imagem ideológica. São candidatos de si mesmo e de grupos de contentes e descontentes. Antes de mais nada, ambos extremamente raivosos. Esse é o ambiente dominante na eleição de 2022.
Por isso não se pode classificá-los de direita ou de esquerda, por que não se enquadram dentro dos perfis clássicos dessas duas ideologias. Nenhum dos dois tem uma programação de governo para o período 2023-2026. Lula resgata o passado de 2002 a 2010 quando governou. Bolsonaro resgata o seu período gestão de 2018 a 2022.
Direita é um conceito filosófico que pressupõe mercado e uma doutrina filosófica e econômica. Não é o caso de Bolsonaro. Esquerda, igualmente, é um conceito econômico e filosófico.
Não é o caso de Lula. O que está muito claro, é mesmo que esta eleição de 2022 é uma eleição do fim do mundo. A população brasileira dividida entre dois exércitos de ódio e de rancores.
Curioso, é que em nenhum momento apareceu uma preocupação legítima e realista com o futuro próximo. Pior. Nesses próximos anos o Brasil terá o melhor cenário de ser o principal ou um dos principais protagonistas mundiais.
É mesmo a eleição do fim do mundo.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.
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3 Comentário(s).
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Wilson Lobo 25.10.22 20h33 | ||||
O Brasil precisa de jornalista desse naipe de Onofre Ribeiro, que não seja, faccioso, unilateral e parcial. | ||||
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Joaquim 25.10.22 14h29 | ||||
Triste ver nossos jornalistas e colunistas envelhecendo tão mal. As direitas e esquerdas são plurais, sobretudo no Brasil. Bolsonaro se localiza mais a direita principalmente pela defesa de um discurso de moral conservadora, e com um Ministro da Economia tb com um discurso (neo)liberal, bem como nas atitudes de tentar agradar o mercado a qualquer custo. Lula tb se classifica na esquerda pelo discurso, embora nesse caso haja mais afinidades nas ações também. Querer classificar as "esquerdas" e "direitas" sobre a mesma ótica dos tempos da Revolução Francesa é no mínimo inocente, pra não dizer indecente. | ||||
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Cristiane 25.10.22 08h17 | ||||
Grande Onofre, foi a fundo na sua análise! Que bom que o futuro cenário é otimista. Esperamos que o próximo presidente tenha competência o suficiente para equilibrar nossa economia, não favorecendo só os empresários, nem só o trabalhador. | ||||
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